O que eu ando ouvindo

quinta-feira, dezembro 11, 2008

Depois do Vampire Weekend e seu afro-reggae-dub-ska-punk/electro-rock, eis que os ouvidos dos seres que ouvem músicas com mais de três gêneros (as famigeradas músicas híbridas) têm mais três amigos: Mystery Jets, Foals e os brazucas Os Azuis... deleitem-se. O interessante é observar que o que há de mais moderno hoje foi o que houve de mais obsoleto durante a década de 90 (a tal década que realmente foi futurista)... Mais do que nunca o tosco e o armengado tão hypadíssimos!!! Então, lá vai! e eu fui...

YOUNG LOVE

http://www.myspace.com/mysteryjets

CASSIUS


http://www.myspace.com/foals

NÃO ADIANTA NEGAR

http://www.myspace.com/osazuis

Compareça: I Lavagem Cultural da Biblioteca Pública do Estado da Bahia

sábado, novembro 01, 2008

Participe você também!

A Biblioteca Pública do Estado da Bahia, a primeira biblioteca pública da América Latina, inicia as comemorações de seu bicentenário realizando uma programação especial a partir desse mês com a I Lavagem da Biblioteca Pública - Um banho de conhecimento. A programação do mês da cultura e da consciência negra inclui a exposição Novembro Negro, o lançamento de uma nova identidade visual e o início de uma nova abordagem pública que está centrada na integração da rotina da comunidade baiana e soteropolitana, bem como no acolhimento aos usuários (escritores, poetas, atores, cordelistas, repentistas, e mais diversos leitores e suas respectivas necessidades).

O evento contará com as tradicionais baianas e tudo aquilo que caracteriza uma tradicional lavagem, além de grupos artísticos locais e a presença do Ylê Aiê. Aproveite e comemore o dia da cultura no mais antigo equipamento cultural público da cidade, é um direito e um privilégio! Vamos abraçar a Biblioteca e curtir good vibrations da baianidade nagô.

Fica a dica!


O quê: I Lavagem da Biblioteca Pública
Quando: 05 de novembro (Dia da Cultura)
Onde: Praça da Piedade (concentração) e Biblioteca Pública do Estado da Bahia (Barris)
Custo: R$0,00
Contato: bpebbibliotecaviva@fpc.ba.gov.br

Em tempos de diversidade cultural... II

terça-feira, outubro 21, 2008

Olá meus caros, a agência de notícias Baiano Nagô Press traz mais uma aventura (ou talvez, quem sabe, a sua mais nova desventura) de nosso querido missivista provinciano...


Na verdade seria uma série de desventuras...

Bom, a primeira aconteceu há aproximadamente uma semana. Na verdade, para narrar o acontecido, é preciso que eu volte um pouco no tempo (sim, tudo começou há um tempo atrás, na Ilha do Sol), cerca de 5 anos.

Na minha 4ª semana de aula eu comecei a estagiar em uma ONG aqui de Salvador chamada Expogeo, mais conhecida pelos seu curso de inglês e pelos congressos de meio ambiente que realiza (e que eu tive a oportunidade de trabalhar, por sinal), acompanhei uma pessoa de lá para um lançamento de uma coletânea (uma espécie de antologia poética de autores baianos, a maioria iniciante, desconhecido, ou poeta nas horas vagas), coisa que por sinal sempre acontece e, na maioria das vezes, transcorre (dentro do possível) nos limites da normalidade... i

Infelizmente, esse nao era o caso... e o pior dessas situações é que não dá para rir (eu fui na casinha umas duas vezes, abri a torneira e ri um pouco, mas não era o suficiente!!), e essa impossibilidade (acrescida pela incapacidade de se libertar da situação) nos causa uma aflição sem tamanho aumentando ainda mais as proporções do problema e a nossa sensiblidade diante do ridículo, da galhofa e da patifaria. Não sei quanto aos outros livros e seus respectivos lançamentos, mas esse me torturou por quase 2 horas, primeiro porque eu saí da faculdade e fui direto para o estágio (meu almoço? Uma água de coco, uma maçã, uma banana e o coco).

Quando deu meu horário, recebo o convite da atual diretora (ou presidente) para um "evento" com (tcharam!!!) boca livre... com a fome que eu tava, a proximidade do lugar e ainda era um lançamento de livro, estava tudo caminhando muito bem... ah, se eu soubesse... lá eu vi de tudo, desde rasgação de ceda, poetas recitando enquanto múmias dançavam flamenco, um poeta inflamado bradando que "POESIA! POESIA! POESIA! E NÃO MARESIA! MARESIA! MARESIA! QUE SERIA? QUE SERIA? QUE SERIA? EU VOU COMER POESIA! VOU VIVER POESIA"... bom, daí para as palavras de ordem, eu, que quase dormi escutando a rasgação de seda, tive a primeira amostra do quão longa e torturante seria a tal festinha estranha de gente esquisita...

O fato é que, acabado o recital (ou seja lá o que era aquilo), eu estava mais ou menos refeito e viria a minha recompensa: o bufê!!! Que foi uma lástima... paõzinho dÉlicia, refrigerante frevo e uns canapés bem sem graça... e não pense que era em qualquer lugar daqui não, era em um espaço nobre da cidade e os tais poetas pertencem ao segmento mais abastado da nossa pequena província baiana... Sei que saí de lá na revolta, e no dia em particular eu tava duro que tava uma beleza, então fui revoltado pra casa: não podia rir da situação, não curti a situação e nem comi, pronto! Uma total "perca" de tempo, como diz os povo esperto...

O fato é que fiz uma cruz, e lá não mais pisei, bem como passei a ser criterioso com os eventos que eu me meto e nos bufês que vou serrar (não sei se ainda está assim, mas se você está pelo centro da cidade e bateu aquela fome no juízo bem no finalzinho da tarde, dê um pulo na Caixa Cultural porque sempre tem um coquetel bacana, tem o ICBA/Goethe Institut e até mesmo, a reitoria da UFBA).
Passaram os anos e eis que lá vou eu acompanhar dois amigos que iam resolver um pepino lá com um certo editor de livros baianos, esclarecer alguns pontos em um livro que em breve será lançado. Fui sem suspeitar para onde iria (garanto!). Ao chegar lá, me lembrei do que aconteceu.
A coisa ia cair na surrealidade (dessa vez eu pelo menos teria testemunhas!!! Isso já é bom!).

A gente já chega com uma pessoa parada com um quadro nas mãos, por um tempo... já olhei e quis rir. Ouvi um "podem entrar, aqui todos são bem-vindos, a poesia chama...". Pronto e a viagem começou... Lá estava eu entre as múmias, um pesadelo vivo...

O pior aconteceu quando as pessoas foram se apresentar: um mulher que estava sentada próxima a mim foi a primeira: era a primeira reunião que ela participava e ela se dizia "emocionada e grata com a energia de amor que a guiou, que por muito ela resistiu, que mesmo naquele dia ela relutou bastante, mas estava ali para sentir e compartilhar sentimentos". Quando inquerida sobre o nome dela, eis que ela investida de sabedoria e compaixão nos brindou com a pérola de uma vida: "Eu tenho três nomes... o primeiro é Mariza Von Berg (troquei o nome para preservar), mas eu também tenho outros dois nomes... isso porque um dia da minha vida, andando pela rua, eis que eu conheci o Amor, e eu gostei tanto dele, me tocou tanto, que eu resolvi me casar com o amor, e estou casada até hoje, e por isso eu assino 'Mariza Amor'

nota do blogueiro: a essa altura eu já tinha mordido a língua e já estava mordendo os lábios, não dava para rir, saiam alguns "he-he" que eu não conseguia conter, a respiração ficou difícil e até suar eu suei!

Continuando: "Mas eu ainda tenho outro nome, eu também, andando pela vida - e depois de meu casamento com o amor - eu encontrei Felicidade... e gostei tanto que me casei com Felicidade também"

nota do blogueiro 2: tudo bem, a uma altura dessas eu já estava sentindo gosto de sangue na boca porque me feri de tanto me morder para não rir, eu já nem me mexia mais para evitar uma tragédia... meu linxamento, porque ela tava lá amando o amor e sendo feliz com a felicidade, mas ERA SÉRIO... teve gente que achou aquilo lindo, se emocionou, achou criativo até o e-mail "marizamor@gmail.com" como se fosse algo do outro mundo... então, rir, siginificava pedir para apanhar!!


Continuando 2: Assim que a tal figura com sérios transtornos de personalidade terminou sua fala (que durou pouco mais de 5 minutos, mas que me pareceram uma eternidade), quem foi convidado para se apresentar? ESTE QUE VOS ESCREVE!!! Pensei seriamente em colocar um personagem e dizer que meu nome era Cláudio, Clóvis, Alfredo, Miguel, que eu era poeta e artista plástico da aldeia "Yasha Ham", mas não tive coragem... me apresentei... "Lucas Lins... estudante e consultor de projetos culturais"... quem veio conversar comigo depois??? Ela mesmo, Mariza Amor... como é que eu ia rir?? Depois dessas, levantei umas cinco vezes, liguei para pessoas, que, por algum motivo não podiam atender os telefonemas, simulei conversas, simulei escutar piadas... tudo isso para rir e respirar aliviado... Quando eu voltei para a tal reunião (enquanto na minha cabeça a questão "que faço eu aqui neste universo paralelo até agora??") ouvi a gota d'água: "uma pena termos apenas 3 horas de encontro semanal".

Nem quis mais ouvir nada... tratei foi de pegar meus caminhos de aruanda... eu cheguei 15h20 e deveria esperar até dar 18h??? Nunca! Eu morreria até lá, ou no mínimo ia sair com a boa toda ferida... Saí de lá, enfim... depois eutomei uma cervejinha para relaxar, era miuta informação...

Já a segunda... bom, essa é um caso diferente... não é uma história cômica ou tragicômica, mas foi uma coisa que nunca fiz: ir a um show de pagode, mas daqueles roots... A experiência valeu, embora eu não sei se eu repetiria.

Lá fui eu para o Lançamento do DVD da banda FANTASMÃO!!! Lá no Wet'n'Wild - o primeiro parque aquático em ruínas que funciona também como casa de show... o palco fica na piscina e tudo... quem já foi depois que o lugar foi além da decadência sabe do que eu estou falando.

A namorada de um amigo meu (também amiga minha) está na área de assessoria de comunicação e o Fantasmão é um ilustre cliente, e durante o lançamento do DVD do show AO VIVO, recebi um convite para o tal lugar, camarote da imprensa (nossa ilustre agência de notícias estava lá marcando presença), ficava bem ao lado do palco e tudo!!

