O que nós temos de Kublai Khan?

sábado, junho 21, 2008

Apesar do título, não vou discorrer sobra a obra de Calvino, mas algumas coisas dela vão me servir.

Sim, é nas madrugadas que as palavras vêm com maior freqüência e maior força... talvez seja o efeito do conflito sono X sonho X vigília... a eterna luta na guerra da insônia!

Hoje (ainda estou no dia 20, só é 21 depois que eu dormir!), tive a oportunidade de avançar em um trabalho que desde o início deste ano eu tenho burilado e flertado bastante: o trabalho em comunidade. Acho que tudo que eu já fiz (leia-se o Circuito Baiano de Samba de Roda e o Projeto Cordel do Pega Prá Capar) é bastante ligado à questão das ações na/da base, mas hoje eu pude conhecer uma experiência de uma associação comunitária daqui da cidade em um bairro violento e cujas situações de risco e vulnerabilidade social são bastante preocupantes. Este trabalho foi o desdobramento de uma consultoria que eu dei para uma instituição de ensino superior e para um trabalho de assistência que dei a duas pesquisas, dois trabalhos de mestrado, a primeira em 2004, da UFBA, e a segunda da NYU em parceria com o ISC/UFBA. Nos dois casos se voltou o olhar para as comunidades, os problemas de exclusão e omissão do Estado foram abordados de modo bastante diferente: um cuidava da questão da violência como um problema de saúde pública e o outro da exclusão do mundo letrado e do acesso restrito à informação mediada em equipamentos culturais, principalmente a Biblioteca Pública. Nos dois casos, a inclusão cultural foi apontada como importante vetor de melhoria na qualidade de vida e como forma de redução das situações de risco (não como uma ação isolada). A biblioteca, entretanto é apontada como menina dos olhos, objeto de desejo. Motivos são muitos... as bibliotecas, e alguns bibliotecários, ainda acham que a Biblioteca de Babel existe e sua sede é uma torre de marfim. Outros, os não-profissionais, uma parcela significativa da população que inclui os setores medianos da sociedade e alguns nichos da academia, consideram um equipamento ultrapassado e que devem se configurar em "Centros Culturais", seguindo o modelo francês. A biblioteca é um espaço público de cultura que conserva maior fato de publicização que os demais equipamentos, contudo. O acervo é (ou deveria ser) livre, a mediaçãoo se dá apenas no momento de pesquisa e nas técnicas de recuperação e disseminação. Enquanto no teatro e no cinema, a fruição depende de recursos externos ao interlocutor (os públicos, em última instância), e no caso da biblioteca, o objeto mediático é o livro, e sua fruição depende do leitor. Não pretendo tratar da qualificação da leitura ou da interpretação do texto, mas sim do acesso. O livro é um objeto íntimo, é táctil, visual. A biblioteca é o espaço onde se pode literalmente mergulhar e buscar as nossas "vindicações". Esse fetiche com a bibliteca gera, obviamente, distorções absurdas, um culto excessivo ao equipamento e sua(s) obra(s) e o distanciamento do público. Por outro lado, as disputas intelectuais, acadêmicas e políticas sobre o que é cultura (do ponto de vista de uma política cultural governamental), geralmente promovem um cisma entre leitura, livro e biblioteca, e as demais manifestações e equipamentos que lhes dão suporte. Principalmente em Estados cujos órgãos administrativos ainda estão se definindo no campo da cultura e das artes. Luís Milanesi, amado por uns e odiado por outros, trouxe em seu livro "A Casa da Invenção", grande ensaio em formato de manual prático que combina ficção e teoria/técnica na gestão pública da cultura, a idéia que as bibliotecas são objeto de desejo, mas um desejo que acaba se sublimando em outro desejo: na criação de um centro cultural. Ora, sabe-se que os grandes "centros culturais", como é o caso da Alemanha, são as Bibliotecas Públicas (que são diferentes das Bibliotecas Universitárias, Bibliteocas Especializadas, Bibliotecas Escolares...). Mas ainda resiste a idéia de que Biblioteca Pública é um repositório de livros e que um centro cultural é dinâmico e (supostamente mais) vivo. Falácias, falácias... mas deixe, meu filho, são bobagens...
