cartas para alguém do presente

sábado, novembro 09, 2019

Ninguém mais escreve cartas. E-mails são raros e geralmente automáticos. Gosto de escrever cartas.
Essa é para você. O bom é que sem citar nomes, escrevo para você e pra mim. Mas você sabe que é para você. Não é uma indireta: é direta mesmo.



Rio de Janeiro, 09 de novembro de 2019.


Ha um ano atrás fui dormir sorrindo mesmo enfrentando um desafio tremendo. E você esteve lá. Essa noite dormi sorrindo e pensando nisso. Dormi tarde. Resolvi escrever. 

Esses dias, você me disse que sou “cheio das poesias”. Talvez eu seja mesmo. Não da para saber o que você pensa sobre isso e nem o que essa frase significa. De todo modo, as palavras, e um certo lirismo que eu carrego, estão a serviço da liberdade, da verdade e do esclarecimento: falo o que trago, o que penso e o que acredito. Logo, isso não serve para enganar, dominar, seduzir e nem aparentar nada. Ha determinadas aparências por sinal que eu abomino: saiba disso. Nem representam romantismos (sejam eles mais baratos ou mais elaborados).

A poesia já está aqui. Ela sai porque não posso prendê-la por muito tempo. Se eu sufoco essas palavras, elas morrem; se elas morrem, morro junto. Saiba que elas  não nasceram comigo, elas vêm a este mundo porque algo tem o poder de nutri-las. Hoje, você as nutre. Então, eu devolvo a você, também por meio de palavras, aquilo tudo que você me dá. Reelaboro suas palavras e atos. Aliás, aprendo com eles todos, cresço e fico grato. Nem sempre é fácil... nem sempre é simples. Vejo com clareza barreiras, pontes e caminhos abertos. Vejo coragem e medo: juntos nos obrigando a amadurecer e a lutar, cada um as suas batalhas. Percebo também de alguma forma umas horas de descuido quando nos damos as mãos, e eu digo “olha a Lua!”. 

Meu jeito é assim mesmo: eu sou profundo, intenso, curioso. E, sobretudo, eu falo sobre isso. Você, por sua vez me oferece um contraponto e me traz um pouco para um outro lado que normalmente eu não exploro, me tira um pouco das altas nuvens ou dos abismos profundos. Me ajuda a me entender nesse mundo em que ser profundo nem sempre é bem recebido pela maior parte das pessoas. Nesse caminho em direção à minha essência, é bom poder mergulhar fundo e também vir à superfície. 

“Começar é o que importa”. E só sabemos o que aprendemos depois que o tempo passa. Hoje, tenho consciência de que vivo uma história que começou com um encontro feliz e que navego em águas que tanto quis navegar. A felicidade não vem com um rotulo de perfeição, mas pode vir numa embalagem de margarina.

Até o tempo passar, vou escrevendo uma poesia sobre isso tudo; ela é uma poesia sem fim. Todo os dias ela aumenta um pouco.

Outra coisa: eu não acho nada, eu sei e eu sinto. Não consigo falar do que eu acho. 

Fique bem. E espero aqui.

Continua....


Lucas.

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