Dica valiosa: vamos usar o portal da capes e o scielo!

sábado, abril 12, 2008


Bom, que nós dispomos de grandes mecanismos de acesso facilitado e público de informação não é novidade para ninguém. Não me refiro apenas aos search engines (google, yahoo, etc...), mas de portais de informação como o Scielo, Portal de Periódicos Capes (o maior banco de dados de periódicos do país e um dos maiores do mundo), Google Scholar, além dos bancos de teses e dissertações das universidades e dos programas de pós-graduação, periódicos que funcionam no sistema SEER (que chegou até nós graças ao IBICT - Instituto Brasileiro de Ciência Tecnologia e Inovação), temos um sem-número de sites pessoais ou de organizações que se dedicam a publicar (no sentido mais lato da palavra) acervos (raros ou não) para qualquer usuário interessado (experimente colocar no google "acervo + download + domínio público").
Não me refiro aqui aos sites que se dedicam a publicar obras ou acervos que ainda estão sob domínio privado e protegidos por alguma lei de direito autoral, mas do conhecimento produzido por universidades e institutos de pesquisa, periódicos eletrônicos e, principalmente, de acervos (quer seja de literatura, música, audiovisual ou demais linguagens) de interesse público que já se encontram em domínio público. Como sabemos, não basta estar em domínio público para efetivamente ser público, isto é, tornado público de fato. A iniciativa destes portais é a de sistematizar o acesso desses dados Os pesquisadores já conhecem o Scielo e já ouviram falar no "Portal da Capes" (como é mais conhecido). A diferença do primeiro para o segundo é enorme, embora ambos trabalhem com princípios e objetivos comuns. O Portal da Capes é mais complexo e muito difícil de usar, mas não é impossível, podemos acessar fora das universidades, inclusive (basta ter um ID ou e-mail "@universidade qualquer"), este serviço dispõe de ferramentas mais avançadas: enquanto o scielo começou como uma base de dados da área de saúde (a área de saúde é uma grande concentradora de recursos e esforços na área acadêmica e reponsável por grandes avanços nas demais áeas do conhecimento, inclusive muitos costumam "adequar" suas pesquisas para encaixar neste campo, afinal os recursos são substancialmente maiores... as ferramenteas são utilizadas inclusive pela área de ciências humanas, e um bom exemplo disso é a consolidação do SPSS) , mas hoje é uma das bases de dados de maior importância o cenário acadêmico nacional e internacional. Assim como o portal da capes e google scholar, se facilita o acesso de publicações indexadas e disponíveis na web. Então se encontra muita coisa, mas muita coisa mesmo... o que derruba por terra a conversa de muito orientador que diz que determinada bibliografia só existe em italiano, francês ou espanhol. Se acha de tudo! Sabe aquele assunto que vc jutra que é uma idéia sua? Lá já tem 50 artigos só dele! É muito bom... Usando o "Portal da Capes" em consultando a "Plataforma Lattes", além de achar a informação desejada, é possível saber a trajetória do autor!
Então nós, humildes juniores na arte da pesquisa estamos salvos? Necessariamente não. Estas ferramentas de acesso facilitado a informação indexada não é devidamente utilizada (ressalto que em números universais, a taxa de utilização é altíssima, a ponto do google scholar ser um critério para qualificar as publicações e meio de facilitar a infometria), porque, apesar de todos os universitários precisarem desenvolver pelo menos uma pesquisa durante seu curso, o famigerado TCC (ou Trabalho de COnclusão de Curso), encontramos dois grandes problemas: não se sabe utilizar os search engines como se imagina (por mais facilitados que eles sejam) e não existe o costume de freqüentar o maior equioamento de referência no ofício da pesquisa - a biblioteca.
A bibliteca universitária é o repositório de um conhecimento produzido e dispõem, ao menos em nível ideal, de profissionais e de uma infra-estrutura que facilita o acesso à informação e ao acervo (inclusive dispondo de inúmeros softwares). O problema é que as bibliotecas universitárias, assim como as bibliotecas públicas, sofrem de um mal crônico: valorizamos as bibliotecas como símbolo máximo do conhecimento, como repositório e fortaleza do conhecimento produzido, como espaço de combate ao analfabetismo, mas... as bibliotecas, por conta de sua estrutura histórica, inversão de valores, atuação dos profissionais e a influência dos setores médios da nossa sociedade, faz com que os espaços se tornem santuários, fazem dos livros obras sacras e imprimem a simples ação de buscar um livro e realizar uma leitura qualquer, em seguida, algo complexo e difícil. As bibliotecas são queridas e amadas, são arquétipos da liberdade e da vitória dobre o analfabetismo e do fim da cegueira. Mas, se este ideal iluminista é lindo no papel, é ordnidário no cotidiano. As Biblioteca Públicas são equipamentos relativamente recentes, sobretudo quanto a função definida a partir de um manifesto da UNESCO punlicado em 1995, que descreve a estrutra de funcionamento e os objetivos de uma BP, que se alinha inclusive a nossa idéia