O show, na verdade era uma festa, o "I Encontro das Tribos", e além de Fantasmão, tínhamos algumas bandas locais, "O Círculo" (pop), "Adão Negro" (reggae), "Diamba" (reggae aussi) e... Racionais MC's, além de, evidentemente os anfitriões da festa: O FANTASMÃO!!!

O legal foi que percebi o quão "apaulistada" está ficando a Bahia... estava um calor considerável, mas havia um sem-número de pessoas com gorros de lã, camisas do coringão e um sotaque de "mano", "firrrmeza"? Coisas que só se vê aqui... porque se o sotaque de paulista(no) já nos soa esquisito, imagine o sotaque baiano apaulistado? Sofrível! Fora que além disso, parecia um clipe de Nelly, 50cent, Snoop Dog ou coisa parecida... bling-bling, camisão de futebol americano, boné de jogador de baseball, sneakers e, claro, uma calça folgadona... por alguns segundos eu pensei que estivesse no Brooklin e não na Avenida Paralela... Até o pagode tá mudando de nome!!!

O Círculo estava meio deslocado no tempo, no espaço e no equipamento/circuito cultural... essas coisas de banda iniciante que ainda não bombou fora do circuito cult rio vermelho (ou seja, a Boomerangue, porque até o Nhô Caldos já não mora mais por lá!)... ganharam um cachê e tocaram para meia dúzia de pessoas (das quais duas estavam na frente do palco e o restante se encontrava no camarote) e foram pra casa. Foi o melhor show da noite.

Antes do começo do show do Adão Negro, inexplicavelmente, os 12 mil pagantes resolveram entrar e entupir o lugar, era um mar de gente, um paraíso para agorofóbicos!

Ao final do show do "Adão..." ficamos sabendo que "Diamba" não cantaria, mas fora substituído por... SINE CALMÓN... que beleza... e um detalhe, a trilha sonora entre os shows era uma maravilhosa vinheta da PIATÃ FM... EMPURRA, EMPURRA, EMPURRA, PIATÃ!!!

O mais legal foi que descobri que o Fantasmão não toca samba ou pagode... faz um som muito parecido com o pagode, o chamado "groove arrastado", além de tocar "kuduro", aquele ritmo de angola que a Nara andou comentando no blog dela. Contamos com a ilustre presença de Regina Casé dançando Kuduro com Eddie... e tudo diante do dono destes olhos...

O show do Fantasmão, no entanto, não é de todo ruim, a percussão é excelente, como é costume hodierno, usam sintetizadores do leste europeu e samplers de música angolana. É bacana. As pessoas deliram, é uma maluquice só... quem guenta? O Big Ghost seria ultra-pop-cool se gravasse com a M.I.A., Mallu Magalhães, Tom Waits ou N.E.R.D...

Acabado o show deles, depois de uma performance de Regina Casé, eis que entra em cena os caras do Racionais MC's, com o alto astral de suas músicas... parecia uma cerimônia religiosa... e das brabas! haha. Ainda no início do show, propus pegarmos todos os caminhos de aruanda enquanto estava tudo calmo... e realmente estava: toda a área que não fosse a do palco estava vazia, parecia que não estava acontecendo nada, o mesmo valeu para os portões, estacionamentos e até a rua.

Saímos de lá e fomos comer alguma coisa... pelo horário avançado, já fomos atendidos como VIP - Very Insuportable People -, uma vez que o restaurante (fast food insiste em se chamar de restaurante, que cara-de-pau!!!) estava fechando...

Depois disso, fui pra casa com meu brinde (um dvd do fantasmão), caí na ducha fria e detchei.

É... agora é esperar o Muquiverão!!!


Abraços.

Lucas Lins, mas pode me chamar de Lucas Canastrice, porque um dia eu conheci a Canastrice e me casei com ela...

Em tempos de diversidade cultural...

sexta-feira, outubro 10, 2008

salvador | baiano nagô press

Clique na imagem abaixo e descubra que nesses tempos de diversidade cultural...
.
.
.
.

... tudo é considerado como arte e cultura...























...não acham???


Se você for "arteiro(a)" demais, olha só onde você pode parar...

Não é invenção minha... está no site!!! Confira você mesmo:

http://www.bahia.com.br/localidade_servicos_categoria.asp?idc=11&pag=23&idl=4536




tsc tsc


¬¬

The Hype Machine...

sexta-feira, setembro 19, 2008


Tá, vivemos no império do efêmero (né, Tio Lipovetsky??)... eu mesmo, confesso que tenho uma banda favorita a cada semana, um filme favorito por mês... o mesmo vale para os livros, comidas (tem a temporada da comida japa, da mexicana, da baiana, da natureba-cool, da natureba-roots, da chinesa, da tailandesa...), bares, manias... tudo é bastante passageiro, é um arerê, uma afobação... tudo em excesso, um pouco narcotizante... um acúmulo de informação e o excessivo acúmulo de aportes culturais diversos (a palavara "aporte", por sinal está na moda!!!) acaba nos cegando...
O desejo, agora, não é mais ter mais do que os outros, mas, efetivamente, ter acesso ao produto e descartá-lo com substancial antecedência - o famoso "enquanto você ia plantar o milho eu já comia o bolo de fubá". É preciso, mais do que nunca, estar "na frente das tendências", esqueça isso de seguir tendências de comportamento: ou você lança uma tendência ou fica de olho na próxima tendência e começa a seguí-la imediatamente!!! Nunca a idéia de ser vanguardista foi uma ditadura (outra ditadura contemporânea que nos assola... além da ditadura das responsabilidades, da vida saudável....), mas esses nossos tempos nos cobram isso.
A diferença dos aportes culturais e a música (poderia incluir também o cinema em proporções inferiores) é que o acesso ao conteúdo é bastante diverso e simples: dispomos de softwares de compartilhamento, hosts, sites especializados (gratuitos ou não), inclusive o mais popular de todos, o iTunes, comunidades nos muitos "orkuts", além dos discos físicos, da famigerada pirataria e dos sebos de vinil. É aí que mora o perigo: na explosão de informações, que chegam com maior velocidade e em nível exponencial.
O problema (se é que é um problema) é que o consumo do produto não só é mais rápido, mas a forma de consumir também se intensifica, então a efemridade não significa aqui, nesse caso, um consumo superficial ou que aterrorize os praticantes da pedagocia do consumo cultural libertador e iluminador que provoque uma revolução. Não estou incluído fora dessa: já acumulo um acervo de mp3 que já passou dos 16 mil arquivos e sei que estou longe de ser o mais compulsivo. A maior parte é de músicas "diferentes", vanguardistas, étnicas, contemporâneas, experimentais, atuais ou antigas. Por mais que o acervo musical seja organizado, ter 16 mil arquivos (talvez tenha umas 18 mil músicas no acervo, porque alguns arquivos são material de vinil convertido em mp3) significa nenhuma música. As músicas simplesmente se perdem e, mesmo ouvindo no shuffle, muita coisa fica escondida. E sei que tem gente que tem mais de 200 mil arquivos na discoteca e mais uns 50 mil na videoteca... e pra quê isso? Acho que como tudo fica velho mais rápido, o gosto está em descobrir o novo enquanto ele novo for. Eu me lembro com clareza que a graça em brincar com LEGO era montar, desmontar e descobrir as possibilidades com os tijolinhos... depois que a casa, castelo, carro, nave, pirâmide ou dinossauro estava inteiro ele passava uns dois, três dias montado e depois virava uma pilha de tijolos coloridos. Claro que isso está elevado ao cubo! É preciso ser Hype... vi uma entrevista de uma designer certa feita na qual ela dizia que "quando uma roupa chega no mercadão popular, sabemos que a moda pegou... e que já está ficando brega..." PODE??
O caso é que, mesmo longe de qualquer hype, eu me divirto muito cavucando músicas novas (desde o antigo serviço IUMA - alguém lembra? -, passando pelo portal da trama e de gravadoras independentes, sebos de vinil....) e encontrei uma ferramenta de busca que é bem legal e bastante útil, ainda mais se você gosta de "achar o Brasil" (é achar mesmo!!) e ouvir aquela banda alemã com influências do Krautrock, Electro-Punk e Bossa Nova, antes de seus amigos (principalmente os cults ou os cult-nerds), eis sua magnífica oportunidade:

EIS AQUI O The Hype Machine (ou simplesmente The HypeM). Basta digitar http://hypem.com e você vai se entorpecer com música nova!!!

Se você quiser, também tem um tutorial que é CHUCHU BELEZA no Indiecent Music. Crique aqui

Por hora é só.

Sim, eu sou um junkie de música e troco informações sobre música como se trocavam figurinhas nas antigas... fazer o quê?

Não acredito na responsabiliadde social

sexta-feira, setembro 12, 2008

Falei há alguns posts que considero essa onda de "ades" uma onda de fraudes - responsabiliade social, é um claro exemplo disso. Já ouvi em alguns lugares bem distintos entre si (da academia a fila da padaria e as incontáveis assembléias de boteco) que "está na moda ser responsável".




Isso não só para as empresas. Eu, você, todos precisamos ser responsáveis. Humpf. Sim, sei....

A ditadura agora é outra: é preciso ser responsável. Aliás, agora é um dever ser responsável com tudo, cultura, meio ambiente, proteger as crianças, votar sabiamente e evitar as armadilhas dos "políticos corruptos" e, claro, "fiscalizar a ética" (essa última já soa até engraçado! É sabido que a tal ética é uma forma de
julgar os comportamentos e não os próprios comportamentos, ça va?! Não é um sentimento nem uma virtude: é um julgamento que classifica algo como correto ou incorreto, normal ou desviado, ok?! Então, classe, nada de dizer por aí que fulano é "anti-ético" ou que "falta ética nesse país"... não existe um "anti-julgamento", se bem que eu não duvido é de mais nada.... vou morar na Ilha de Itaparica e virar pescador, ganho mais!).

Mais do que nunca ir ao teatro, cinema (principalmente se for para prestigiar a produção audiovisual nacional), valorizar as culturas populares, as diversidades de credo, raça, etinia, valores é algo requisitado. Vejo com muita preocupação e resistência essa onda politicamente correta... Não se trata de descrédito, intolerância ou facismo. Primeiro porque essas supostas responsabilidades que devem ser assimiladas como solução dos problemas do mundo - da fome, pobreza, epidemias, poluição....... - são ainda um reflexo de uma mentalidade tecnocrata, colonizadora, altamente vertical e que dissimula o questinamento do status quo sustentada em uma "pedagogia das responsabilidades para a libertação".

