The Hype Machine...

sexta-feira, setembro 19, 2008


Tá, vivemos no império do efêmero (né, Tio Lipovetsky??)... eu mesmo, confesso que tenho uma banda favorita a cada semana, um filme favorito por mês... o mesmo vale para os livros, comidas (tem a temporada da comida japa, da mexicana, da baiana, da natureba-cool, da natureba-roots, da chinesa, da tailandesa...), bares, manias... tudo é bastante passageiro, é um arerê, uma afobação... tudo em excesso, um pouco narcotizante... um acúmulo de informação e o excessivo acúmulo de aportes culturais diversos (a palavara "aporte", por sinal está na moda!!!) acaba nos cegando...
O desejo, agora, não é mais ter mais do que os outros, mas, efetivamente, ter acesso ao produto e descartá-lo com substancial antecedência - o famoso "enquanto você ia plantar o milho eu já comia o bolo de fubá". É preciso, mais do que nunca, estar "na frente das tendências", esqueça isso de seguir tendências de comportamento: ou você lança uma tendência ou fica de olho na próxima tendência e começa a seguí-la imediatamente!!! Nunca a idéia de ser vanguardista foi uma ditadura (outra ditadura contemporânea que nos assola... além da ditadura das responsabilidades, da vida saudável....), mas esses nossos tempos nos cobram isso.
A diferença dos aportes culturais e a música (poderia incluir também o cinema em proporções inferiores) é que o acesso ao conteúdo é bastante diverso e simples: dispomos de softwares de compartilhamento, hosts, sites especializados (gratuitos ou não), inclusive o mais popular de todos, o iTunes, comunidades nos muitos "orkuts", além dos discos físicos, da famigerada pirataria e dos sebos de vinil. É aí que mora o perigo: na explosão de informações, que chegam com maior velocidade e em nível exponencial.
O problema (se é que é um problema) é que o consumo do produto não só é mais rápido, mas a forma de consumir também se intensifica, então a efemridade não significa aqui, nesse caso, um consumo superficial ou que aterrorize os praticantes da pedagocia do consumo cultural libertador e iluminador que provoque uma revolução. Não estou incluído fora dessa: já acumulo um acervo de mp3 que já passou dos 16 mil arquivos e sei que estou longe de ser o mais compulsivo. A maior parte é de músicas "diferentes", vanguardistas, étnicas, contemporâneas, experimentais, atuais ou antigas. Por mais que o acervo musical seja organizado, ter 16 mil arquivos (talvez tenha umas 18 mil músicas no acervo, porque alguns arquivos são material de vinil convertido em mp3) significa nenhuma música. As músicas simplesmente se perdem e, mesmo ouvindo no shuffle, muita coisa fica escondida. E sei que tem gente que tem mais de 200 mil arquivos na discoteca e mais uns 50 mil na videoteca... e pra quê isso? Acho que como tudo fica velho mais rápido, o gosto está em descobrir o novo enquanto ele novo for. Eu me lembro com clareza que a graça em brincar com LEGO era montar, desmontar e descobrir as possibilidades com os tijolinhos... depois que a casa, castelo, carro, nave, pirâmide ou dinossauro estava inteiro ele passava uns dois, três dias montado e depois virava uma pilha de tijolos coloridos. Claro que isso está elevado ao cubo! É preciso ser Hype... vi uma entrevista de uma designer certa feita na qual ela dizia que "quando uma roupa chega no mercadão popular, sabemos que a moda pegou... e que já está ficando brega..." PODE??
O caso é que, mesmo longe de qualquer hype, eu me divirto muito cavucando músicas novas (desde o antigo serviço IUMA - alguém lembra? -, passando pelo portal da trama e de gravadoras independentes, sebos de vinil....) e encontrei uma ferramenta de busca que é bem legal e bastante útil, ainda mais se você gosta de "achar o Brasil" (é achar mesmo!!) e ouvir aquela banda alemã com influências do Krautrock, Electro-Punk e Bossa Nova, antes de seus amigos (principalmente os cults ou os cult-nerds), eis sua magnífica oportunidade:

EIS AQUI O The Hype Machine (ou simplesmente The HypeM). Basta digitar http://hypem.com e você vai se entorpecer com música nova!!!