de "centro cultural", espaço polivalente, que tem condição de abrigar diversas linguagens artísticas, linguagens culturais distintas (teatro, cinema, artes plásticas) e ainda dispõe de um acervo literário. Nós vivemos no seguinte contexto: as bibliotecas (assim como os teatros, museus, galerias) são locais inatingíveis, e de utilização restrita. No cotidiano da urbe, os teatros, museus e bibliotecas são do domínio de intelectuais e das classes altas. Daí o costume de ir assistir uma peça qualquer usando "roupa de sair" e ir a bilbioteca com aquele ar de ir a igreja. Nos dois casos o silêncio é uma lei, ficar calado é uma ordem. O teatro ainda permite o riso e o choro, mas somente no momento oportuno. Fora que a história de "teatro é cultura" e "ler é cultura" também acaba por afastar as pessoas... esqueceram de explicar que ler é diversão, é lazer, é alegria... que ir ao teatro é lazer, e não apenas quando a peça é uma comédia, e que não há nada errado com a comédia! "Ler é bom", dizemos. Mas, Paulo Coelho não pode! Além disso, as pessoas assimilaram uma idéia torta de cultura, que a UNESCO, Ministério da Cultura, a atual Secretaria da Cultura (e suas autarquias Funceb e Fundação Pedro Calmón) tentam combater. Não é fácil. Cultura não é apenas o erudito... mas é comum assimilar "cultura" ao erudito "cultivado". E numa sociedade pós-rural (eu disse pós?) e pós-ditatotial (eu disse pós???), as coisas se complicm ainda mais... principalmente que o ditatorial é pós-colonialismo.... e um colonialismo exploratório! Tudo conspira contra estes equipamentos... Ora bandeiras da liberdade, ora símbolos máxmos da castração... ordem e silêncio! Os bons profissionais, das áreas do teatro, biblioteca, museus e galerias (embora aqui meu foco seja a biblioteca e a informação) para além da propaganda e das velhas palavras de ordem, estão invertendo o fluxo do público: não se supõe (ao menos totalmente) o que os públicos buscam, mas se busca compreender o que estes púbblicos procuram e quais as soluções que eles encontram para a ausência destes equipamentos culturais. Em Salvador, por inzêmprio, há pelo menos 12 bibliotecas comunitárias mapeadas e estudadas, consideradas pela pesquisadora Ivana Lins, em seu trabalho de mestrado, como "espaços alternativos de leitura" - não se constituem como bibliotecas, embora funcionem como espelhos. Estes espaços, além dos inúmeros grupos comunitários de teatros, teatros improvisados, gurpos de teatro de rua (este missivista trabalha com dois grupos de teatro, resslato que são grupos periféricos e conhece pelo menos 50 grupos, sendo que Salvador dispõe de, no máximo, 40 teatros, e destes, apenas 20 estão em plenas condições de funcionamento e apenas 10 possuem programação constante), promovem, nas periferias e bairros afastados do corredor cultural da cidade, o acesso a bens e serviços culturais. Lembrando que o volume demográfico das periferias é sempre superior ao do centro. Deste modo, as biblitecas públicas seguem em silêncio, assim como teatros e museus. Elas são bens imensuráveis para todos, dominadas pelas classes médias, porém, utilizadas por poucos. São templos sagrados... o problema é que nem todos são religiosos.
Como isso afeta a (baixa) uilização das bases de dados pna pesquisa? O acesso a universidade aumentou vertiginosamente, porém, sabemos que a maioria das escolas não dispõe de biblioteca, e quando dispõem, não possuem um profissional capacitado na gestão. Muitas possuem biblitecas fechadas, algumas são espaço de castigo, inclusive. Portanto, a maioria dos universitários sequer entrou em uma biblioteca escolar, e olha que se formos falar em bibliotecas públcias o número é ainda mais alarmante! Então sem saber usar uma biblioteca (sobretudo com as funções avançadas de recuperação de informação conseqüentes da catalogação eletrônica), como saber utilizar bases de dados como o portal de documentos da capes e o scielo? Continua uma coisa meio maçônica, quando é algo tão trivial quanto comprar tomate em feira livre. E até nesta situação tem quem vire pavão pra dizer que sabe usar e, efetivamente usa, estas bases e quem fique constrangido de não saber usar e...
... aqueles que nunca ouviram falar!
Vira e mexe recebo por e-mail uma mensagem dizendo que o governo vai fechar o Portal da Capes por falta de utilização... sob este prisma as bibliotecas também deveriam ser fechadas! Ambos vão continuar funcionando. Mas dependemos dos profissionais pra quebrar esta imagem cristalizada que envolve o acesso à informação. Além do portal da capes há inúmeros portais de e-books, bases de literatura, mangás (?), HQs(!!!!!)... e todos são parcialmente utlizados... em parte pela baixa instrumentailização e pela falta de informação prévia dos instrumentalizados... a web 2.0 tá aí! Mas se não resolvermos os problemas da 1.0 vamos chegar na 10.9 com os mesmos problemas elementais e os erros crassos!
Confiram os sites do IBICT, Portal de Periódicos Capes, Sieclo e no site da bibliotece de sua IES (faculdade, centro universitária ou universidade), as bases de dados, procure um bibliotecário, se ele for bom, saberá te informar e te ajudar!