Há um sem número de "eco-indústrias", há uma linha de "eco-design", é algo
in comprar móveis de madeira de demolição, madeira reflorestada, sapatos de couro ecológico, calças de algodão orgânico... mesmo que o impacto gerado por eco produto seja muito maior do que um produto "poluidor". As turnês são ecológicas. Al Gore (ou "A mosca.... morta!") ganha um oscar como consolação por não ter sido eleito presidente dos Estados Unidos consultando o oráculo da ciência para profetizar o fim do mundo. O futuro deixou de ser "Os Jetsons" e passou a flertar, mais uma vez, com "Blade Runner" e "Mad Max", numa perspectiva pessimista, e "Os Flintstones", numa perspectiva otimista. Claro, com tanta coisa orgânica, eco, máquinas vivas e carros híbridos (metade combustível, metade força humana nos pés), em breve estaremos iguais a família de Fred e Wilma.

O pior de tudo é que essas responsabilidades mascaram os problemas, os causadores dos problemas. Aí a coisa complica... o buraco é mais embaixo, veja só: os países mais desenvolvidos, e, portanto, mais poluidores (direta e indiretamente) são aqueles que estão capitaneando a retomada da proteção à mãe-natureza. Tem gente bacana? Sim, mas creiam, não representam mais do que 10%. Os últimos 100 anos testemunham um desdobramento de revoluções industriais que promoveram movimentos migratórios cruéis, duas guerras, duas epidemias de gripe (que mataram mais do que as guerras), ditaduras, guerras civis, poluição, os índices de qualidade de vida atingirem um nível de disparidade absurdo, concentração de riquezas e bens (inclusive os naturais), e para além da concentração assistimos a processos de usurpação de riquezas.

O que mais vem no pacote? Incríveis doses de hipocrisia. E vemos o Radiohead afirmar que as turnês ecológicas são inviáveis por causa dos....... fãs? Vemos um evento de proporções globais (afinal, para um aquecimento global, o evento tem que ser global também, se não fica por baixo) que deveria alertar o mundo contra o bicho papão do aquecimento global consumir absurdas quantidades de energia e causar um impacto semelhante ao de... hmm.. nada?! Acho bacana e válido que artistas e grandes empresas financiem o que está na moda... não é o negócio deles, mas ajuda o negócio deles a ser mais lucrativo. Não acho de todo mal que se financie a atual moda verde e responsável. O problema é que as coisas, como sempre, perdem muito as medidas e começa uma caça às bruxas. E o pior é que fingimos caçar e fingimos não sermos a caça. É patético!

O próprio respeito à diversidade, da cantada em verso e prosa Declaração da UNESCO (na qual o nosso Ministério da Cultura teve participação fundamental), que é uma coisa sensacional, é entendido por muitos pelo avessas. Algo como a diversidade não é apenas imposto por uma lei, por um código de condutas aceitáveis ou por uma obrigação de aceitar o outro. O Sodré, diretor da Fundação Biblioteca Nacional, disse uma certa feita que o respeito à divesidade (e algo que eu creio se extender às outras responsabilidades propostas nesse infante milênio) é condicionado por um quadro que é mais afetivo e sensível do que formado por uma racionalidade dada. Ainda na mesma fala (lá na Caixa Cultural), ele esclareceu o que é "diferenciar" e "fazer a diferenciação"; no primeiro caso, é feita uma distinção e se cria uma relação de identidade absoluta e alteridade absoluta, ou seja, o que Eu sou e o que Outro é, mas partindo de um olhar externo, é uma comparação superficial. Já "fazer a diferenciação" impolica em observar o Outro conferindo a ele uma identidade, uma identidade que possui diferenças e similitudes com a identidade do Eu. Obviamente, para fazer a diferenciação é preciso conhecer e para além disso compreender o Outro, sem super valorizá-lo ou subvalorizá-lo. Em última instância, é preciso gostar do Outro pelo fato dele possuir uma identidade diferente do Eu. É exatamente no oposto do comportamento de aceitar o Outro e considerá-lo um segmento fundamental de composição das identidades do Eu que se encontra a gênese do preconceito e das discriminações; quando o conjunto mais superficial de informações sobre as referências e identificações são suficientes para estabelecer uma comparação, sem que exista qualquer laço afetivo ou aprofundamento nas informações. Em geral, quem se compara também se considera superior, afinal, ele não precisa conhecer o Outro para
diferenciar. O Outro fica condenado em um caminho deslizante ou então o oposto: um fixação radical. E um detalhe, ou o sujeito que diferencia tem uma relação paternal com o Outro ou uma relação de repulsa.

Nota do blogueiro: Falei aqui em identidade e nem estabelci o conceito que estou pensando aqui. Bom, considero aqui identidade os conjuntos de identificações que os sujeitos assimilam e se valem na busca de alguma fixidez, uma vez que as identidades (ou conjuntos de identificações) são deslizantes e fluídas - nós somos muitos, desempenhamos múltiplos papéis e somos multireferenciais, embora em cada situação ou contexto um tipo ou um determinado conjunto de referências tende a prevalecer.


Vamos voltar para as responsabilidades?

A responsabilidade que se deseja atingir (sem conseguir) é algo que advém da esfera do sensivel, pela partilha intersubjetiva de valores em determinadas comunidades que variam no tempo e no espaço e que se modificam. Os valores que dão origem ao julgamento ético surgem nesse bojo e não no caminho inverso. A aceitação passa pelo sensível, uma vez aceito, determinado "conselho" deixa de ser uma obrigação moral e ética (recomendada pelos papas) e se converte em algo internalizado e natural, e ainda assim não está livre de transgressão.

Se eu acho a responsabilidade social bacana? Acho, lógico! Mas se ela não partir de um pensamento que veja no outro um indivíduo singular que detém uma cota imensurável de dignidade e que a relação, mesmo diante de hierarquias deve obedecer ao respeito dessa singularidade e ao processo de diferenciação, superando paternalismos e tecnocracias, continuaremos com um mecanismo falso, ações de realações públicas travestidas de responsabilidade social e "preocupadas com qualidade de vida". Ora, se não se considera o bem maior na vida de um indivíduo (sua dignidade), não há como falar em responsabilidade social ou qualidade de vida...

Acho que devemos preservar o planeta? Claro!! Mas desde que quem compre ilegalmente mógno da Amazônia pra fabricar instrumento musical (extendo aos artistas que compram os instrumentos) parem de promover uma cruzada pelo "pulmão do mundo" (que por sinal não é... o pulmão é Oceano Pacífico e as algas... o que a Amazônia preserva é uma IMENSA biodiversidade e contribui na manutenção da temperatura).

Mas essa é a extensão do colonizador: ele apronta e ainda sobra para o colonizado. O Radiohead faz um show, cobra (ou lucra) mais porque é "ecologicamente correto", mas se não deu certo a culpa é de quem foi para o show? Complicado... complicado...

Lá vem as organizações internacionais pautar as discussões locais e tomar a frente, como detentores do saber absoluto. Cuidado! Não se trata de um plano de dominação ou invasão, mas de reafirmação de superioridade e inferioridade. Não sou xenófobo, acho fundamental criar boas relações bi-laterais e multi-laterais em todas as áreas, inclusive porque o olhar estrangeiro pode flagrar coisas que o cotidiano esconde e contribuir substancialmente na solução, no entanto, quem deve pautar as necessidades é o país, a comunidade. Essas diretrizes mediadas pela comunicação de massa global desconsideram, em geral, quaisquer contexto espaço-temporal, realidades, identidades e singularidades. Daí uma efetividade, eficácia e eficiência pouco impactantes.


Voluntariado? Esse eu nem vou falar muito, mas eu só sei que muita gente lucra na filantropia e utiliza a mão-de-obra voluntária de modo perverso... me inventaram um tal de "mobilize sua comunidade", que resguardadas as devidas proporções me irrita bastante. Ainda mais quando eu acompanho os processos, mesmo que de fora.

Um dia ainda vamos compreender que a revolução começa dentro das pessoas (é por isso mesmo que ela não será televisionada via satélite nem veiculada na internet!). Acredito muito na soberania que vai da família até a nação. Tem um ditado em Barra do Gil (lá da minha infância) que diz que "da porta pra dentro povo de fora pisa devagar e só come o oferecido".


Acho que irei neutralizar as emissões de carbono das minhas missivas.


Até breve. À bientôt.

Ih, que fora...

quinta-feira, setembro 04, 2008


Todos conhecem e se relacionam muito bem com as situações mais constrangedoras, e por mais que saibamos que o constrangimento quase sempre é uma coisa mútua e relativamente normal - “ih, dei(deram) um fora... relaxe e esqueça...” -, se recuperar e continuar agindo de maneira normal é algo que demanda maturidade ou total falta dela talvez. Em geral pequenos ou grandes cuidados evitam enormes situações e bolas de neve de proporções homéricas. Aquela pergunte indiscreta, aquele comentário inoportuno, a colocação descabida ou aquele flagra fatal... Como eu disse, quase sempre são coisas bastante bobas: perguntar pelo(a) namorado(a) ou esposo(a) de alguém e descobrir que o relacionamento acabou (e de uma forma bem complicada e cheia de confusão), fazer algum comentário de uma figura bastante exótica e pitoresca e ouvir milésimos de segundos depois a frase “ela é minha mãe”, “ele é meu irmão”, “é o meu melhor amigo”, “ela é seu encontro às escuras”... Não vamos nos esquecer de falar mal de alguém (quase sempre na tentativa de ridicularizar ou fazer uma piada infame, necessariamente sem o intuito de ridicularizar). Estes próximos exemplos serão práticos e reais... isto é, aconteceram comigo... um dos candidatos a rei dos foras haha. Lembro de um, na minha sexta série: tive uma professora chamada Maria da Guia, apesar de morar no interior da Bahia, 'Da Guia, como era mais conhecida, era famosa entre os alunos pela sua postura rígida em sala – postura que lhe rendeu o carinhoso apelido de “Maria do Cão” (nota do blogueiro: crianças são criaturas cruéis demais, não!?) – e também pelo seu sotaque paraibano bastante forte – o que também lhe rendia imitações por parte dos alunos. Ah, as aulas de português com 'Da Guia... era um tal de “cúpia”, pra cá, “cúpia” pra lá... e outras coisas que eu já não me lembro. O fato é que uma vez tivemos aula de português em uma sala de outro chalé – sim, minha escola não tinha prédios, eram grandes chalés dividos em 5 ou 6 salas –, o chalé do segundo grau. Esse era, na época, top de linha, tinha ar condicionado nas salas (e olha que a cidade onde eu morei fazia um calor terrível!!!), as carteiras eram maiores e mais, digamos, anatômicas... era bem bacana. Beleza, acabou a aula, fui na cantina (ou na guerra, como eu pensava na época... ¬¬) e vi a filha de 'Da Guia, alguns anos mais velha do que eu. Palhaço do jeito que eu era (era?), eis que volto correndo pra sala e entro quase que de olhos fechados e grito: (com sotaque fingido de paraibano) “Vi a filha DÍ 'Da Guia na canTIna PIDINDU um ÍSPRÍITTTI”. Pura palhaçada... ninguém fala “ispriti”, já ouvi até “ispláti”, mas ispriti nunca... e mesmo que tenha gente que fale desse jeito, a menina era aluna do ensino médio... Eis que assim que termino de falar eu escuto “tu viste quem?”... Lembro apenas de encolher (literalmente... eu me agachei e saí andando murcho da sala balbuciando algumas palavras “très” sem graça hahaha.) E o pior é que estávamos ainda no meio do ano... Como enfrentar a vergonha? Cara-de-pau... O outro exemplo é mais recente, aliás, aconteceu ontem e é um outro pesadelo: durante a chamada eis que ouço a professora falando o nome de um aluno... “Lion” (Láion, mesmo). Na lata eu disse: massa, então quer dizer que temos um lion entre nós?” A resposta não poderia ser pior... meu colega apontou o dedo para a frente e disse, ele está aí do seu lado... puuuuuuuuxa, a vontade era de cuspir e sair nadando!... ou de me afogar, mesmo... Depois se esclareceu que o nome era outro (Laynon, se não estou errado). Ainda coroei (super sem graça!!!) dizendo que “não faria piadas infames, afinal você já deve estar cansado delas, né?”.... que bom que a aula acabou... mas o semestre não... brrrrrrrr... Agora, falando a partir do lugar do outro, digo que as coisas não são menos constrangedoras. Porque o clima cai na hora e não tem como evitar, nem dizer nada para amenizar. O jeito é esperar passar. Você está numa festa, por exemplo, vai no banheiro e quando abre a porta dá de cara com um casal bem numa situação de intimidade e depois descobre que são os pais de seu amigo... e aí? E o pior, ele está na fila esperando a vez dele. Pôôôôô... fazer o quê? E às vezes, a situação só piora: além de tudo você é um convidado e vai passar 10 dias na casa... Terrível! Terrível! O pior é que, em geral, esses foras são coisas comuns, mas nós somos tão travados que tudo vira motivo para um debate que sempre tende a chegar em “como a nossa mentalidade é pequeno burguesa e somos hipócritas...”. Já vi até um debate sobre ética e moral por causa de um fora! Imagina só? Não sei se o certo (ou mais fácil) é seguir os conselhos de Marta Suplicy, mas o fato é que estressar por conta dessas bobagens e desencontros rotineiros faz mal para o coração... o jeito é rir e se preparar para outra... porque ela certamente virá: impávida que nem Mohammed Ali...

