Cansei de ser sexy!

segunda-feira, fevereiro 11, 2008



Já perceberam o quão "da moda" é a atitude de cansar? Temos o movimento dos cansados com a política, com a violência, com a corrupção (seja lá o que isso signifique) e o melhor de tudo: os que cansaram de ser sexy... Cansar é in... cansar é tudo! (UGHHH!!!! Meu estrômbado!! Meus "rinhos"!)


Pra quem nunca ouviu falar na banda de "A-la-la-la", vai um breve resumo: a banda faz um som pra lá de bacaninha, mas, assim como o Bonde do Rolê (que mistura pancadão com heavy metal), não passa de uma piada... uma piada das boas, piada sofisticada, inteligente, daquelas que você ouve e faz "hammm..." e depois ri comedido... não é esculacho! É uma piada com eles mesmos, com quem ouve, com quem gosta, com quem perde tempo falando bem ou mal... enfim, não importa. Além de combinar rock, eletro e sabe-se-mais-lá-o-quê, a galera pega pesado no visual.

O fato é que a dita cuja caiu nas graças de um sem-número de críticos brazucas e gringos,saiu em turnê com Gwen Steffani (eu acho... correct me if I'm wrog, you guys), viajou com o Klaxons (essa, sim, uma banda muito, mas muito legal!), mas apesar de tudo, ainda acho que é mais fumaça do que fogo. Aliás, acho até que eles se valem disso e fora que não tem nada mais forte pra uma banda indie do que deslizar de vez em quando para o mainstream. People like confusion...

O hype da banda de nu rave paulista (uma combinação de Blitz, com Frenéticas e rock new wave) seguiu tendência ou inventou moda? Reparem só: tá todo mundo se vestindo cansado de ser sexy, êta revival fashion dos anos 80 sem sentido algum... e "tome-le" entupir os nossos ouvidos de sintetizadores do leste europeu...

Mas a parte mais curiosa é que rolou uma onda fashion "de com fôça"!! Lá onde eu estudo muitas pessoas andam cansadas, logo de manhã: heavy makeup on, cabelo armado ou com cortes exóticos e combinações de roupa que bailam entre os geeks, os grunges de seattle, os punks de NY e os descolados no maior vibe "cool-cult-kitsch-pop/contra-pop-antifolk-afro-reggae-roots-fashion-poser-i'm better than you, bitch or whateva". O pobrema é que essa onda cansada cresceu!! Lembram de peninha? Tudo era uma brincadeira e foi crescendo, crescendo me absorvendo... Agora temos militantes na área audivisual, na área de teatro, nas pickups das festas, nas faculdades, nas casas, nos escritórios, nos programas de tv... depois do movimento emo, é a vez do movimento dos que desistiram da beleza, da frivolidade e do hedonismo (ou não? ha-há!).

Aqui em Salvador, terra da antropofagia o movimento se fundiu com o da cultura popular (uma cultura popular de elite, não vamos esquecer disso!). Bom, ficou uma indaga... não tá bunito não... aos meus olhos não é coisa de Deus, mas tem quem goste, ô se tem!!!! E o que eu vou fazer? Vou matá? Nãããooo, vou inducá, iscraricê, instruí...

Como reconhecer essas pessoas?

Primeiro é preciso saber onde elas andam para ou evitar, ou levar um prozac, vallium, rivotrill, gardenal, diazepan ou um porrete!! haha.

Cinemas de arte, shows de bandas indie, teatros (apenas se for peça indie ou algo experimental, gratuito, num lugar sem ar condicionado, onde todo mundo vê o espetáculo em pé, que dura 4 horas, sem intervalo e todos os atores são amadores), bares indie, desfiles de moda (este é um pouco mais restrito, então se você não for das modas, relaxe...) e claro, lojas de cd e bairros boêmios. Aqui em Salvador eles circulam pelo Rio Vermelho, Santo Antônio, Barra e Pelourinho. Alguns freqüentam restaurantes naturebas ou macrobióticos, japas, cantinas italianas (tem que ser italiana de verdade).

Alguns desenvolvem sotaques... alguns puxam para o paulista, outros para o gaúcho e outros para o de nordeste... sotaque de salvador só se for muito, mas muito forte! Mas a minoria pega a coisa baiana... no máximo alguns que usam palavras em iorubá, lembrem-se que a baianidade é algo que causa "gíngi"nos cansados... pessoas altamente urbanas, descoladas e vanguardistas: falar "ingual" a Ivete Sangalo é um pecado mortal!