Não sou uma traça de livro... ou sou?
Sou um vírus que vaga pela internet, isso sim!
Até breve!

Studio !K7 Records #2

quinta-feira, abril 10, 2008

Continuando a sessão especial sobre a gravadora Studio !k7 Records, hoje eu vos apresento a Koop! Divirta-se, minha querida patuléia leitora!



Koop é o nome da dupla sueca de jazz eletrônico (também conhecido como "nu jazz" ou "new jazz") formada por Magnus Zingmark e Oscar Simonsson . A banda (que inclui ainda a vocalistaYukimi Naganocombina) trabalha com os elementos básicos do jazz combinados com recursos da música eletrônica (a faixa "Soul for Sahib", do album "Waltz for Koop" é um bom exemplo disso), percussão (alguns que beiram em incursões tribais), sintetizadores, samples, ritmos latinos e ainda flerta com a bossa nova (nas faixas "Summer Sun", do album "Waltz For Koop", e "The Moonbounce", do disco "Islands for Koop", encontramos referências ao estilo de Tom Jobim e Sérgio Mendes).
Além dos três discos lançados pela gravadora Studio !K7, a dupla já participou de vários projetos, contribuindo com remixes de gravações de outros artistas, destacando-se, dentre eles, a faixa "Here's That Rainy Day", de Astrud Gilberto, lançada na compilação "Verve Remixed". O som é bastante agradável e vem na medida certa, nada de exageros experimentais, destaque para a faixa "In a Heart Beat", do album "Waltz for Koop" e "Drum Rythm", do album "Islands for Koop".


Confira aqui Waltz for Koop (rapidshare)











Confira aqui Islands for Koop (rapidshare) - TÁ NO AR E NOVO!











Discografia:
1997 - Sons of Koop
2002 - Waltz for Koop
2003 - Waltz for Koop - Alternative Takes
2006 - Koop Islands
Mais informação? Conheça o site oficial da banda www.k-o-o-p.com e proveite para conhecer também o perfil da banda no site myspace aqui

Os próximos da lista já fizeram até show no Brasil: Hot Chip e Erlend Øye (de quem eu falo tanto!). Aguardem o post, ó mortais!