Até breve. Até o próximo fora.

Início do semestre na faculdade...

quarta-feira, setembro 03, 2008

Olá, meus caros leitores.... saudades.

Cá estou eu, postando ainda na ressaca dos pesadelos do (re)início das aulas... é... os vetaranos de qualquer universidade são iguais a visita e peixe: quando demoram para sair, incomodam! E neste caso específico, o incômodo é para o próprio aluno jurássico. Sair do fluxo é uma droga... é uma viagem interdimensional na academia.

O primeiro dia de aula (brrrrr) e suas surrealidades, a primeira semana... é como se o jurássico voltasse ao estágio de calouro, mas com um agravante, ou pior dois: o primeiro é, obviamente, o fato de não ser calouro, e a segunda, é se sentir um fantasma do passado enviado por engano para o presente. Você não conhece os calouros (aliás, nem sabe quem é quem!) e seus amigos jás estão formados ou em processo de formar e quase não aparecem no campus.

Além de mudanças estruturais que também assustam: as paredes estão reformadas (e você, por algum motivo não percebeu as obras sendo feitas), mobiliário novo, professores novos - e os seus professores, aqueles que você conhece e que te conhecem por nome, estão afastados para doutorado, pós-doutorado ou simplesmente de "licença prêmia" e ficam vários professores temporários - , são pequenos exemplos da mudança da fauna e a flora locais.

Logo no fatídico primeiro dia, enfrentei alguns dos mais comuns (ao menos para uma razoável fatia da população): acordei tarde, perdi o horário e o ônibus, acabei pegando um cheio... chegando na faculdade, não sabia qual era a minha sala e me vi procurando uma sala no prédio que eu deveria como a palma da mão. Quando finalmente eu achei minha sala (quase duas horas atrasado!!), me vi dentro de outro pesadelo do primeiro dia: as dinâmicas de início das aulas.... e o pior: era daquelas "daqui a sete anos eu me vejo em..."... pôôô!!!! E nada de acordar... nem portava um cianeto para acabar logo com tudo ou ao menos um dramin para dormir durante toda a aula... e o semestre estava apenas começando!

Na sala, eivdentemente, eu connhecia poucas pessoas, mas sem a mínima intimidade com uma viv'alma sequer...

Agora, já (ou ainda), lá pela 4ª semana de aula, com a poeira começando a baixar, começou uma segunda luta: a conquista de orientador para o TCC (etapa fundamental na alforria e na libertação do espírito!!!).

Passadas estas provas de fogo, começa a segunda leva de chateações: aquelas famigeradas perguntas: "você forma quando mesmo?", "você........... por aqui............. ainda........?", "achei que você já estivesse formado....", "não forma mais não, é?", "desistiu de estudar?". E a regra das boas condutas e as leis infelizmente não te deixam acabar com isso pela raíz, né? haha

As perguntas podem ser encaradas por alguns ângulos: no lado azul da força, eis que estão aqueles marjos que navegam no mesmo mar que você e são também veteranos-jurássicos e ficam felizes por encontrar uma cara conhecida naquele rio de pessoas desconhecidas e cada vez mais exóticas (e que te levam ao terceiro pesadelo que é se olhar como calouro e avaliar seu comportamento e o nível de ridículo que você atingia com determinados atos.... embora, eu deva admitir que as coisas avançaram no número de pessoas, na diversidade de atos e no aumento vertiginoso do ridículo que vive a geração pós-los hermanos...). No fundo, expressa um alívio e uma esperança de "não se formar sozinho".

No entanto, nem sempre a maioria das pessoas pertence ao lago azul da força. Há quem pergunte para alfinetar, mesmo. Uma alfinetada infantil, que deve sempre ser devolvida com cordialidade, cinismo e ironia... com uma pitada de agressividade... se alguém te oferece uma saia justa ou calça furada, não se acanhe, mas não deixe de retribuir imediatamente a saia justa... em geral a verdade é melhor resposta, afinal, a verdade dói! E nada de justificar, responda e ponto.

Há ainda a terceira possibilidade... mas em geral, o julgamento deve ser bem cuidadoso e não é uma regra: tem quem pergunte para humilhar, mesmo. Tipo aquela pessoa que tirou 10 em matemática, viu que outro tirou sete e vai lá perguntar a nota... enfim... ainda não me bati com este espécime, mas que los hay los hay! É mais ou menos o padrão de perguntar a algum desempregado "qual o seu próximo passo, tem algum em mente?". Tem gente sádica... reza braba, reza braba, "pé-de-pato, mangalô-trêis-vêis"

O legal é poder dar risada das coisas, porque se tudo passa (já diz Nelson ned), passará também a faculdade e fircarão algumas lembranças, algumas mascaradas pelo tempo, não tem jeito! Mas, "aforamente falando", entre mortos e feridos salvaram-se todos.

Estude que é bom. Chá de Gingko ajuda.

Mais informações sobre o Cuil.com - O Google que se aprume!

terça-feira, julho 29, 2008

Direto do Site de Geek
29/07/2008 07:07 - 452 exibições

Novo site de busca pretende competir com Google

O novo sistema de buscas na internet, chamado Cuil (lê-se cool, como no inglês), foi lançado hoje e pretende entrar na disputa de melhor buscador, concorrendo com, obviamente, o Google. Uma das razões para acreditarem no sucesso do serviço é a presença de ex-engenheiros desta no quadro de funcionários, diz o Slashdot.

A ferramenta, disponível no endereço www.cuil.com, informa na página inicial que já indexou o impressionante número de 121 bilhões de páginas. Os produtores do Cuil afirmam que a ferramenta é capaz de rastrear uma parte maior da web, e em menos tempo, devido ao novo algoritmo de indexação. Tom Costello, co-fundador do serviço, afirma que sua tecnologia revolucionária permitiu colocar praticamente toda a Internet nas pontas dos dedos dos usuários, segundo informa o The Inquirer.

A página inicial é plasticamente muito bonita e tem design enxuto, a exemplo do concorrente, exceto pelo fundo negro, que concede um ar obscuro ao site - mas que permite economizar energia. Já há alguns anos há um outro buscador baseado no Google que usa uma página negra com esse propósito, o Blackle (blackle.com). Ao que parece, o Cuil também segue esse preceito. Entretanto, enquanto o Blacke é apenas um "Google com skin", o Cuil é baseado em tecnologia totalmente nova.

Ao efetuar uma busca simples, os resultados são dispostos de forma ordenada em colunas. O visual é bastante agradável, fugindo da monocromia habitual. Também é exibido um quadro lateral, com informações relacionadas, como no caso os serviços de busca de imagens, mapas ou documentos já conhecidos. As buscas devem retornar também categorias, segundo o TechCrunch. Em um teste feito pela equipe da Magnet, em uma busca com a palavra "guitar", os resultados "puxaram" as categorias "electric guitar", "amplified instruments" e "guitar magazines".

Contudo, uma busca mais específica, como nomes de pessoas, ainda não é capaz de retornar resultados, ao contrário do que acontece no Google. Outro problema, detectado pela Magnet, é que as buscas não são tão boas com palavras em português - os resultados são ligeiramente inconsistentes e as categorias extremamente disparatadas. A disponibilidade do site também estava bastante prejudicada: em certos momentos, foi impossível submeter uma busca sem receber a mensagem de "servidor ocupado". A opinião geral é a de que algum tempo será necessário para que o serviço amadureça, portanto comparar as duas ferramentas agora não seria muito apropriado.


fonte: http://www.geek.com.br/modules/noticias/ver.php?id=37665&sec=6

Rapidinhas

segunda-feira, julho 28, 2008



Olá... Séculos sem postar... poucas novas da província? Talvez não... o caso é que quando as novas não passam adiante elas acabam antes mesmo de sequer começar... outras acabam se perdendo no mar da nossa memória, essas só voltam ao acaso! Tenho alguns posts pela metade e outros por fazer (coloquei como um lembrete), mas hoje estou aqui anunciando que Por-Inzêmprio agora tem colaboradores novos e que vão oxigenar um pouco este espaço de balbúrdia e irreverência!!!