Mas o reconhecimento imediato de um cansado é sua indumentária: calças skinny, camisas ora folgadonas ora justas, frases e tênis retrô ou vintage.

Bom, no casos dos hombres, eles costumam usar calça de flanela (de preferência uma que pareça ser bem suja e surrada, mesmo tendo custado R$ 989,00 na Osklen), uma camisa com uma foto da Galeria Pierre verger, um óculos de armação grossa, look descabelado, sandália de couro da Barroquinha (mas pode ser da Osklen também), bolsa de lona também da Geleria Pierre Verger ou do Teatro Vila Velha. Eles andam com iPods nos ouvidos ouvindo Klaxons, The Rapture e, lógico, Cansei de Ser Sexy.

Já as chicas usam calças ultra-skinny (alguns rapazaes tb, vale ressaltar) com camisas com frases inteligentes ou irônicas (e muitas, mas muitas cores cítricas...), os acessórios são os mesmos dos rapazes, com exceção da sandália, que deve ser de cor cítrica e de muitos balangadãs... Ah, e os bottoms, não vamos esquecer dos bottoms (que no meu tempo se chamavam "broches", mas tudo bem...). Alguns costumam cultuar ícones do samba: sofrem com uma nostalgia de uma época que sequer viveram. "Ah, porquê Nara Leão morreu?", escutam cartola, candeia... combinam também com a Banda Black Rio e seu emblemático album "Maria Fumaça" e mais recentemente andam cultuando Caetano Veloso (Cê foi uma mão na roda mesmo!!!). Se isso me incomoda? De forma alguma, mas eu me divirto olhando o mundo...

Uma incursão no universo dos cansados

O mais legal dos cansados é sua fina inteligência e seu ar underground e vanguardista (UGH!!). Como curtem cinema alemão, hindu, iraniano (esse é o campeão!!!), comédias francesas, e claro, filmes sobre pessoas desajustadas, de preferência do Gus Van Saint, Lars Von Trier, filmes com Heather Matarazzo (estrela de "Wellcome to the Dollhouse") e similares. Enfim, filmes quando se tem que "entender alguma coisa". Não vou dizer que não curto uns filmes de maluco porque eu gosto, então acabo freqüentando lugares cansados como os cinemas de arte... não tem nada melhor do que esperar o tempo da sessão começar bebendo uma agua gelada ou tomando um café e observar com calma os espécimes em seu habitat natural... é melhor do que ler qualquer revista velha de cinema!!! Os comentários não tem preço!! Eu nuca fui munido de bloco de notas (o meu "Bloc", o blog físico... hehehe), mas me prometi levar sempre e anotar sem muitos compromissos alguns trechos das palestras (ou seraim lectures) sobre cinema, política e economia nas narrativas audiovisuais... e melhor ainda são os diálogos após a sessão... Ano passado fui para a jornada de cinema (ou semináriode audiovisual... nunca lembro) assistir aos filmes "Yahansã" e "O Baixio das bestas", o primeiro é super bacana, mas o segundo... enfim, melhor do que os dois filmes foi a platéia... Karim Aïnouz (também diretor de "O Céu de Suely" e "Amarelo Manga") falava algo sobre o circuite de cinema que existia entre Pernambuco e Bahia e lembrou que "as pessoas do Sul" chamava este grupo de "Pe.Ba"... alguém do meu lado (ô sangue...), levantou e bradou "É PEBA, MAS É BOM!!!!!!!! UHUUUUU!!!", depois foi acompanhado por "VIVA O CINEMA BAIANO!! SALVE O CINEMA BRASILEIRO!!!!"... e ainda pra completar meu querido Karim gritou "EU FAÇO CINEMA PARA NÃO ME RASTEJAR!!!.. claro que o Teatro Castro Alves veio abaixo e o cara teve uma ovação (como eu queria que ovação significasse "jogar ovos sem parar" naquele momento) e os comentários depois do filme? "Feroz!", "Áspero", "Transcedental", "Violento, pujante!"... eu não consegui entender muita coisa do filme, mas atribuo isso a minha burrice e chatice... o que fazer com os cansados? Não sei, acho que cansei... ou melhor, eu não canso nunca.

O verão tá aí. Curta o verão. Curta metragem. Eu tô curtindo (e sem cansar!)

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