Se você quiser, também tem um tutorial que é CHUCHU BELEZA no Indiecent Music. Crique aqui

Por hora é só.

Sim, eu sou um junkie de música e troco informações sobre música como se trocavam figurinhas nas antigas... fazer o quê?

Não acredito na responsabiliadde social

sexta-feira, setembro 12, 2008

Falei há alguns posts que considero essa onda de "ades" uma onda de fraudes - responsabiliade social, é um claro exemplo disso. Já ouvi em alguns lugares bem distintos entre si (da academia a fila da padaria e as incontáveis assembléias de boteco) que "está na moda ser responsável".




Isso não só para as empresas. Eu, você, todos precisamos ser responsáveis. Humpf. Sim, sei....

A ditadura agora é outra: é preciso ser responsável. Aliás, agora é um dever ser responsável com tudo, cultura, meio ambiente, proteger as crianças, votar sabiamente e evitar as armadilhas dos "políticos corruptos" e, claro, "fiscalizar a ética" (essa última já soa até engraçado! É sabido que a tal ética é uma forma de
julgar os comportamentos e não os próprios comportamentos, ça va?! Não é um sentimento nem uma virtude: é um julgamento que classifica algo como correto ou incorreto, normal ou desviado, ok?! Então, classe, nada de dizer por aí que fulano é "anti-ético" ou que "falta ética nesse país"... não existe um "anti-julgamento", se bem que eu não duvido é de mais nada.... vou morar na Ilha de Itaparica e virar pescador, ganho mais!).

Mais do que nunca ir ao teatro, cinema (principalmente se for para prestigiar a produção audiovisual nacional), valorizar as culturas populares, as diversidades de credo, raça, etinia, valores é algo requisitado. Vejo com muita preocupação e resistência essa onda politicamente correta... Não se trata de descrédito, intolerância ou facismo. Primeiro porque essas supostas responsabilidades que devem ser assimiladas como solução dos problemas do mundo - da fome, pobreza, epidemias, poluição....... - são ainda um reflexo de uma mentalidade tecnocrata, colonizadora, altamente vertical e que dissimula o questinamento do status quo sustentada em uma "pedagogia das responsabilidades para a libertação".

Há um sem número de "eco-indústrias", há uma linha de "eco-design", é algo
in comprar móveis de madeira de demolição, madeira reflorestada, sapatos de couro ecológico, calças de algodão orgânico... mesmo que o impacto gerado por eco produto seja muito maior do que um produto "poluidor". As turnês são ecológicas. Al Gore (ou "A mosca.... morta!") ganha um oscar como consolação por não ter sido eleito presidente dos Estados Unidos consultando o oráculo da ciência para profetizar o fim do mundo. O futuro deixou de ser "Os Jetsons" e passou a flertar, mais uma vez, com "Blade Runner" e "Mad Max", numa perspectiva pessimista, e "Os Flintstones", numa perspectiva otimista. Claro, com tanta coisa orgânica, eco, máquinas vivas e carros híbridos (metade combustível, metade força humana nos pés), em breve estaremos iguais a família de Fred e Wilma.

O pior de tudo é que essas responsabilidades mascaram os problemas, os causadores dos problemas. Aí a coisa complica... o buraco é mais embaixo, veja só: os países mais desenvolvidos, e, portanto, mais poluidores (direta e indiretamente) são aqueles que estão capitaneando a retomada da proteção à mãe-natureza. Tem gente bacana? Sim, mas creiam, não representam mais do que 10%. Os últimos 100 anos testemunham um desdobramento de revoluções industriais que promoveram movimentos migratórios cruéis, duas guerras, duas epidemias de gripe (que mataram mais do que as guerras), ditaduras, guerras civis, poluição, os índices de qualidade de vida atingirem um nível de disparidade absurdo, concentração de riquezas e bens (inclusive os naturais), e para além da concentração assistimos a processos de usurpação de riquezas.