-----------------------------------------------

Brief Notes | Rapidinhas | Xekerê
-----------------------------------------------


Fui para uma festa este final de semana, e nem mesmo lá eu deixei de ampliar a minha coleção de inzêmprios... Precisando de gelo, um dos garçons disse que bastava a compra de 4 pacotes, dois de gelo fritado e dois de gelo normal... depois de muito se bater biela para entender (inlcusive se existe realmente um tipo de gelo esterilizado no processo de fritura... sei lá, este mundo cada vez mais orgânico e tecnológico, cheio de diversidades e sustentabilidades, vai que um gelo frito seja mais ecológio, econômico e socialmente mais responsável??) o que era este famigerado gelo frito, eis que, como pela providência espiritual onisciente de Sai Baba, alguém traduziu o óbvio: se tratava de gelo filtrado. A lógica, creio eu, é a mesma do preparo de feijoada com bacon perfumado (defumado).

-----------------------------------------------


E por falar nas "ades" (não, pequena libélula, não é o suco saudável com soja - essa foi em homenagem ao Senhor Kesuke Miyagi), já perceberam que estes novos tempos de indefinição (a entre-safra de ideologias ou da negação delas), de fronteiras, questionamentos, crises e limites, rompimento e (re)(des)(cons)tru(ção) do contemporâneo (e da idéia de contemporâneo e de moderno), não é o sufixo "pós" que nos dá uma baliza mínima na compreensão do contexto no qual estamos inseridos ("pós-feminismo", "pós-moderno", "pós-industrial", "pós-punk", "pós-blablabla", "pós-yadayadayada"), mas o sufixo "ades"... não sabe como? Vão alguns inzêmprios: contemporaneidades, diversidades, sustentabilidades, conectividade, interatividade, responsabilidades (no caso da famigerada Responsabilidade Social)... e tem outras ades mundo afora... é só ouvir com atenção, e com a mente em paz e espírito contrito, com fé nos deuses hindus e no avatar Sai Baba para quê você não comece a se irritar. Principalmente porquê todas as vezes que (ao menos) eu escuto algum desses "ades" eu só conseguigo entender "fraudes"... tsc tsc

-----------------------------------------------

Dicas internéticas: Conheçam ontem o buscador "Cuil" (blado, blado, blado, ponto-ponto, com, bê-érre). Ele diz indexar cerca de 120 bilhões de páginas e trabalha com duas coisas bacanas, a primeira é "busca inteligente" (busca pelo significado da sentença e não por palavras-chave, semelhante aqueles atendimentos insuportáveis das telefônicas... "desculpe, não entendi. Vamos recomeçar? Estamos de volta ao menu principal... UGHH!!!!). A outra coisa bacana é a busca segura. Este detalhe é importante porquê diz respeito a privacidade do usuário e da filtragem (ou seria uma "fritada?) dos conteúdos. Ainda não sei se presta, mas até agora achei um monte de coisa... tem uns lixos também, mas é bem mais limpo e mais rápido do quê o "gúgôl"... confiram e depois entreguem nas mãos de Jah.

-----------------------------------------------


Dicas musicais: Alguém já ouviu falar em PUNK-CIGANO?? Procure já algo do Gogol Bordello!! A banda é multi-étnica e eles tocam música cigana em leitura rock'n'roll, fazem rock'n'roll no mundo cigano e dão sempre a impressão de que a vida é uma celebração. Ouvi várias músicas e não ouvi nem uma baladinha ou música lenta... só mesmo o porradão! Universo Klezmer e mambembe, letras que puxam a sardinha da vida libertária e uma leve brincadeira com os estereótipos impostos ao oriente europeu pelo ocidente quadrado e tirado a certinho. Recomendo três faixas que grudam nos ouvidos que nem chiclete de três "ontonte": My Strange Uncles From Abroad, Think Locally. Fuck Globally e "Wonderlus King. E tem mais: eles vem para o Tim Festival, que beleza!!! Nessa onda moderna e de antropofagia, apropriação e mistura, eis que temos um produto divertido e que qualquer um pode curtir, dançar... está longe do cansaço (eles não são nem um pouco sexies, parecem piratas, bucaneiros, mas exalam felicidade e ausência total de afetações e frescuras do mundo pop atual!!). Virei fã... vou ao show deles, nem que seja no espírito cigano, pegando carona na boléia de um caminhão, indo clandestino num navio, ou até de carroça!! E só mais uma curiosidade: eles já cantaram com Madonna naquele show que durou 24 horas (e ninguém assistiu, por sinal!) ao redor do mundo... eles fizeram uma versão de "La Isla Bonita" versão cigana e punk. nem preciso dizer que é a única versão da música que não agride aos ouvidos.


OLHA A CAPA DE "SUPER TARANTA"!!!






o myspace deles é /gogolbordelo e o site é o gogolbordello.com


-----------------------------------------------


Informações adicionais (é o meu "o que ocorrer"!)... alguns links quebraram, estou resolvendo hoje (alguém sabe de um bom servidor free??w). A prioridade é por ordem inversa de publicação.

-----------------------------------------------


No mais, desejo as mais sinceras boas vindas aos meus amigos que vão deixar este lugar mais bacana e mais agradável! E confiram um episódio da Pantera mais bacana de todas as critaturas vivas e animadas...


O que nós temos de Kublai Khan?

sábado, junho 21, 2008

Apesar do título, não vou discorrer sobra a obra de Calvino, mas algumas coisas dela vão me servir.

Sim, é nas madrugadas que as palavras vêm com maior freqüência e maior força... talvez seja o efeito do conflito sono X sonho X vigília... a eterna luta na guerra da insônia!

Hoje (ainda estou no dia 20, só é 21 depois que eu dormir!), tive a oportunidade de avançar em um trabalho que desde o início deste ano eu tenho burilado e flertado bastante: o trabalho em comunidade. Acho que tudo que eu já fiz (leia-se o Circuito Baiano de Samba de Roda e o Projeto Cordel do Pega Prá Capar) é bastante ligado à questão das ações na/da base, mas hoje eu pude conhecer uma experiência de uma associação comunitária daqui da cidade em um bairro violento e cujas situações de risco e vulnerabilidade social são bastante preocupantes. Este trabalho foi o desdobramento de uma consultoria que eu dei para uma instituição de ensino superior e para um trabalho de assistência que dei a duas pesquisas, dois trabalhos de mestrado, a primeira em 2004, da UFBA, e a segunda da NYU em parceria com o ISC/UFBA. Nos dois casos se voltou o olhar para as comunidades, os problemas de exclusão e omissão do Estado foram abordados de modo bastante diferente: um cuidava da questão da violência como um problema de saúde pública e o outro da exclusão do mundo letrado e do acesso restrito à informação mediada em equipamentos culturais, principalmente a Biblioteca Pública. Nos dois casos, a inclusão cultural foi apontada como importante vetor de melhoria na qualidade de vida e como forma de redução das situações de risco (não como uma ação isolada). A biblioteca, entretanto é apontada como menina dos olhos, objeto de desejo. Motivos são muitos... as bibliotecas, e alguns bibliotecários, ainda acham que a Biblioteca de Babel existe e sua sede é uma torre de marfim. Outros, os não-profissionais, uma parcela significativa da população que inclui os setores medianos da sociedade e alguns nichos da academia, consideram um equipamento ultrapassado e que devem se configurar em "Centros Culturais", seguindo o modelo francês. A biblioteca é um espaço público de cultura que conserva maior fato de publicização que os demais equipamentos, contudo. O acervo é (ou deveria ser) livre, a mediaçãoo se dá apenas no momento de pesquisa e nas técnicas de recuperação e disseminação. Enquanto no teatro e no cinema, a fruição depende de recursos externos ao interlocutor (os públicos, em última instância), e no caso da biblioteca, o objeto mediático é o livro, e sua fruição depende do leitor. Não pretendo tratar da qualificação da leitura ou da interpretação do texto, mas sim do acesso. O livro é um objeto íntimo, é táctil, visual. A biblioteca é o espaço onde se pode literalmente mergulhar e buscar as nossas "vindicações". Esse fetiche com a bibliteca gera, obviamente, distorções absurdas, um culto excessivo ao equipamento e sua(s) obra(s) e o distanciamento do público. Por outro lado, as disputas intelectuais, acadêmicas e políticas sobre o que é cultura (do ponto de vista de uma política cultural governamental), geralmente promovem um cisma entre leitura, livro e biblioteca, e as demais manifestações e equipamentos que lhes dão suporte. Principalmente em Estados cujos órgãos administrativos ainda estão se definindo no campo da cultura e das artes. Luís Milanesi, amado por uns e odiado por outros, trouxe em seu livro "A Casa da Invenção", grande ensaio em formato de manual prático que combina ficção e teoria/técnica na gestão pública da cultura, a idéia que as bibliotecas são objeto de desejo, mas um desejo que acaba se sublimando em outro desejo: na criação de um centro cultural. Ora, sabe-se que os grandes "centros culturais", como é o caso da Alemanha, são as Bibliotecas Públicas (que são diferentes das Bibliotecas Universitárias, Bibliteocas Especializadas, Bibliotecas Escolares...). Mas ainda resiste a idéia de que Biblioteca Pública é um repositório de livros e que um centro cultural é dinâmico e (supostamente mais) vivo. Falácias, falácias... mas deixe, meu filho, são bobagens...
Sabemos que as bibliotecas eram símbolos de poder e status, haja vista que apenas duas fatias pequenas da sociedade as possuiam: o clero e a aristocracia. O domínio da leitura e da escrita eram restritos e vistos como "luxos desnecessários", mulheres não estudavam, por exemplo. O fato é que as biblitoecas eram bens privados, e a partir da Revolução Francesa, com o ideal de universalização da alfabetização, é que surge uma noção de equipamento público de mediação da informação e cultura. Então, na qualidade de equipamento público, além do acervo literário, o espaço abrigaria outras atividades relevantes e que deveriam contribuir e complementar o aprendizado e o lazer. Isso se acentuou bastante após a II Guerra. Claro, não vamos esquecer que o fato de existir um equipamento de acesso público não promove o acesso instantaneamente, e principalmente porque a cultura letrada (e o capital simbólico evocado pela cultura) é excludente. Logo, a leitura era lazer para intelectuais (enfim, pessoas ricas, a elite, a nata!) e chatisse para as famigeradas "massas". A biblioteca é um equipamento distante da realidade da maioria das pessoas, mas continua sendo um objeto de desejo, um direito. Este raciocínio se ampliou para a questão dos centros culturais, ainda mais se a localidade possuirm escasso número de espaços destinados à produção artístico-cultural. É muita "cultura" e pouco "lazer". É um direito, mas é ditante que parece que nem todos têm esse direito!
Desde 2004, quanto tomei contato com o mapeamento de biblitecas públicas e bibliotecas comunitárias (e, logo em seguida, com o de teatros), percebi que, na omissão do Poder Público e na eterna quimera do direito ao acesso às bibliotecas, um sem-número de pessoas fizeram a hora e não esperaram acontecer: criaram, com recursos próprios e articulados em um modelo de gestão baseado numa rede social, colaborativa, as suas próprias biliotecas. São espaços improvisados, nem sempre confortáveis, com acervos limitados, poucos equipamentos de apoio e dificuldades na prestação de serviços. Porém, conseguiram o que poucas Bibliotecas Públicas conseguiram: o apoio de uma comunidade, visibilidade e freqüência. Além de se configurar em aporte para outras ações (culturais ou não). É um espaço de discussão, de realização de eventos, de debates sobre tolerância religiosa ou de ordem da orientação sexual, identidade e gênero. Coisa que nem os amigos da Biblioteca Nacional conseguiu com uma adesão tão grande.
Passei o dia lá... um dia pra lá de agradável, por sinal. Clima bacana, pessoas muito gentis, muita disposição para o trabalho, paciência e muitos sonhos... ao mesmo tempo tudo muito simples. Li um breve histórico, conversei com algumas pessoas do bairro, adiantei muitas coisas e saí de lá com vontade de concluir o trabalho e realizar outros tantos!
No caminho de volta eu fiquei matutanto sobre o dia e me lembre de Calvino, nas cidades invisíveis... mesmo o maior imperador da História (Kublai Khan) não podia conhecer as cidades que dominava, e nem mesmo Marco Polo pode se reportar com sucesso. Só visitando e conhecendo a única coisa que pode diferenciar uma cidade da outra: as pessoas. E para além disso, as cidades são muitas cidades, o discurso é dissonante e cheio de disparidades, mas nos acostumamos a vê-las com olhos preguiçosos. O país também são muitos países, mas não apenas diante das diferenças de sotaques, de PIB ou produção agrícola, mas que existem Brasis que a TV não exibe, talvez até mesmo por desconhecimento, tratado como exótico, diferente... aquele país da "gente que faz", quando tanto coisa está envolvida. Existem Estados paralelos, mas não apenas porque existe um crime organizado, mas porque as comunidades se organizam (a maioria das vezes SEM o auxílio do crime) e ocupam os espaços vazios que o Poder Público ignora ou desconhece. Este Brasil vive e acontece em silêncio, porque só é lembrado em momentos de polarização (ora, "Os meninos do tráfico", ora, "minha periferia", da Regina Casé). Ele não te pede autorização para existir, e existe mesmo que você o negue, porque ignorá-lo é, de alguma forma, tentar uma anulação de sua existência. Essas pessoas consiguiram em pouco tempo muitas coisas que instituições grandes e o Poder Público não conseguiu. E quanto às bibliotecas, eles superarm o fetiche da leitura e da biblioteca e partem com os pés no chão. Eles têm suas próprias bibliotecas, seus museus, se articulam, realizam eventos e trazem benefícios para os moradores com recursos pífios! R$1.000,00 para uma associação dessas faz toda a diferença, enquanto para os cofres públicos não passa de centavos. Em poucos anos, a associação que visitei auxiliou alunos secundaristas, universitários, inscritos em concurso, se profissionalizou (dentro do possível), teceu redes de parceria... e o melhor: sem aquele ranso das instituições oficiais da cultura, praticantes da pedagogia da libertação que subjulga o Outro... os exemplos "Quanto Vale ou é por quilo" e aqueles jovens ativistas expostos em "Tropa de Elite" são bem ilustrativos, embora tendenciosos. Mas existe, sim, uma indústria perversa de "projetos" (coloquei entre aspas para sinalizar um tom irônico) culturais e sociais... enquanto os realizadores deles andam de carros importados, a comunidade vive à míngua com migalhas.
Espero poder contribuir com eles, mas eles me deram a maior contribuição: confirmaram algumas idéias minhas e reforçaram meus ideais.

