Todos já ouviram falar, mesmo que de forma remota, do Barão de Itararé, jornalista político e intelectual pai do humor característico de Jô Soares, Luís Fernando Veríssimo, Da saudosa equipe do TV Pirata e do atual Casseta & Planeta, da revista Bundas e da galera que fazia quadrinhos adultos na década de 80...
Apparício Fernando de Brinkerhoff Torelly, ou o Barão de Itararé, nasceu na cidade de Rio Grande, antiga capital do Rio Grande do Sul, próximo à fronteira com o Uruguai, no dia 29 de janeiro de 1895.
Em 1925 foi morar no Rio de Janeiro, após abandonar a faculdade de Medicina. Ali, ele se tornou jornalista político, filiou-se ao Partido Comunista, chegou até mesmo a ser eleito.
O apelido Barão de Itararé, foi um "nome de guerra" inventado por ele, foi criado para gozar a famosa batalha de Itararé, que jamais acontecera. Nesta batalha, os constitucionalistas de São Paulo se concentraram no interior para impedir o avanço das forças do Governo Provisório de Vargas, porém a força governista ignorou por completo a milícia da oposição. Um exemplo do humor foi quando se reencontrou no Senado, em 1945, quando Getúlio, depois de perder o mandato fora eleito senador, reconheceu o repórter político e diretor de A Manhã, Aparício Torelly. Vargas, ao cumprimentá-lo disse: "Até tu, Barão?" .... "Tubarão é o senhor, eu sou o Barão de Itararé!", respondeu o Barão quase emendado a resposta... E assim foram surgindo as piadas infames...
Muito popular, Torelly se candidatou pelo Partido Comunista em 1947 a vereador pelo Rio, antigo Distrito Federal, atual capital do Estado do Rio de Janeiro. Um de seus principais lemas de campanha era: "Mais água e mais leite. Mas menos água no leite." Em seu mandato, defendeu o que considerava as quatro liberdades fundamentais: a de pensamento, a de culto, a de não ter medo da polícia secreta e a de não morrer de fome. Ainda em 1947 teve o mandato cassado.
Durante a ditadura militar, foi com seu humor seco, inteligente, cru, crítico e incisivo que o Barão de Itararé enfrentava a dura realidade do Regime Militar.
Abaixo coloco algumas máximas que fizeram com que o barão continuasse vivo na memória e na esfera da cultura brasileira. Você provavelmente já leu alguma frase dessas em um muro, pára-choque de caminhão, banheiro de bar, o Barão é unanimidade quando o assunto é filosofia de bar... o que mata alguns filósofos e intelectuais por aí... mas a filosofia de bar tem sim o seu valor e sua importância...
Sexo demais prejudica a memória e outra coisa que não me lembro agora.
Mulher gordinha é igual a mortadela: redondinha, cheia de gordurinhas, quem come adora, mas não conta pra ninguém.
Nunca fiz amigos bebendo leite.
Não há diferença alguma entre um par de seios e um trenzinho elétrico: os dois são feitos para as crianças. Mas, no final, quem brinca com eles são os adultos.
Eu só bebo em algumas poucas circunstâncias:
- quando estou feliz;
- quando estou triste;
- quando estou sozinho;
- quando estou acompanhado;
- quando estou sem fome;
- quando estou com fome;
Fora isso, nem toco na bebida.
A não ser que esteja com sede.
Eu não crio juízo porque não sei qual ração ele come.
Casamento é a única prisão onde você ganha a liberdade por mau comportamento.
As mulheres estão, cada vez mais, indo em busca dos seus direitos. Bem que na volta podiam trazer umas cervejinhas geladas.
Casamento é igual a uma piscina gelada. O primeiro idiota que pula fica fingindo que a água tá boa e fala para quem esta fora: Entra, é legal....
Os políticos são como as fraldas: devem ser trocados constantemente e sempre pelo mesmo motivo.
Ainda bem que a mulher veio da costela, porque se fosse do filé mignon ou da picanha, só rico ia poder comer.
O político católico não assina nenhum contrato sem levar um terço.
"ADEAMUS AD MONTEM FODERE PUTAS CUM PORRIBUS NOSTRUS".
Tradução:
"VAMOS À MONTANHA PLANTAR BATATAS COM AS NOSSAS ENXADAS."
(se tivesse estudado latim, não teria pensado besteira...)
De onde menos se espera, daí é que não sai nada.
Mais vale um galo no terreiro do que dois na testa.
Quem empresta, adeus...
Dize-me com quem andas e eu te direi se vou contigo.
Pobre, quando mete a mão no bolso, só tira os cinco dedos.
Quando pobre come frango, um dos dois está doente.
Genro é um homem casado com uma mulher cuja mãe se mete em tudo.
Cleptomaníaco: ladrão rico. Gatuno: cleptomaníaco pobre.
Quem só fala dos grandes, pequeno fica.
Viúva rica, com um olho chora e com o outro se explica.
Depois do governo ge-gê, o Brasil terá um governo ga-gá. ( Ge-gê: apelido de . . Getulio Vargas. Ga-gá: referia-se às duas primeiras letras no sobrenome do novo presidente, Eurico Gaspar Dutra).
Um bom jornalista é um sujeito que esvazia totalmente a cabeça para o dono do jornal encher nababescamente a barriga.
Neurastenia é doença de gente rica. Pobre neurastênico é malcriado.
O voto deve ser rigorosamente secreto. Só assim , afinal, o eleitor não terá vergonha de votar no seu candidato.
Os juros são o perfume do capital.
Urçamento é uma conta que se faz para saveire como debemos aplicaire o dinheiro que já gastamos.
Negociata é todo bom negócio para o qual não fomos convidados.
O banco é uma instituição que empresta dinheiro à gente se a gente apresentar provas suficientes de que não precisa de dinheiro.
A gramática é o inspetor de veículos dos pronomes.
Cobra é um animal careca com ondulação permanente.
Tudo seria fácil se não fossem as dificuldades.
Sábio é o homem que chega a ter consciência da sua ignorância.
Há seguramente um prazer em ser louco que só os loucos conhecem.
É mais fácil sustentar dez filhos que um vício.
A esperança é o pão sem manteiga dos desgraçados.
Adolescência é a idade em que o garoto se recusa a acreditar que um dia ficará chato como o pai.
O advogado, segundo Brougham, é um cavalheiro que põe os nossos bens a salvo dos nossos inimigos e os guarda para si.
Senso de humor é o sentimento que faz você rir daquilo que o deixaria louco de raiva se acontecesse com você.
Mulher moderna calça as botas e bota as calças.
A televisão é a maior maravilha da ciência a serviço da imbecilidade humana.
Este mundo é redondo, mas está ficando muito chato.
Pão, quanto mais quente, mais fresco.
A promissória é uma questão "de...vida". O pagamento é de morte.
A forca é o mais desagradável dos instrumentos de corda.
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