Em homenagem aos meus queridos ASPONES
Incrível!!! Apareceu uma mensagem do Universia Brasil com o seguinte título "Dez coisas que você NÃO deve fazer no estágio". Melhor impossível! Todos nós sabemos a importância do estágio: conhecer profissionais da área (alguns renomados), transitar por ambientes exclusivos, sentir o mercado e iniciar a carreira. Algumas vezes o estágio é ainda a porta de entrada para uma vida bem sucedida. Este que vos escreve deveria ser pós-doutor em estágio! E no meu relatório de pós-doutoramento, estará registrado em garrafais iluminuras: ESTÁGIO É BOM.. PARA QUEM CONTRATA!!! O Brasil possui regulamentações pouco claras em relação ao estágio, o que permite que organizações tenham o menor cuidado com o estagiário e muitas vezes acabem invertendo os valores: exige-se um estagiário com perfil A, competências mil (as famigeradas "multicompetências"), postura de profissional gabaritado, jogo de cintura, mas no final, pagam mal, contratam pouco (algumas empresas inclusive já vetaram a contratação de ex-estagiários nas seleções, nessas a contratação é por concurso ou por Q.I mesmo). E não falo somente quanto ao pagamento e perspectivas futuras, mas também do tratamento dado pela própria organização: estagiário é o faz-tudo, é indispensável, cobre os chefes em muitas situações, e no entanto são coadjuvantes dentro da empresa, em 99,995% dos casos. Por outro lado, as universidades, faculdades, cursos técnicos, projetos sociais, todos eles fornecem a mão-de-obra mais gabaritada em proporção inversa ao que se paga. E se por uma lado, a contratação é mínima, a procura pelos estudantes é enorme. Os motivos são muitos: desde conhecer o mercado até matar o tempo livre, ou ainda uma "forcinha" da família influente para que o filho querido não ganhe a preciosa mesada que paga a farra e as roupas sem se esforçar (muito), ou até mesmo ajudar a sustentar a familia, sustentar o curso, uma esperança de contratação (estes, então dão o sangue, os órgãos, os ossos e a alma pela empresa). O final é quase sempre o mesmo: findado o período de trabalho (de no máximo dois anos corridos), outros estagiários virão. Fica um enfeite no currículo. Eu acho ótimo... estagiei desde a 8ª semana de aula e não parei mais até dezembro do ano passado. Agora eu já estou atrás de trabalhos reais... não que a experiência de estágio tenha sido péssima, sobretudo porque conheci empresas pequenas, grandes e enormes; produções pequenas e grandes... viajei bastante, fiz algumas parcerias profissionais para uma vida (assim espero!), algumas que já mostram frutos, fiz muitos amigos (inclusive para aqueles que trabalhei)... no final o saldo é positivo, a experiência foi bacana (mas também, se não fosse... haha!). O que eu fico extremamente indignado é que ainda persiste a dissimulação nas falas e nos discursos quando se refere aos estágios e trainees. E sempre caímos naquele idioma misterioso falado por administradores e gestores... e claro, escritores e palestrantes de auto-ajuda. Sempre unilaterais, reducionistas, idiot proof, e o melhor ainda: vendem muito bem. Todos endossam uma estrutura perversa e exploradora, travestida de GRANDE oportunidade. O que podemos fazer? Esperar o tempo do estágio passar... estudar para concursos, distribuir muitos currículos, estudar muito, fazer pós e pós-pós, publicar em periódicos Qualis A e depois contratar muitos estagiários... uma hora a nossa vez chega, né???
A impressão que eu tenho é que, hoje, os tais passos propostos pelos consultores da Universia deveriam ser seguidos também pelos contratantes e orientadores de estágio... ¬¬
Siga já os conselhos de Thales (Chefe do F.M.D.O e contratador de estagiários):
1) Acomodar-se (acomodação só depois que você contratar um estagiário!)
2) Entrar de "salto alto" (mas sandália de couro, pode? Havaianas, pode? Ipanema, pode? Puma, pode?... não, vá descalço!)
3) Abusar de linguagem vulgar (seja erudito... mas se lembre que dependendo de onde você faça seu maravilhoso estágio, você pode encontrar pessoas que não sabem o que é pudico, prólogo, epílogo, acham que obséquio e séquito são antônimos, alguns acham que séquito é um tipo de biscoito, o "sequilho", outros chamam diretor de direitor e ainda não aprenderam a falar a palavra "Sprite", cunhando o pobre refrigerante de "Ispláti" - minha favorita!!!)
4) Prender-se ao estágio pela bolsa-auxílio (em geral, a bolsa auxílio costuma ser uma esmola... então se prender a algo que paga, even less que o salário "mímino", é na verdade nonsense... claro, porque aqueles que têm realmente a necessidade de trabalhar para bancar o curso ou contribuir com as despesas em casa, arranja um emprego de verdade, mesmo que não seja na área... porém, nos raros casos em que a bolsa é boa, se prender também é loucura, é estágio, não é emprego...)
5) Adotar postura inflexível (faça yöga ou pilates)
6) Ser individualista (Jamais... pense no coletivo! Aqui não tem essa de farinha pouca, meu pirão primeiro!!!)
7) Deixar o trabalho para depois (Do not procastinate, my friend! Em bom baianês, não deixa para amanhã o que se pode fazer hoje...)
8) Ter vergonha de perguntar (pergunte, pra você ver o seu...)
9) Perder tempo na internet (orkut, e-mail, MSN) - BLOG, ENTÃO, NEM PENSAR!!
10)Fugir das responsabilidades (só as suas ou as da empresa também??)
ROA PRIMEIRO O OSSO!!!! DEPOIS, VOCÊ COME O FILET MIGNÓN...
Memorando:
F.F. AN. US. ES-FIN. C. TER
0 comentários:
Postar um comentário