Bom São João (porque alguém deseja isso, mesmo? "Feliz Natal" eu até me esforço pra entender.... deveriam dizer: "Um engov antes, outro depois" ou "não abuse das drogas" ou "cuidado com as espadas" ou sei lá... cansei!)

Ser ou não ser saudosista?

segunda-feira, junho 02, 2008

A gente sabe que está mais velho quando vê os seriados que passavam na nossa infância na faixa "Nick@Nite" ou, no já extinto, bloco de clássicos do Boomerang... ná tinha pensado nisso? Apois, pense agora!!!

Acho este termo complicadíssimo, devo dizer antes de discorrer sobre o assunto. Tudo que envolve a memória sempre é complicado! Eu mesmo não gosto de falar disso, mas... (aquele "mas" característico do nosso querido Golias - que descanse em paz!) ultimamente algumas coisa me chamaram a atenção para as coisas passadas.... entre novos reencontros, reuniões não (tão) planejadas, voltas, mas basicamente, o que andou mexendo com meu lado nostálgico foi o "São YouTube".
Pude rever todas aquelas tosqueiras maravilhosas da minha infância: aberturas dos desenhos e seriados, alguns episódios completos, clipes... nossa, eu jamais imaginei que fosse ver.

Nota do blogueiro: Eu fui uma criança extremamente solitária, embora na época, assim como hoje, eu não me importasse muito com isso, até gostava. Acho que muitas crianças da minha época aprenderam a curtir sozinhas, haja vista que brinquedos como LEGO, PLAYMOBIL e similares fizeram tanto sucesso... além desses brinquedos, a TV, os livros, os gibis e revistas como a antiga HERÓI e ANIMAX, tornavam meus dias bastante ocupados... além disso, não tenho registro em agendas, e na época de minha infância e adolescência ainda não havia descobrido o prazer da blogoterapia... uma pena!

Depois de horas revendo os vídeos, procurando informações e matando antigas cuirosidades, fiquei pensando, acho que todos pensam assim por um segundo que seja, e com aquele desejo bobo de reviver aqueles dias, ou apenas um daqueles dias (de preferência os mais tranqüilos, não? haha)... Não cheguei a me constranger com as lembranças... para algumas eu fiquei um pouco indiferente e para outras eu fui bem longe.

Na viagem de volta, de pensamento em pensamento, logo veio a minha mente duas passagens, uma do Livro do Desassossego e a outra de Alvaro de Campos, do poema "Aniversário"... outras passagens me vieram à mente, principalmente alguns poemas do Jorge Luis Borges - por inzêmprio, um poema lindíssimo chamado "nostalgia do presente" passagens de contos como "os tigres azuis" ou trechos de "A casa dos Budas Ditosos" (não, não me refiro a descrição das peripécias sexuais da narradora, perverts!, e sim de quando ela versa sobre a nostalgia e a saudade). Todos tratam, mesmo que na tangente, da memória e da sensação de perda diante da passagem do tempo. De qualquer forma, esses dois do Pessoa já me servem com bastante folga. Vamos, então:

Lembro-me de quando era criança e via,
como hoje não posso ver,
a manhã raiar sobre a cidade.
Ela não raiava para mim,
mas para a vida.
Porque então eu, (não sendo consciente)
eu era a vida.
E via a manhã e tinha alegria.
Hoje venho a manhã, tenho alegria,
e fico triste.
Eu vejo como via,
mas por trás dos olhos, vejo-me vendo,
E só com isso, se obscurece o sol,
O verde das árvores é velho,
E as flores murcham antes de aparecidas

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha,
Estava certa como uma religião qualquer.
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperança

Embora o ponto de partida seja o mesmo, e o tema seja tratado com igual delicadeza e igual crueldade (não pretendo fazer uma análise poética ou estética... nem se empolguem! - e alguém se empolga com o que eu escrevo? hahaha Se sim, me avisem!), os ângulos são bem distintos.
No primeiro, olhando a cidade amanhecer, seja no youtube, no orkut ou lendo o que restou de lembrança nas caixas, cadernos, camisetas assinadas (alguém ainda assina camisa no final das aulas?) de imediato se percebe que aquela primeira sensação está perdida. Repetições são impossíveis.
O trecho extraído do "Livro do Desassossego" ilustra a minha sensação diante dos desenhos e seriados que eu assistia na minha infância: uma comida requentada, levemente ou quase estragada. Ou talvez como se fosse profanado um templo sagrado...
Entender que tudo sempre foi fosco e os olhos simplesmente tinham o poder de dar vida e cor as coisas é algo desconfortável, no mínimo. Por isso, não gosto muito de ir na onda do saudosismo... o passado não é necessariamente melhor ou pior.
No entanto, rever e de algum modo emular as sensações da infância é, sim, muito bom, revigorante em alguns casos, mas depende muito de como for feito. O problema está quando elas são colocadas em um patamar superior, quando são por nós sacralizadas e ficam tão inatingíveis, que passam a ser uma ameaça, fica doloroso lembrar.
Borges disse uma vez que o importante não é ler, mas reler. Um de seus personagens disse na vida ter lido apenas 4 ou 5 livro (vou olhar depois para me certificar, mas se estiver errado, e alguém souber, pode me corrigir!), estes foram justamente os que ele lia e relia. E, se a principal leitura que fazemos é a do livro de nossa vida, o ofício exige cautela e calma. Primeiro porque esse costume bobo de achar que o passado sempre foi melhor, mascarar as lembranças, fantasiar que tudo foi bom... hmmm, isso é um caminho perigoso, e a nossa amiga narradora do livro "A casa dos Budas ditosos" (do mestre João Ublado Ribeiro, ilustre cidadão da Ilha de Itaparica) já nos explicou isso com muitos detalhes.
O verde velho das folhas sempre esteve lá, e as flores sempre estiveram murchas... o problema é admitir que os nossos olhos também envelheceram e estão vendo mais cinza do que deveria...
É justamente neste ponto que os dois textos se encontram: na quebra com o sagrado da infância no poema "Aniversário", que aqui estou livremente utilizando como complemento. Da infância sobraram as esperanças que nunca se realizaram, e tampouco se realizarão, e o tempo, visto como o Rio Aqueronte ou o Styx, traz as eternas separações. Ser criança é ter a certeza de que todos estão vivos. A palavra morte raramente faz parte do vocabulário infantil, fora dos desenhos de luta, a idéia da morte é algo abstrato e pouco compreensível. Essa segurança que sentimos na infância é posta em xeque. Olhando para trás, se percebe as farsas. "Quais eram as minhas esperanças?", diz Caetano Veloso na letra da música "O Nome da Cidade".
O passado foi tão difícil quanto é o presente, dificuldades diferentes, mas tão complicadas quanto... em bom cristianismo: a "cruz só aumenta e fica pesada", "Deus só dá a Cruz pela força de quem a carrega" ou ainda "Deus dá o cobertor de acordo com o frio".
A minha grande saudade da infância eram meus sonhos e minhas esperanças, não fui (muito) inconseqüente, e por mais que eu queira negar, fui, sim, muito ingênuo (acho que isso deve ser bom, apesar dos problemas que me trouxe) e daltônico às avessas haha.
O caso é que estes dois textos, embora tão cruéis (já que é cruel crescer... o nascimento, o parto, é doloroso, e talvez seja uma das grandes metáforas da vida), são bem reconfortantes... primeiro porque tentam universalizar um sentimento e uma frustração, a ponto de naturalizá-la, e depois porque eles, de certa forma, neutralizam essa sensação de que falta um pedaço. Faltará sempre um pedaço. E isso é bom.
Outra conseüência bacana dessa experiência é perceber que algumas coisas mudam profundamente e outras, não. Depois de me colocar no divã com Seu Pessoa, Seu Borges e Dona Casa dos Budas Ditosos, posso mais uma vez voltar ao YouTube...
O tempo segue sendo essa vedete... hehehe... todo mundo fala! Termino hoje com uma música do David Bowie que se encaixa aqui também... (pensei em colocar "o tempo não pára", na versão original ou na versão inclassificável do Ney Matogrosso, mas como escrevi este texto ouvindo "Hunky Dory", "Space Oddity" e "The Rise and Fall of Ziggy Stardust and The Spiders from Mars", David Bowie foi quase uma imposição. haha). A música se chama "Changes"... conhece? Está em uma das propagandas de Vh1...