O que mais vem no pacote? Incríveis doses de hipocrisia. E vemos o Radiohead afirmar que as turnês ecológicas são inviáveis por causa dos....... fãs? Vemos um evento de proporções globais (afinal, para um aquecimento global, o evento tem que ser global também, se não fica por baixo) que deveria alertar o mundo contra o bicho papão do aquecimento global consumir absurdas quantidades de energia e causar um impacto semelhante ao de... hmm.. nada?! Acho bacana e válido que artistas e grandes empresas financiem o que está na moda... não é o negócio deles, mas ajuda o negócio deles a ser mais lucrativo. Não acho de todo mal que se financie a atual moda verde e responsável. O problema é que as coisas, como sempre, perdem muito as medidas e começa uma caça às bruxas. E o pior é que fingimos caçar e fingimos não sermos a caça. É patético!

O próprio respeito à diversidade, da cantada em verso e prosa Declaração da UNESCO (na qual o nosso Ministério da Cultura teve participação fundamental), que é uma coisa sensacional, é entendido por muitos pelo avessas. Algo como a diversidade não é apenas imposto por uma lei, por um código de condutas aceitáveis ou por uma obrigação de aceitar o outro. O Sodré, diretor da Fundação Biblioteca Nacional, disse uma certa feita que o respeito à divesidade (e algo que eu creio se extender às outras responsabilidades propostas nesse infante milênio) é condicionado por um quadro que é mais afetivo e sensível do que formado por uma racionalidade dada. Ainda na mesma fala (lá na Caixa Cultural), ele esclareceu o que é "diferenciar" e "fazer a diferenciação"; no primeiro caso, é feita uma distinção e se cria uma relação de identidade absoluta e alteridade absoluta, ou seja, o que Eu sou e o que Outro é, mas partindo de um olhar externo, é uma comparação superficial. Já "fazer a diferenciação" impolica em observar o Outro conferindo a ele uma identidade, uma identidade que possui diferenças e similitudes com a identidade do Eu. Obviamente, para fazer a diferenciação é preciso conhecer e para além disso compreender o Outro, sem super valorizá-lo ou subvalorizá-lo. Em última instância, é preciso gostar do Outro pelo fato dele possuir uma identidade diferente do Eu. É exatamente no oposto do comportamento de aceitar o Outro e considerá-lo um segmento fundamental de composição das identidades do Eu que se encontra a gênese do preconceito e das discriminações; quando o conjunto mais superficial de informações sobre as referências e identificações são suficientes para estabelecer uma comparação, sem que exista qualquer laço afetivo ou aprofundamento nas informações. Em geral, quem se compara também se considera superior, afinal, ele não precisa conhecer o Outro para
diferenciar. O Outro fica condenado em um caminho deslizante ou então o oposto: um fixação radical. E um detalhe, ou o sujeito que diferencia tem uma relação paternal com o Outro ou uma relação de repulsa.

Nota do blogueiro: Falei aqui em identidade e nem estabelci o conceito que estou pensando aqui. Bom, considero aqui identidade os conjuntos de identificações que os sujeitos assimilam e se valem na busca de alguma fixidez, uma vez que as identidades (ou conjuntos de identificações) são deslizantes e fluídas - nós somos muitos, desempenhamos múltiplos papéis e somos multireferenciais, embora em cada situação ou contexto um tipo ou um determinado conjunto de referências tende a prevalecer.


Vamos voltar para as responsabilidades?

A responsabilidade que se deseja atingir (sem conseguir) é algo que advém da esfera do sensivel, pela partilha intersubjetiva de valores em determinadas comunidades que variam no tempo e no espaço e que se modificam. Os valores que dão origem ao julgamento ético surgem nesse bojo e não no caminho inverso. A aceitação passa pelo sensível, uma vez aceito, determinado "conselho" deixa de ser uma obrigação moral e ética (recomendada pelos papas) e se converte em algo internalizado e natural, e ainda assim não está livre de transgressão.

Se eu acho a responsabilidade social bacana? Acho, lógico! Mas se ela não partir de um pensamento que veja no outro um indivíduo singular que detém uma cota imensurável de dignidade e que a relação, mesmo diante de hierarquias deve obedecer ao respeito dessa singularidade e ao processo de diferenciação, superando paternalismos e tecnocracias, continuaremos com um mecanismo falso, ações de realações públicas travestidas de responsabilidade social e "preocupadas com qualidade de vida". Ora, se não se considera o bem maior na vida de um indivíduo (sua dignidade), não há como falar em responsabilidade social ou qualidade de vida...