Sabemos que as bibliotecas eram símbolos de poder e status, haja vista que apenas duas fatias pequenas da sociedade as possuiam: o clero e a aristocracia. O domínio da leitura e da escrita eram restritos e vistos como "luxos desnecessários", mulheres não estudavam, por exemplo. O fato é que as biblitoecas eram bens privados, e a partir da Revolução Francesa, com o ideal de universalização da alfabetização, é que surge uma noção de equipamento público de mediação da informação e cultura. Então, na qualidade de equipamento público, além do acervo literário, o espaço abrigaria outras atividades relevantes e que deveriam contribuir e complementar o aprendizado e o lazer. Isso se acentuou bastante após a II Guerra. Claro, não vamos esquecer que o fato de existir um equipamento de acesso público não promove o acesso instantaneamente, e principalmente porque a cultura letrada (e o capital simbólico evocado pela cultura) é excludente. Logo, a leitura era lazer para intelectuais (enfim, pessoas ricas, a elite, a nata!) e chatisse para as famigeradas "massas". A biblioteca é um equipamento distante da realidade da maioria das pessoas, mas continua sendo um objeto de desejo, um direito. Este raciocínio se ampliou para a questão dos centros culturais, ainda mais se a localidade possuirm escasso número de espaços destinados à produção artístico-cultural. É muita "cultura" e pouco "lazer". É um direito, mas é ditante que parece que nem todos têm esse direito!
Desde 2004, quanto tomei contato com o mapeamento de biblitecas públicas e bibliotecas comunitárias (e, logo em seguida, com o de teatros), percebi que, na omissão do Poder Público e na eterna quimera do direito ao acesso às bibliotecas, um sem-número de pessoas fizeram a hora e não esperaram acontecer: criaram, com recursos próprios e articulados em um modelo de gestão baseado numa rede social, colaborativa, as suas próprias biliotecas. São espaços improvisados, nem sempre confortáveis, com acervos limitados, poucos equipamentos de apoio e dificuldades na prestação de serviços. Porém, conseguiram o que poucas Bibliotecas Públicas conseguiram: o apoio de uma comunidade, visibilidade e freqüência. Além de se configurar em aporte para outras ações (culturais ou não). É um espaço de discussão, de realização de eventos, de debates sobre tolerância religiosa ou de ordem da orientação sexual, identidade e gênero. Coisa que nem os amigos da Biblioteca Nacional conseguiu com uma adesão tão grande.
Passei o dia lá... um dia pra lá de agradável, por sinal. Clima bacana, pessoas muito gentis, muita disposição para o trabalho, paciência e muitos sonhos... ao mesmo tempo tudo muito simples. Li um breve histórico, conversei com algumas pessoas do bairro, adiantei muitas coisas e saí de lá com vontade de concluir o trabalho e realizar outros tantos!
No caminho de volta eu fiquei matutanto sobre o dia e me lembre de Calvino, nas cidades invisíveis... mesmo o maior imperador da História (Kublai Khan) não podia conhecer as cidades que dominava, e nem mesmo Marco Polo pode se reportar com sucesso. Só visitando e conhecendo a única coisa que pode diferenciar uma cidade da outra: as pessoas. E para além disso, as cidades são muitas cidades, o discurso é dissonante e cheio de disparidades, mas nos acostumamos a vê-las com olhos preguiçosos. O país também são muitos países, mas não apenas diante das diferenças de sotaques, de PIB ou produção agrícola, mas que existem Brasis que a TV não exibe, talvez até mesmo por desconhecimento, tratado como exótico, diferente... aquele país da "gente que faz", quando tanto coisa está envolvida. Existem Estados paralelos, mas não apenas porque existe um crime organizado, mas porque as comunidades se organizam (a maioria das vezes SEM o auxílio do crime) e ocupam os espaços vazios que o Poder Público ignora ou desconhece. Este Brasil vive e acontece em silêncio, porque só é lembrado em momentos de polarização (ora, "Os meninos do tráfico", ora, "minha periferia", da Regina Casé). Ele não te pede autorização para existir, e existe mesmo que você o negue, porque ignorá-lo é, de alguma forma, tentar uma anulação de sua existência. Essas pessoas consiguiram em pouco tempo muitas coisas que instituições grandes e o Poder Público não conseguiu. E quanto às bibliotecas, eles superarm o fetiche da leitura e da biblioteca e partem com os pés no chão. Eles têm suas próprias bibliotecas, seus museus, se articulam, realizam eventos e trazem benefícios para os moradores com recursos pífios! R$1.000,00 para uma associação dessas faz toda a diferença, enquanto para os cofres públicos não passa de centavos. Em poucos anos, a associação que visitei auxiliou alunos secundaristas, universitários, inscritos em concurso, se profissionalizou (dentro do possível), teceu redes de parceria... e o melhor: sem aquele ranso das instituições oficiais da cultura, praticantes da pedagogia da libertação que subjulga o Outro... os exemplos "Quanto Vale ou é por quilo" e aqueles jovens ativistas expostos em "Tropa de Elite" são bem ilustrativos, embora tendenciosos. Mas existe, sim, uma indústria perversa de "projetos" (coloquei entre aspas para sinalizar um tom irônico) culturais e sociais... enquanto os realizadores deles andam de carros importados, a comunidade vive à míngua com migalhas.
Espero poder contribuir com eles, mas eles me deram a maior contribuição: confirmaram algumas idéias minhas e reforçaram meus ideais.

