Por inzêmprio: A Grande Rede, mas peixe que é bom, nada...

sábado, maio 06, 2006

A Rede é grande e sua penetração ainda é, em minha humilde e contestável opinião, imensurável, mesmo com todos os mecanismos para controlar a navegação da maioria dos usuários, desde o mais comum como spywares, ad-wares, trojans, cookies e todos os dados de navegação que ficam retidos em provedores, o universo de pelo menos 690 milhões de usuários estimados, de acordo com uma estimativa da comScore Networks . A empresa afirma sucesso na empreitada. O relatório nada difere do demais: tempo de navegação em cada país, sites de preferência, mecanismos de busca. Aliás, os relatórios estatísticos sobre a internet estão cada vez mais tautológicos. Como sempre esse relatório "surpreende ao concluir" que os platinados e, segundo o Caetano (quando Caetano ainda era Caetano), "grandes responsáveis pela alegria desse mundo" , norte-americanos (preciso começar a ser solidário com meus colegas latinos e usar o termo estadunidenses), não figuram no TOP 10 em quantidade de usuários nem no que tange ao tempo de conexão... os sites continuam os mesmos: MSN, YAHOO e GOOGLE...
O famigerado google consegue, ou diz conseguir, mapear 4 bilhões de websites, contudo fugir da mesmice na internet está cada vez mais difícil mesmo com quase 700 milhões de usuários em todo o mundo, nem sei quantos tarabytes (alguns milhões) em arquivos, sites dos mais variados, botões para se clicar, feeds, seeds, blogs, lembrando que surge um blog a cada segundo e talvez mais de um, portais, listas de discussão, surveys, spams, hoaxes, softwares para comunidação, compartilhadores de arquivo, e-mails, fóruns, orkut etc.
São inúmeras - aliás quando se fala em internet termos que indicam a indefinição são obrigatórios ou simplesmente cômodos - as possibilidades técnicas que imprimem um caráter de cotidianidade ao computador i. e. lixeira, área de trabalho, o teclado, o design etc. Haja vista que os primeiros compuatdores não possuíam uma sombra dos de hoje! Eram ferramentas militares e científicas, gigantescas máquinas de calcular e ao contrário do que imagina, a micro-informática não foi configurada pelo interesse da grande informática, mas seus agentes foram estudantes com idade entre 18 e 30 anos que construíram em garagens os proto-computadores pessoais, e não a IBM. Concordo que isso se repita até hoje: em geral a grande indústria não percebe com precisão as latências e a criatividade das pessoas, basta observar que os serviços mais procurados na Rede (chats e compartilhadores são os dois exemplos mais representativos que consegui me lembrar) surgiram dos usuários, da base, e não dos escritórios da Microsoft, Apple ou Intel.
A logotécnica, a grosso modo a facilidade para lidar com a linguagem do computador por meio da associação entre tecnologia, a esfera do discruso, cognição e da comunicação, realiza com sucesso o ofício de (dis)simular a vida, construiu no imaginário coletivo a idéia de que as máquinas, em especial - ou sobretudo - o computador são extensões do corpo, do entorno e das capacidades humanas. Aliado a esse fato tem-se o contexto dos movimentos da globalização (sócio-econômico-cultural), agora o mundo conectado por meio da Rede e compõe uma grande tribo de iguais na diferença. A diversidade, a anarquia, o caos: esse era o mote da internet nos primeiros anos, quando do primeiro boom aqui no Brasil (1994-1997), a possibilidade de anonimato, de liberdade e de encontros outrora impossíveis. O quadro favorável à socialização e a sociabilidade fizeram com que a rede crescesse em progressão geométrica e chegasse ao que é hoje até o dia em que todos possuam seu próprio IP... quem diria que identidade poderia, ao menos em hipóteses, ser tão simplificada?
Se em 1994 achava-se que a rede era infinita, hoje tem-se a certeza de que o é um fluxo informacional impossível de ser acompanhado.
De qualquer forma, ainda assim vejo com olhos de pouca surpresa quando alguém comenta comigoque liga o computador, disca (se não já o estiver), abre navegador, msn, gmail, orkut, emule, soulseek, google, windows media player, e 20 minutos depois pergunta a si (ou à máquina) o que é que eu faço agora? Afinal, na televisão a recepção é passiva em relação ao computador, uma vez que a informação é enviada continuamente, e na internet se pressupõe uma busca do usuário, e o que percebo é que em geral a preguiça e a pressa tornaram a experiência diante da Grande Rede, uma situação frustrante. Se não se usa 10% do cérebro, menos ainda se usa a internet.
A internet é o verdadeiro Labirinto de Borges, é a verdadeira Biblioteca de Babel (em última instância é a própria Babel e sua Torre por Deus um dia amaldiçoada), estão perdidas em algum canto do cyberspace as vindicações de todo ser humano, há línguas que não se compreende e outras que não existem mais e que ainda estão por existir. Alguns devotam suas vidas em busca das suas, outros sequer acreditam em sua real existência. Muitos morrem sem concluir essa profana missão, já que não é possível a um homem comum, desprovido de qualquer divindade, conhecer suas ou de outros vindicações. Está ali todo o conhecimento, mas ele está escondido como um ladrão na noite...

Lucas

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