Acho que devemos preservar o planeta? Claro!! Mas desde que quem compre ilegalmente mógno da Amazônia pra fabricar instrumento musical (extendo aos artistas que compram os instrumentos) parem de promover uma cruzada pelo "pulmão do mundo" (que por sinal não é... o pulmão é Oceano Pacífico e as algas... o que a Amazônia preserva é uma IMENSA biodiversidade e contribui na manutenção da temperatura).

Mas essa é a extensão do colonizador: ele apronta e ainda sobra para o colonizado. O Radiohead faz um show, cobra (ou lucra) mais porque é "ecologicamente correto", mas se não deu certo a culpa é de quem foi para o show? Complicado... complicado...

Lá vem as organizações internacionais pautar as discussões locais e tomar a frente, como detentores do saber absoluto. Cuidado! Não se trata de um plano de dominação ou invasão, mas de reafirmação de superioridade e inferioridade. Não sou xenófobo, acho fundamental criar boas relações bi-laterais e multi-laterais em todas as áreas, inclusive porque o olhar estrangeiro pode flagrar coisas que o cotidiano esconde e contribuir substancialmente na solução, no entanto, quem deve pautar as necessidades é o país, a comunidade. Essas diretrizes mediadas pela comunicação de massa global desconsideram, em geral, quaisquer contexto espaço-temporal, realidades, identidades e singularidades. Daí uma efetividade, eficácia e eficiência pouco impactantes.


Voluntariado? Esse eu nem vou falar muito, mas eu só sei que muita gente lucra na filantropia e utiliza a mão-de-obra voluntária de modo perverso... me inventaram um tal de "mobilize sua comunidade", que resguardadas as devidas proporções me irrita bastante. Ainda mais quando eu acompanho os processos, mesmo que de fora.

Um dia ainda vamos compreender que a revolução começa dentro das pessoas (é por isso mesmo que ela não será televisionada via satélite nem veiculada na internet!). Acredito muito na soberania que vai da família até a nação. Tem um ditado em Barra do Gil (lá da minha infância) que diz que "da porta pra dentro povo de fora pisa devagar e só come o oferecido".


Acho que irei neutralizar as emissões de carbono das minhas missivas.


Até breve. À bientôt.

Ih, que fora...