Bom São João (porque alguém deseja isso, mesmo? "Feliz Natal" eu até me esforço pra entender.... deveriam dizer: "Um engov antes, outro depois" ou "não abuse das drogas" ou "cuidado com as espadas" ou sei lá... cansei!)

Ser ou não ser saudosista?

segunda-feira, junho 02, 2008

A gente sabe que está mais velho quando vê os seriados que passavam na nossa infância na faixa "Nick@Nite" ou, no já extinto, bloco de clássicos do Boomerang... ná tinha pensado nisso? Apois, pense agora!!!

Acho este termo complicadíssimo, devo dizer antes de discorrer sobre o assunto. Tudo que envolve a memória sempre é complicado! Eu mesmo não gosto de falar disso, mas... (aquele "mas" característico do nosso querido Golias - que descanse em paz!) ultimamente algumas coisa me chamaram a atenção para as coisas passadas.... entre novos reencontros, reuniões não (tão) planejadas, voltas, mas basicamente, o que andou mexendo com meu lado nostálgico foi o "São YouTube".
Pude rever todas aquelas tosqueiras maravilhosas da minha infância: aberturas dos desenhos e seriados, alguns episódios completos, clipes... nossa, eu jamais imaginei que fosse ver.

Nota do blogueiro: Eu fui uma criança extremamente solitária, embora na época, assim como hoje, eu não me importasse muito com isso, até gostava. Acho que muitas crianças da minha época aprenderam a curtir sozinhas, haja vista que brinquedos como LEGO, PLAYMOBIL e similares fizeram tanto sucesso... além desses brinquedos, a TV, os livros, os gibis e revistas como a antiga HERÓI e ANIMAX, tornavam meus dias bastante ocupados... além disso, não tenho registro em agendas, e na época de minha infância e adolescência ainda não havia descobrido o prazer da blogoterapia... uma pena!

Depois de horas revendo os vídeos, procurando informações e matando antigas cuirosidades, fiquei pensando, acho que todos pensam assim por um segundo que seja, e com aquele desejo bobo de reviver aqueles dias, ou apenas um daqueles dias (de preferência os mais tranqüilos, não? haha)... Não cheguei a me constranger com as lembranças... para algumas eu fiquei um pouco indiferente e para outras eu fui bem longe.