Prometo que os próximos textos serão mais engraçados... tenho saído pouco e perdi meu "bloc" (o blog físico que anda comigo onde eu for!)... encerrei o assunto memória, por hora, pelo menos...


CHANGES
(crique aqui e faça o "daúnloudil")

Low down
Ooo

Still don't know what I was waiting for
And my time was running wild
A million dead-end streets and
Every time I thought I'd got it made
It seemed the taste was not so sweet
So I turned myself to face me
But I've never caught a glimpse
Of how the others must see the faker
I'm much too fast to take that test

Ch-ch-ch-ch-Changes
(Turn and face the strange)
Ch-ch-Changes
Don't wanna be a richer man
Ch-ch-ch-ch-Changes
(Turn and face the strange)
Ch-ch-Changes
Just gonna have to be a different man
Time may change me
But I can't trace time

Ooo yeah
I watch the ripples change their size
But never leave the stream
Of warm impermanence and
So the days float through my eyes
But still the days seem the same
And these children that you spit on
As they try to change their worlds
Are immune to your consultations
They're quite aware of what they're going through

Ch-ch-ch-ch-Changes
(Turn and face the strange)
Ch-ch-Changes
Don't tell them to grow up and out of it
Ch-ch-ch-ch-Changes
(Turn and face the strange)
Ch-ch-Changes
Where's your shame
You've left us up to our necks in it
Time may change me
But you can't trace time

Strange fascination, fascinating me
Ah Changes are taking the pace I'm going through

Ch-ch-ch-ch-Changes
(Turn and face the strange)
Ch-ch-Changes
Oh, look out you rock 'n rollers
Ch-ch-ch-ch-Changes
(Turn and face the strange)
Ch-ch-Changes
Pretty soon now you're gonna get older
Time may change me
But I can't trace time
I said that time may change me
But I can't trace time

Reconduções e entrelaces teórico-filosóficos nos limites e fronteiras dos rumos possíveis do rompimento do cânone e do olhar transdiciplinar plural

quinta-feira, maio 22, 2008

Se este missivista (de 23 outonos recentemente completados) tem uma saudável obseção, ela atende pelo nome de "elocubração acadêmica" - um carinhoso apelido para aquelas frases de efeito, aforismos, máximas, mínimas... enfim, aquelas frases que a gente acha absolutamente bonitas e que se colocam um (ou talvez inúmeros) nível acima de nossa... ahm... ahm... hummm... inteligência.
Ainda quando calouro na famigerada Universidade Federal da Bahia na imaculada Faculdade de Comunicação, eis que, na empolgação caloura, freqüentei o máximo de palestras, fóruns, simpósios, encontros e mesas redondas que se possa imaginar... no início eu entendia pouca coisa, mas julgava não entender porque eu ainda estava verde, não conhecia os termos nem o jeito de me comportar, imaginava dominar algumas coisas, mas ficava na minha... claro, fui um calouro bastante convencional (desses que entram na universidade com eras glaciais de experiência acadêmica e cheios de questionamento e "posturas" quanto aquelas famosas "questões e problemáticas" e os famosos "muros" da academia - sim, hoje estou exorcisando o calouro que existe em mim!).
O mais legal foi que, ainda calouro, comecei a desconfiar das farsas e fraudes (não me refiro aqui aos plágios, por favor!!!) daqueles belíssimos discursos proferidos com tanto afinco e altivez, além das perguntas, tréplicas, debates eufóricos, apaixonados...
A primeira coisa que eu entendi foi que eu gosto do ambiente da universidade... afinal, uma maçã não cai muito longe da macieira: filho de pais professores e pesquisadores (de áreas do conhecimento não muito afins), nascido e criado na segurança dos "portões, muros e questões problemáticas da academia", entrei em uma escola que me apaixonou... então curtir essas coisas estava no pacote! Logo dei um jeito (ou pelo menos o meu jeito) de desenvolver pesquisas, apresentar comunicações, escrever artigos, até criei um blog e... ops, digressões, digressões...
Bom, voltando: entrei na universidade e confirmei que gosto dessa coisa acadêmica (por menos ortodoxo que eu seja e por mais próprio que seja o meu jeito de gostar)... esses eventos passaram a ser jeitos de aprender algumas coisas, alguns me ensinaram apenas palavras bonitas e como aliterações e paráfrases podem ajudar ou até mesmo transformar radicalmente um artigo, uma fala, uma conferência.
Agora, se uma coisa está ou não sendo dita, aí são outros quinhentos!!!
A primeira vez que eu presenciei uma elocubração foi quando após 25 minutos de uma conferência lida por um renomado pesquisador da UFBA ele disse que "tudo não passava de um dilema ético-político no âmago da intelectualidade. Muito obrigado". Desde então eu desconfio muito do uso de determinados lexemas ao invés de outros e da fé cênica empregada quando do seu uso. Como falei antes, no início eu me achava burrinho por não entender nem 10% das coisas que eu ouvia nas palestras e conferências (bom, burrinho eu ainda sou!!!) e pior: me achava o único burro, porque as pessoas anotavam muitas coisas em seus bloquinhos e cadernos, enquanto nos meus eu colocava apenas um ou outro livro, um e-mail do pesquisador, uma passgame bacana, uma elocubração de destaque (lógico!). Mas, de fato, eu me dedicava a rabiscar com cuidado e apreço todas as folhas timbradas... fora que as pessoas traziam no rosto aquela expressão de "tô entendo tudo" e nos coffee breaks (acho "coffee break", por sinal, um nome cafona para intervalo.... uma breguice pura!!! As pessoas esfomeadas cerceando o comportamento alheio... humpf! Antes de comer, faça pose de educado, pegue um pãozinho délicia - tradição da Bahia é chamar pãozinho de "pãozinho dÉÉlicia" - e depois, quando nínguem mais estiver, pegue vários, guarde na bolsa/mochila/sacola do congresso e coma discretamente durante as palestras... "bobagem, meu filho, bobagem...") converse bastante, contraponha os argumentos apresentados, questione a fala daquele especialista franco-alemão que estudou numa universidade inglesa e tem 45 livros publicados, diga que achou a fala dele superficial ou que ele simplesmente não "coordena bem as idéias" ou que ele é "epistemologicamente incorreto"... sim, todos os exemplos são coisas que eu já ouvi por aí... seja lá o que cada uma dessas coisas signifique... como eu disse, não entendo muito bem dessas coisas.. eu sou um amante da academia, mas não sou intelectual e inteligente... é quase como o mundo dos cansados: vou mas não entendo aquele dialeto exótico que eles falam.
Mas nem sempre escapamos das elocubrações... elas podem emergir até mesmo em uma inocente aula... e se o tema da aula ou da disciplina for remotamente ligado a filosofia, sociologia ou alguma teoria pós-contemporânea, cuidado... você pode ouvir coisas como "...o mundo poderia e deveria ser uma única estrutura, nós poderíamos ser uma única carne, víva e pulsante..." ou perguntas como "e como resolver tamanho dilema ético-filosófico quando a possível forma de elucidar essa questão é um possível oxímoro, professor?"... é por isso que eu cramo!

"sim, eu poderia abrir as portas que dão pra dentro [...] mas eu prefiro abrir as janelas para que entrem todos os insetos"

E os títulos??? Ah, esses merecem um post a parte!!! Peguem os programas de congressos, encontros, e eventos semelhantes... "simpósio", tem nome de evento naturalmente intelectual do que "simpósio de ciências humanas e ciências sociais aplicadas: o olhar multidisciplinar para a discussão das reintrâncias metodológicas na análise antropológica da obra literária contemporânea em um contexto global"... talvez isso seja despeito, sou péssimo de títulos... os meus artigos sempre tem títulos diretos e objetivos (pelo menos os mais antigos... heheheh... os mais recentes tem esses enfeites)... i.e: quando fui falar dos públicos de um teatro daqui de Salvador, eu escrevi "Públicos do Teatro Sesi Rio Vermelho", mas na verdade eu deveria colocar algo mais chamativo... colocar uma "conseqüência", uma "abordagem", algo que desse destaque. Bom, com relação aos títulos, devo dar um desconto, porque quem diz que um livro não se julga pela capa, além de um grande mentiroso, é um bobo hipócrita! Os títulos dos "simpósios" e dos artigos e comunicações devem chamar atenção, imaginem que alguns congressos chegam a ter 10 ou 20 apresentações simultânes, todas interessantíssimas, relevantes, por pesquisadores com lattes de respeito, especialistas naquilo que está na ponta, todos estão na sua bibliografia da iniciação científica, monografia, dissertação ou tese... o que fazer? O diferencial é sempre o título, afinal, as aparências nem sempre enganam... e se é bom, que pareça ser bom, ora essa! Tá, os títulos se salvam, mas e as passagens cretinas das falas? Aquelas que tem um objetivo meramente cosmético? Ou pior seria esse código de comportamento ("não tô entendendo nada, mas sou excelente ator, minha cara diz que tô sacando tudo!")... Bom, nem tanto nem tão pouco, meus jovens... Não confundir a cara dos intelectuais silenciosos com a cara de interessado! Elas são sensivelmente distintas. Humildade é bom, mas na academia, uma das maiores fogueiras da vaidade da História da humanidade, este termo não deveria existir... hehehe É um menu de opções variadas, e na dúvida, o jeito é escolher o mais bonitinho, mesmo. Claro que isso acabou invertendo as coisas: vira um campeonato e vence aquele que for mais complicado, ainda que tudo aquilo que foi dito não signifique absolutamente nada! Tem frases de efeito e fé cênica? Então passa... Alguém precisa gritar que o rei está nu!!!!