quinta-feira, setembro 04, 2008


Todos conhecem e se relacionam muito bem com as situações mais constrangedoras, e por mais que saibamos que o constrangimento quase sempre é uma coisa mútua e relativamente normal - “ih, dei(deram) um fora... relaxe e esqueça...” -, se recuperar e continuar agindo de maneira normal é algo que demanda maturidade ou total falta dela talvez. Em geral pequenos ou grandes cuidados evitam enormes situações e bolas de neve de proporções homéricas. Aquela pergunte indiscreta, aquele comentário inoportuno, a colocação descabida ou aquele flagra fatal... Como eu disse, quase sempre são coisas bastante bobas: perguntar pelo(a) namorado(a) ou esposo(a) de alguém e descobrir que o relacionamento acabou (e de uma forma bem complicada e cheia de confusão), fazer algum comentário de uma figura bastante exótica e pitoresca e ouvir milésimos de segundos depois a frase “ela é minha mãe”, “ele é meu irmão”, “é o meu melhor amigo”, “ela é seu encontro às escuras”... Não vamos nos esquecer de falar mal de alguém (quase sempre na tentativa de ridicularizar ou fazer uma piada infame, necessariamente sem o intuito de ridicularizar). Estes próximos exemplos serão práticos e reais... isto é, aconteceram comigo... um dos candidatos a rei dos foras haha. Lembro de um, na minha sexta série: tive uma professora chamada Maria da Guia, apesar de morar no interior da Bahia, 'Da Guia, como era mais conhecida, era famosa entre os alunos pela sua postura rígida em sala – postura que lhe rendeu o carinhoso apelido de “Maria do Cão” (nota do blogueiro: crianças são criaturas cruéis demais, não!?) – e também pelo seu sotaque paraibano bastante forte – o que também lhe rendia imitações por parte dos alunos. Ah, as aulas de português com 'Da Guia... era um tal de “cúpia”, pra cá, “cúpia” pra lá... e outras coisas que eu já não me lembro. O fato é que uma vez tivemos aula de português em uma sala de outro chalé – sim, minha escola não tinha prédios, eram grandes chalés dividos em 5 ou 6 salas –, o chalé do segundo grau. Esse era, na época, top de linha, tinha ar condicionado nas salas (e olha que a cidade onde eu morei fazia um calor terrível!!!), as carteiras eram maiores e mais, digamos, anatômicas... era bem bacana. Beleza, acabou a aula, fui na cantina (ou na guerra, como eu pensava na época... ¬¬) e vi a filha de 'Da Guia, alguns anos mais velha do que eu. Palhaço do jeito que eu era (era?), eis que volto correndo pra sala e entro quase que de olhos fechados e grito: (com sotaque fingido de paraibano) “Vi a filha DÍ 'Da Guia na canTIna PIDINDU um ÍSPRÍITTTI”. Pura palhaçada... ninguém fala “ispriti”, já ouvi até “ispláti”, mas ispriti nunca... e mesmo que tenha gente que fale desse jeito, a menina era aluna do ensino médio... Eis que assim que termino de falar eu escuto “tu viste quem?”... Lembro apenas de encolher (literalmente... eu me agachei e saí andando murcho da sala balbuciando algumas palavras “très” sem graça hahaha.) E o pior é que estávamos ainda no meio do ano... Como enfrentar a vergonha? Cara-de-pau... O outro exemplo é mais recente, aliás, aconteceu ontem e é um outro pesadelo: durante a chamada eis que ouço a professora falando o nome de um aluno... “Lion” (Láion, mesmo). Na lata eu disse: massa, então quer dizer que temos um lion entre nós?” A resposta não poderia ser pior... meu colega apontou o dedo para a frente e disse, ele está aí do seu lado... puuuuuuuuxa, a vontade era de cuspir e sair nadando!... ou de me afogar, mesmo... Depois se esclareceu que o nome era outro (Laynon, se não estou errado). Ainda coroei (super sem graça!!!) dizendo que “não faria piadas infames, afinal você já deve estar cansado delas, né?”.... que bom que a aula acabou... mas o semestre não... brrrrrrrr... Agora, falando a partir do lugar do outro, digo que as coisas não são menos constrangedoras. Porque o clima cai na hora e não tem como evitar, nem dizer nada para amenizar. O jeito é esperar passar. Você está numa festa, por exemplo, vai no banheiro e quando abre a porta dá de cara com um casal bem numa situação de intimidade e depois descobre que são os pais de seu amigo... e aí? E o pior, ele está na fila esperando a vez dele. Pôôôôô... fazer o quê? E às vezes, a situação só piora: além de tudo você é um convidado e vai passar 10 dias na casa... Terrível! Terrível! O pior é que, em geral, esses foras são coisas comuns, mas nós somos tão travados que tudo vira motivo para um debate que sempre tende a chegar em “como a nossa mentalidade é pequeno burguesa e somos hipócritas...”. Já vi até um debate sobre ética e moral por causa de um fora! Imagina só? Não sei se o certo (ou mais fácil) é seguir os conselhos de Marta Suplicy, mas o fato é que estressar por conta dessas bobagens e desencontros rotineiros faz mal para o coração... o jeito é rir e se preparar para outra... porque ela certamente virá: impávida que nem Mohammed Ali...

Até breve. Até o próximo fora.

Início do semestre na faculdade...

quarta-feira, setembro 03, 2008

Olá, meus caros leitores.... saudades.

Cá estou eu, postando ainda na ressaca dos pesadelos do (re)início das aulas... é... os vetaranos de qualquer universidade são iguais a visita e peixe: quando demoram para sair, incomodam! E neste caso específico, o incômodo é para o próprio aluno jurássico. Sair do fluxo é uma droga... é uma viagem interdimensional na academia.