Na viagem de volta, de pensamento em pensamento, logo veio a minha mente duas passagens, uma do Livro do Desassossego e a outra de Alvaro de Campos, do poema "Aniversário"... outras passagens me vieram à mente, principalmente alguns poemas do Jorge Luis Borges - por inzêmprio, um poema lindíssimo chamado "nostalgia do presente" passagens de contos como "os tigres azuis" ou trechos de "A casa dos Budas Ditosos" (não, não me refiro a descrição das peripécias sexuais da narradora, perverts!, e sim de quando ela versa sobre a nostalgia e a saudade). Todos tratam, mesmo que na tangente, da memória e da sensação de perda diante da passagem do tempo. De qualquer forma, esses dois do Pessoa já me servem com bastante folga. Vamos, então:

Lembro-me de quando era criança e via,
como hoje não posso ver,
a manhã raiar sobre a cidade.
Ela não raiava para mim,
mas para a vida.
Porque então eu, (não sendo consciente)
eu era a vida.
E via a manhã e tinha alegria.
Hoje venho a manhã, tenho alegria,
e fico triste.
Eu vejo como via,
mas por trás dos olhos, vejo-me vendo,
E só com isso, se obscurece o sol,
O verde das árvores é velho,
E as flores murcham antes de aparecidas

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha,
Estava certa como uma religião qualquer.
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperança

Embora o ponto de partida seja o mesmo, e o tema seja tratado com igual delicadeza e igual crueldade (não pretendo fazer uma análise poética ou estética... nem se empolguem! - e alguém se empolga com o que eu escrevo? hahaha Se sim, me avisem!), os ângulos são bem distintos.
No primeiro, olhando a cidade amanhecer, seja no youtube, no orkut ou lendo o que restou de lembrança nas caixas, cadernos, camisetas assinadas (alguém ainda assina camisa no final das aulas?) de imediato se percebe que aquela primeira sensação está perdida. Repetições são impossíveis.
O trecho extraído do "Livro do Desassossego" ilustra a minha sensação diante dos desenhos e seriados que eu assistia na minha infância: uma comida requentada, levemente ou quase estragada. Ou talvez como se fosse profanado um templo sagrado...
Entender que tudo sempre foi fosco e os olhos simplesmente tinham o poder de dar vida e cor as coisas é algo desconfortável, no mínimo. Por isso, não gosto muito de ir na onda do saudosismo... o passado não é necessariamente melhor ou pior.
No entanto, rever e de algum modo emular as sensações da infância é, sim, muito bom, revigorante em alguns casos, mas depende muito de como for feito. O problema está quando elas são colocadas em um patamar superior, quando são por nós sacralizadas e ficam tão inatingíveis, que passam a ser uma ameaça, fica doloroso lembrar.
Borges disse uma vez que o importante não é ler, mas reler. Um de seus personagens disse na vida ter lido apenas 4 ou 5 livro (vou olhar depois para me certificar, mas se estiver errado, e alguém souber, pode me corrigir!), estes foram justamente os que ele lia e relia. E, se a principal leitura que fazemos é a do livro de nossa vida, o ofício exige cautela e calma. Primeiro porque esse costume bobo de achar que o passado sempre foi melhor, mascarar as lembranças, fantasiar que tudo foi bom... hmmm, isso é um caminho perigoso, e a nossa amiga narradora do livro "A casa dos Budas ditosos" (do mestre João Ublado Ribeiro, ilustre cidadão da Ilha de Itaparica) já nos explicou isso com muitos detalhes.
O verde velho das folhas sempre esteve lá, e as flores sempre estiveram murchas... o problema é admitir que os nossos olhos também envelheceram e estão vendo mais cinza do que deveria...
É justamente neste ponto que os dois textos se encontram: na quebra com o sagrado da infância no poema "Aniversário", que aqui estou livremente utilizando como complemento. Da infância sobraram as esperanças que nunca se realizaram, e tampouco se realizarão, e o tempo, visto como o Rio Aqueronte ou o Styx, traz as eternas separações. Ser criança é ter a certeza de que todos estão vivos. A palavra morte raramente faz parte do vocabulário infantil, fora dos desenhos de luta, a idéia da morte é algo abstrato e pouco compreensível. Essa segurança que sentimos na infância é posta em xeque. Olhando para trás, se percebe as farsas. "Quais eram as minhas esperanças?", diz Caetano Veloso na letra da música "O Nome da Cidade".
O passado foi tão difícil quanto é o presente, dificuldades diferentes, mas tão complicadas quanto... em bom cristianismo: a "cruz só aumenta e fica pesada", "Deus só dá a Cruz pela força de quem a carrega" ou ainda "Deus dá o cobertor de acordo com o frio".
A minha grande saudade da infância eram meus sonhos e minhas esperanças, não fui (muito) inconseqüente, e por mais que eu queira negar, fui, sim, muito ingênuo (acho que isso deve ser bom, apesar dos problemas que me trouxe) e daltônico às avessas haha.
O caso é que estes dois textos, embora tão cruéis (já que é cruel crescer... o nascimento, o parto, é doloroso, e talvez seja uma das grandes metáforas da vida), são bem reconfortantes... primeiro porque tentam universalizar um sentimento e uma frustração, a ponto de naturalizá-la, e depois porque eles, de certa forma, neutralizam essa sensação de que falta um pedaço. Faltará sempre um pedaço. E isso é bom.
Outra conseüência bacana dessa experiência é perceber que algumas coisas mudam profundamente e outras, não. Depois de me colocar no divã com Seu Pessoa, Seu Borges e Dona Casa dos Budas Ditosos, posso mais uma vez voltar ao YouTube...
O tempo segue sendo essa vedete... hehehe... todo mundo fala! Termino hoje com uma música do David Bowie que se encaixa aqui também... (pensei em colocar "o tempo não pára", na versão original ou na versão inclassificável do Ney Matogrosso, mas como escrevi este texto ouvindo "Hunky Dory", "Space Oddity" e "The Rise and Fall of Ziggy Stardust and The Spiders from Mars", David Bowie foi quase uma imposição. haha). A música se chama "Changes"... conhece? Está em uma das propagandas de Vh1...