MURIEL, O REI ESTÁ NU!!... E ESTÁ REALIZANDO UMA PALESTRA!!!
ARRRRRGHHHH!!!!!!!!!

Dica valiosa: vamos usar o portal da capes e o scielo!

sábado, abril 12, 2008


Bom, que nós dispomos de grandes mecanismos de acesso facilitado e público de informação não é novidade para ninguém. Não me refiro apenas aos search engines (google, yahoo, etc...), mas de portais de informação como o Scielo, Portal de Periódicos Capes (o maior banco de dados de periódicos do país e um dos maiores do mundo), Google Scholar, além dos bancos de teses e dissertações das universidades e dos programas de pós-graduação, periódicos que funcionam no sistema SEER (que chegou até nós graças ao IBICT - Instituto Brasileiro de Ciência Tecnologia e Inovação), temos um sem-número de sites pessoais ou de organizações que se dedicam a publicar (no sentido mais lato da palavra) acervos (raros ou não) para qualquer usuário interessado (experimente colocar no google "acervo + download + domínio público").
Não me refiro aqui aos sites que se dedicam a publicar obras ou acervos que ainda estão sob domínio privado e protegidos por alguma lei de direito autoral, mas do conhecimento produzido por universidades e institutos de pesquisa, periódicos eletrônicos e, principalmente, de acervos (quer seja de literatura, música, audiovisual ou demais linguagens) de interesse público que já se encontram em domínio público. Como sabemos, não basta estar em domínio público para efetivamente ser público, isto é, tornado público de fato. A iniciativa destes portais é a de sistematizar o acesso desses dados Os pesquisadores já conhecem o Scielo e já ouviram falar no "Portal da Capes" (como é mais conhecido). A diferença do primeiro para o segundo é enorme, embora ambos trabalhem com princípios e objetivos comuns. O Portal da Capes é mais complexo e muito difícil de usar, mas não é impossível, podemos acessar fora das universidades, inclusive (basta ter um ID ou e-mail "@universidade qualquer"), este serviço dispõe de ferramentas mais avançadas: enquanto o scielo começou como uma base de dados da área de saúde (a área de saúde é uma grande concentradora de recursos e esforços na área acadêmica e reponsável por grandes avanços nas demais áeas do conhecimento, inclusive muitos costumam "adequar" suas pesquisas para encaixar neste campo, afinal os recursos são substancialmente maiores... as ferramenteas são utilizadas inclusive pela área de ciências humanas, e um bom exemplo disso é a consolidação do SPSS) , mas hoje é uma das bases de dados de maior importância o cenário acadêmico nacional e internacional. Assim como o portal da capes e google scholar, se facilita o acesso de publicações indexadas e disponíveis na web. Então se encontra muita coisa, mas muita coisa mesmo... o que derruba por terra a conversa de muito orientador que diz que determinada bibliografia só existe em italiano, francês ou espanhol. Se acha de tudo! Sabe aquele assunto que vc jutra que é uma idéia sua? Lá já tem 50 artigos só dele! É muito bom... Usando o "Portal da Capes" em consultando a "Plataforma Lattes", além de achar a informação desejada, é possível saber a trajetória do autor!
Então nós, humildes juniores na arte da pesquisa estamos salvos? Necessariamente não. Estas ferramentas de acesso facilitado a informação indexada não é devidamente utilizada (ressalto que em números universais, a taxa de utilização é altíssima, a ponto do google scholar ser um critério para qualificar as publicações e meio de facilitar a infometria), porque, apesar de todos os universitários precisarem desenvolver pelo menos uma pesquisa durante seu curso, o famigerado TCC (ou Trabalho de COnclusão de Curso), encontramos dois grandes problemas: não se sabe utilizar os search engines como se imagina (por mais facilitados que eles sejam) e não existe o costume de freqüentar o maior equioamento de referência no ofício da pesquisa - a biblioteca.
A bibliteca universitária é o repositório de um conhecimento produzido e dispõem, ao menos em nível ideal, de profissionais e de uma infra-estrutura que facilita o acesso à informação e ao acervo (inclusive dispondo de inúmeros softwares). O problema é que as bibliotecas universitárias, assim como as bibliotecas públicas, sofrem de um mal crônico: valorizamos as bibliotecas como símbolo máximo do conhecimento, como repositório e fortaleza do conhecimento produzido, como espaço de combate ao analfabetismo, mas... as bibliotecas, por conta de sua estrutura histórica, inversão de valores, atuação dos profissionais e a influência dos setores médios da nossa sociedade, faz com que os espaços se tornem santuários, fazem dos livros obras sacras e imprimem a simples ação de buscar um livro e realizar uma leitura qualquer, em seguida, algo complexo e difícil. As bibliotecas são queridas e amadas, são arquétipos da liberdade e da vitória dobre o analfabetismo e do fim da cegueira. Mas, se este ideal iluminista é lindo no papel, é ordnidário no cotidiano. As Biblioteca Públicas são equipamentos relativamente recentes, sobretudo quanto a função definida a partir de um manifesto da UNESCO punlicado em 1995, que descreve a estrutra de funcionamento e os objetivos de uma BP, que se alinha inclusive a nossa idéia de "centro cultural", espaço polivalente, que tem condição de abrigar diversas linguagens artísticas, linguagens culturais distintas (teatro, cinema, artes plásticas) e ainda dispõe de um acervo literário. Nós vivemos no seguinte contexto: as bibliotecas (assim como os teatros, museus, galerias) são locais inatingíveis, e de utilização restrita. No cotidiano da urbe, os teatros, museus e bibliotecas são do domínio de intelectuais e das classes altas. Daí o costume de ir assistir uma peça qualquer usando "roupa de sair" e ir a bilbioteca com aquele ar de ir a igreja. Nos dois casos o silêncio é uma lei, ficar calado é uma ordem. O teatro ainda permite o riso e o choro, mas somente no momento oportuno. Fora que a história de "teatro é cultura" e "ler é cultura" também acaba por afastar as pessoas... esqueceram de explicar que ler é diversão, é lazer, é alegria... que ir ao teatro é lazer, e não apenas quando a peça é uma comédia, e que não há nada errado com a comédia! "Ler é bom", dizemos. Mas, Paulo Coelho não pode! Além disso, as pessoas assimilaram uma idéia torta de cultura, que a UNESCO, Ministério da Cultura, a atual Secretaria da Cultura (e suas autarquias Funceb e Fundação Pedro Calmón) tentam combater. Não é fácil. Cultura não é apenas o erudito... mas é comum assimilar "cultura" ao erudito "cultivado". E numa sociedade pós-rural (eu disse pós?) e pós-ditatotial (eu disse pós???), as coisas se complicm ainda mais... principalmente que o ditatorial é pós-colonialismo.... e um colonialismo exploratório! Tudo conspira contra estes equipamentos... Ora bandeiras da liberdade, ora símbolos máxmos da castração... ordem e silêncio! Os bons profissionais, das áreas do teatro, biblioteca, museus e galerias (embora aqui meu foco seja a biblioteca e a informação) para além da propaganda e das velhas palavras de ordem, estão invertendo o fluxo do público: não se supõe (ao menos totalmente) o que os públicos buscam, mas se busca compreender o que estes púbblicos procuram e quais as soluções que eles encontram para a ausência destes equipamentos culturais. Em Salvador, por inzêmprio, há pelo menos 12 bibliotecas comunitárias mapeadas e estudadas, consideradas pela pesquisadora Ivana Lins, em seu trabalho de mestrado, como "espaços alternativos de leitura" - não se constituem como bibliotecas, embora funcionem como espelhos. Estes espaços, além dos inúmeros grupos comunitários de teatros, teatros improvisados, gurpos de teatro de rua (este missivista trabalha com dois grupos de teatro, resslato que são grupos periféricos e conhece pelo menos 50 grupos, sendo que Salvador dispõe de, no máximo, 40 teatros, e destes, apenas 20 estão em plenas condições de funcionamento e apenas 10 possuem programação constante), promovem, nas periferias e bairros afastados do corredor cultural da cidade, o acesso a bens e serviços culturais. Lembrando que o volume demográfico das periferias é sempre superior ao do centro. Deste modo, as biblitecas públicas seguem em silêncio, assim como teatros e museus. Elas são bens imensuráveis para todos, dominadas pelas classes médias, porém, utilizadas por poucos. São templos sagrados... o problema é que nem todos são religiosos.
Como isso afeta a (baixa) uilização das bases de dados pna pesquisa? O acesso a universidade aumentou vertiginosamente, porém, sabemos que a maioria das escolas não dispõe de biblioteca, e quando dispõem, não possuem um profissional capacitado na gestão. Muitas possuem biblitecas fechadas, algumas são espaço de castigo, inclusive. Portanto, a maioria dos universitários sequer entrou em uma biblioteca escolar, e olha que se formos falar em bibliotecas públcias o número é ainda mais alarmante! Então sem saber usar uma biblioteca (sobretudo com as funções avançadas de recuperação de informação conseqüentes da catalogação eletrônica), como saber utilizar bases de dados como o portal de documentos da capes e o scielo? Continua uma coisa meio maçônica, quando é algo tão trivial quanto comprar tomate em feira livre. E até nesta situação tem quem vire pavão pra dizer que sabe usar e, efetivamente usa, estas bases e quem fique constrangido de não saber usar e...
... aqueles que nunca ouviram falar!
Vira e mexe recebo por e-mail uma mensagem dizendo que o governo vai fechar o Portal da Capes por falta de utilização... sob este prisma as bibliotecas também deveriam ser fechadas! Ambos vão continuar funcionando. Mas dependemos dos profissionais pra quebrar esta imagem cristalizada que envolve o acesso à informação. Além do portal da capes há inúmeros portais de e-books, bases de literatura, mangás (?), HQs(!!!!!)... e todos são parcialmente utlizados... em parte pela baixa instrumentailização e pela falta de informação prévia dos instrumentalizados... a web 2.0 tá aí! Mas se não resolvermos os problemas da 1.0 vamos chegar na 10.9 com os mesmos problemas elementais e os erros crassos!
Confiram os sites do IBICT, Portal de Periódicos Capes, Sieclo e no site da bibliotece de sua IES (faculdade, centro universitária ou universidade), as bases de dados, procure um bibliotecário, se ele for bom, saberá te informar e te ajudar!


Não sou uma traça de livro... ou sou?
Sou um vírus que vaga pela internet, isso sim!
Até breve!