Direto de Serrinha

terça-feira, fevereiro 12, 2008

Uma das coisas que mais me atrái nos meus trabalhos é a possibilidade de viajar. Gosto muito de conhecer luagares novos, pessoas novas, além de que o olhar e os ouvidos de turista ajudam muito na minha coleta de dados hehehe. Fico na minha olhando as pessoas passando, conversando, bem atento aos sotaques e as idiossincrasias (não gosto muito desta palavra, mas não achei outra para colocar no lugar). Sempre que viajo eu volto com muitas histórias para contar, bastante surreais em sua maioria. Desde 2006, quando pela primeira vez um projeto que eu escrevi foi aprovado em uma seleção pública, a viagem era toda especial e eu não vou negar, eu "se sentia até gente". Quando estive no Teatro Sesi Rio Vermelho em 2007 viajei algumas vezes também. Já tive o prazer de viajar dentro da cidade mesmo e mergulhar nos bairros. É incrível como não se sabe nada, não de bom nem de ruim dos lugares onde se mora. Trabalhar em uma área que exige o deslocamento espacial e ainda que tem como objetivo promover a alegria dos outros é muito bom, mesmo sendo cansativo, estressante, cheio de riscos, e algumas vezes se apresentar como um campo minado ou ainda mesmo como uma bomba prestes a explodir a qualquer momento.

Essa foi a segunda vez que vim para Serrinha. Da outra vez eu vim ouvindo uma banda chamada LCD Soundsystem e outra chamada Suburban Kids With Biblical Names. Dormi basicamente todo o percurso. O ônibus, mesmo sendo comercial era razoavelmente confortável. Também, o conforto acabou ali... Tive um teaser do que seria meu dia assim que eu cheguei: fui abordado e amaldiçoado por uma cigana e foi uma indaga dispersar aquela figura: lancei os óculos escuros, aumentei o som e fiquei fazendo palavras cruzadas, uns 10 minutos depois ela saiu à francesa. Encontrei o pessoal daqui que se associou ao projeto, foi tudo rápido e super tranqüílo... mas assim que fiquei sozinho... fui almoçar em um PF bem bacana aqui (uma dica: freqüentem PFs... é bom e barato!) e tava lá, na minha. Que feijão delicioso! Frequinho, do dia, com caldo no ponto... ê laiá!... Enfim, tudo ia muito bem até que ouvi um grito: "você é patético, é???!!"sim, era com este missivista que uma mulher estava gritando... foi o bastante para o restauramte parar o que fazia imdeiatamente e começar a me olhar (e rir discretamente para não chamar a atenção da maluca, ou como se diz em bom baianês: "pra não sobrar pra eles"). Ela, não satisfeita, continuou: "cadê sua filha, sua mulher, sua mãe, seu irmão? Você é maluco, é? comendo sozinho uma hora dessas?"... eu, numa altura dessas já queria me afogar no meu suco de mangada ou me esconder dentro de um grão de feijão... mas minha saída foi a melhor: me fingi de louco também e repeti tudo que a maluca dizia ou falava coisas sem sentido (com uma puta raiva e uma vergonha maior ainda!)... ela saiu, voltou, continuou procurando frete, mas logo achou outras pessoas pra perturbar e desistiu de mim. O melhor foi a explicação que eu ouvi: "Ligue não, esse menino... ela é assim mesmo. Ela é depressiva, toma remédio controlado, mas de vez em quando descontrola e fica assim, toda surtada." E eu só estava aqui há pouco mais de duas horas... ainda vaguei pela cidade porque não achei quem trocasse R$10,00 (como diria minha bisavó, "ééérdaaaaaade..."), um calor de panela de pressão... consegui trocar os dinheiros, fui na lan house e fui ver os pessoal das educações... mais uma vez tudo correu pra lá de bem (acabou que não deu o resultado que eu esperava, mas that's fine)... fui pegar o rumo para a rodoviária e quandop cheguei no guichê o homem que estava na minha frente na fila invocou que queira uma passagem para MIAMI... e eu, "senhor, você pode comprar a passagem para onde o senhor quiser, mas primeiro eu preciso comprar a minha para Salvador"... e ainda na volta, o buzú veio socado, tava bombano, um happening! E... 5 horas depois eu tava em casa, mogado, mas super feliz: resolvi quase tudo que queria e ainda tive essas experiências estético-etnográficas transcedentais e libertadoras...

A viagem hoje foi mais tranqüíla... a aventura ainda ontem: imprimi alguns formulários, meu roteiro de viagem, minhas anotações, separei os cartazes do espetáculo, carreguei o celular. Acordei umas 4, mas só tive coragem de levantar umas 5. Tomei um banho, fiz uma comida bem leve (vitamina de iogurte com morango, mamão e mel), aliás, vai uma dica: antes de viajar o ideal é comer algo leve e beber muita água, assim o trajeto fica menos cansativo. Cheguei na rodoviária e descobri ter perdido o ônibus por alguns minutos... mas sem stress fiquei por lá lendo uma revista e ouvindo ora "Toots and The Maytals", uma banda de dub/reggae das Jamaicas, "Hard-Fi", uma banda indie britânica e a Velha Guarda da Portela (tudo a ver um com outro, mas tudo bem...).
O tempo voou... Quando o buzú chegou, vi sem surpresa que era daqueles de lata de sardinha, mas sem sofrimento entrei e me sentei e comecei a curtir a viagem. Ônibus comercial é sempre um lugar potencial para muitas histórias legais, tem uma rotatividade alta, passa por alguns bairros afastados e, como hoje foi dia de "fazer a feira", muita gente vai de uma cidade para outra próxima (ou nem tanto) na intenção de comprar barato. Logo no início, uma pessoa subiu e outra desceu em um bar (na verdade, um boteco de beira de estrada) chamado Farmácia Drinks (MUITO BOM O NOME!!!! E faz muito sentido: afinal, cachaça é remédio pra um monte de coisa, né?).
Sem pestanejar, corri e prontamente fotografei aquele bar com nome pitoresco. Uma pena que não estava cheio (será que alguma vez fica?). Passei pela aprazível cidade de Feira de Sanata, a Princesinha do Sertão (quem será o príncipe?). Cheguei aqui... de cara levei logo um fora da prefeitura... mas pelo menos o apoio dos artistas locais já garantiu a realização do evento. Tentei fechar um transporte aqui, mas acho que vou ficar com o de Salvador, é mais confiável, eu já trabalho com eles, é melhor e mais sensato. Agora eu tô mexendo em um projeto, no meu currículo lattes e editando meu blog. Blogar é viciante e também libertador... fora que diário de viagem é algo me pega mesmo! Vou ver se consigo agendar algo "na rádia" e se consigo faixas, mas não sei se dá! Tinha pedido a prefeitura... no mais é isso... continua quente pacas. Daqui a pouco eu fecho que vim fechar e vou "si picar" pra Salvador.

Verão Bahia Ponto Com... esse site é massa.

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