Prometo que os próximos textos serão mais engraçados... tenho saído pouco e perdi meu "bloc" (o blog físico que anda comigo onde eu for!)... encerrei o assunto memória, por hora, pelo menos...


CHANGES
(crique aqui e faça o "daúnloudil")

Low down
Ooo

Still don't know what I was waiting for
And my time was running wild
A million dead-end streets and
Every time I thought I'd got it made
It seemed the taste was not so sweet
So I turned myself to face me
But I've never caught a glimpse
Of how the others must see the faker
I'm much too fast to take that test

Ch-ch-ch-ch-Changes
(Turn and face the strange)
Ch-ch-Changes
Don't wanna be a richer man
Ch-ch-ch-ch-Changes
(Turn and face the strange)
Ch-ch-Changes
Just gonna have to be a different man
Time may change me
But I can't trace time

Ooo yeah
I watch the ripples change their size
But never leave the stream
Of warm impermanence and
So the days float through my eyes
But still the days seem the same
And these children that you spit on
As they try to change their worlds
Are immune to your consultations
They're quite aware of what they're going through

Ch-ch-ch-ch-Changes
(Turn and face the strange)
Ch-ch-Changes
Don't tell them to grow up and out of it
Ch-ch-ch-ch-Changes
(Turn and face the strange)
Ch-ch-Changes
Where's your shame
You've left us up to our necks in it
Time may change me
But you can't trace time

Strange fascination, fascinating me
Ah Changes are taking the pace I'm going through

Ch-ch-ch-ch-Changes
(Turn and face the strange)
Ch-ch-Changes
Oh, look out you rock 'n rollers
Ch-ch-ch-ch-Changes
(Turn and face the strange)
Ch-ch-Changes
Pretty soon now you're gonna get older
Time may change me
But I can't trace time
I said that time may change me
But I can't trace time