O primeiro dia de aula (brrrrr) e suas surrealidades, a primeira semana... é como se o jurássico voltasse ao estágio de calouro, mas com um agravante, ou pior dois: o primeiro é, obviamente, o fato de não ser calouro, e a segunda, é se sentir um fantasma do passado enviado por engano para o presente. Você não conhece os calouros (aliás, nem sabe quem é quem!) e seus amigos jás estão formados ou em processo de formar e quase não aparecem no campus.

Além de mudanças estruturais que também assustam: as paredes estão reformadas (e você, por algum motivo não percebeu as obras sendo feitas), mobiliário novo, professores novos - e os seus professores, aqueles que você conhece e que te conhecem por nome, estão afastados para doutorado, pós-doutorado ou simplesmente de "licença prêmia" e ficam vários professores temporários - , são pequenos exemplos da mudança da fauna e a flora locais.

Logo no fatídico primeiro dia, enfrentei alguns dos mais comuns (ao menos para uma razoável fatia da população): acordei tarde, perdi o horário e o ônibus, acabei pegando um cheio... chegando na faculdade, não sabia qual era a minha sala e me vi procurando uma sala no prédio que eu deveria como a palma da mão. Quando finalmente eu achei minha sala (quase duas horas atrasado!!), me vi dentro de outro pesadelo do primeiro dia: as dinâmicas de início das aulas.... e o pior: era daquelas "daqui a sete anos eu me vejo em..."... pôôô!!!! E nada de acordar... nem portava um cianeto para acabar logo com tudo ou ao menos um dramin para dormir durante toda a aula... e o semestre estava apenas começando!

Na sala, eivdentemente, eu connhecia poucas pessoas, mas sem a mínima intimidade com uma viv'alma sequer...

Agora, já (ou ainda), lá pela 4ª semana de aula, com a poeira começando a baixar, começou uma segunda luta: a conquista de orientador para o TCC (etapa fundamental na alforria e na libertação do espírito!!!).

Passadas estas provas de fogo, começa a segunda leva de chateações: aquelas famigeradas perguntas: "você forma quando mesmo?", "você........... por aqui............. ainda........?", "achei que você já estivesse formado....", "não forma mais não, é?", "desistiu de estudar?". E a regra das boas condutas e as leis infelizmente não te deixam acabar com isso pela raíz, né? haha

As perguntas podem ser encaradas por alguns ângulos: no lado azul da força, eis que estão aqueles marjos que navegam no mesmo mar que você e são também veteranos-jurássicos e ficam felizes por encontrar uma cara conhecida naquele rio de pessoas desconhecidas e cada vez mais exóticas (e que te levam ao terceiro pesadelo que é se olhar como calouro e avaliar seu comportamento e o nível de ridículo que você atingia com determinados atos.... embora, eu deva admitir que as coisas avançaram no número de pessoas, na diversidade de atos e no aumento vertiginoso do ridículo que vive a geração pós-los hermanos...). No fundo, expressa um alívio e uma esperança de "não se formar sozinho".

No entanto, nem sempre a maioria das pessoas pertence ao lago azul da força. Há quem pergunte para alfinetar, mesmo. Uma alfinetada infantil, que deve sempre ser devolvida com cordialidade, cinismo e ironia... com uma pitada de agressividade... se alguém te oferece uma saia justa ou calça furada, não se acanhe, mas não deixe de retribuir imediatamente a saia justa... em geral a verdade é melhor resposta, afinal, a verdade dói! E nada de justificar, responda e ponto.

Há ainda a terceira possibilidade... mas em geral, o julgamento deve ser bem cuidadoso e não é uma regra: tem quem pergunte para humilhar, mesmo. Tipo aquela pessoa que tirou 10 em matemática, viu que outro tirou sete e vai lá perguntar a nota... enfim... ainda não me bati com este espécime, mas que los hay los hay! É mais ou menos o padrão de perguntar a algum desempregado "qual o seu próximo passo, tem algum em mente?". Tem gente sádica... reza braba, reza braba, "pé-de-pato, mangalô-trêis-vêis"

O legal é poder dar risada das coisas, porque se tudo passa (já diz Nelson ned), passará também a faculdade e fircarão algumas lembranças, algumas mascaradas pelo tempo, não tem jeito! Mas, "aforamente falando", entre mortos e feridos salvaram-se todos.

Estude que é bom. Chá de Gingko ajuda.