Especialistas dos EUA encontram mais antiga gravação de voz

28/03/2008 - 17h05
Por Will Dunham

WASHINGTON (Reuters) - Historiadores dos registros sonoros norte-americano localizaram e conseguiram executar a gravação de uma canção folclórica realizada por um inventor francês em 1860 --a mais antiga gravação de som conhecida, realizada 17 anos antes de Thomas Edison inventar o fonógrafo.

"É mágica", disse David Giovannoni, um dos historiadores, na quinta-feira. "Como ouvir um fantasma cantando."

Com duração de 10 segundos, a gravação mostra uma pessoa cantando "au clair de la lune, Pierrot repondit" ("à luz da Lua, Pierrô respondeu"), parte de uma canção francesa, de acordo com o First Sounds, um grupo de historiadores do registro sonoro, engenheiros de gravação, arquivistas de áudio e outros profissionais dedicados a preservar as mais antigas gravações sonoras humanas.

A gravação foi realizada em 9 de abril de 1860 pelo inventor parisiense Edouard-Leon Scott de Martinville, em um aparelho que ele chamou de "fonautógrafo", que gravava ondas sonoras em uma folha de papel escurecida pela fumaça de uma lâmpada a óleo, disse Giovannoni.

O pesquisador disse ter sido informado em 1º de março sobre a existência do registro, em um arquivo de Paris, e viajou à capital francesa uma semana mais tarde. Especialistas que trabalham com o grupo First Sounds então transformaram as ondas registradas no papel em sinais sonoros.

"Isso é importante em tantos níveis diferentes," disse Giovannoni em entrevista telefônica. "Não reduz de maneira alguma as realizações de Thomas Edison. Ele continua a receber crédito como a primeira pessoa a ter registrado sons por meios mecânicos."

"Mas a verdade é que ele foi a primeira pessoa a registrar som e conseguir reproduzi-lo. Havia muita gente trabalhando em projetos semelhantes ao de Scott, entre as quais Alexander Graham Bell, que realizou experiência com representações visuais do som antes que Edison inventasse um método de reproduzir os sons registrados", disse Giovannoni.

A gravação será apresentada na sexta-feira em uma conferência da Association for Recorded Sound Collections, na Stanford University, Califórnia, disse Giovannoni. A gravação pode ser ouvida em www.firstsounds.org/press/032708/index.php.

fonte: uol música

Poesia para descontrair

domingo, abril 06, 2008

A sonhar eu venci mundos
Minha vida um sonho foi.
Cerra teus olhos profundos
Para a verdade que dói.
A Ilusão é mãe da vida:
Fui doido, e tudo por Deus.
Só a loucura incompreendida
Vai avante para os céus.

fernando pessoa

Nos embalos do dia internacional do teatro

terça-feira, abril 01, 2008

No dia internacional do teatro e do circo, além da infinidade de espetáculos realizados em todo país para celebrar o dia, contamos com uma infinidade de manifestações quanto às questões públicas da cultura, e principalmente uma grande manifestação que partiu da área do teatro contra o maior mecanismo de financiamento cultural do país: a famigerada lei rouanet.
O mecanismo acumula queixas, questionamentos e reclamações quanto a sua eficiência, eficácia e efetividade desde sua promulgação e de suas primeiras ações. No ambiente acadêmico encontramos - não apenas no campo cultural (ou da econômia e políticas da cultura), mas também no das artes (teatro, principalmente), gestão, comunicação, saúde (?), biblioteconomia e ciência da informação, só para citar os que eu conheço, tem muitos outros, pode ter certeza... e se você tiver curiosidade coloca no "google scholar" ou no portal de periódicos da capes - um volume extenso de pesquisas sobre a principal forma de financiamento público da cultura no país. Sabemos que o setor cultural possui um potencial econômico significativamente elevado, potencial de movimentação financeira, geração de empregos (direta e indireta) transferência de capital e fácil associação com outros setores econômicos. Uma programação cultural qualquer, por inzêmprio um show de samba-de-roda, atrai uma determinado quantidade de pessoas (a audiência do tal evento!), portanto, junto com eles vêm aqueles prestadores de serviço que todos conhecemos: o vendedor de cachorro-quente, churrasquinho, uma barraca de capeta (hahaha), uma outra de bebida, vendedor de balão, bicho de pelúcia, vendedor de cerveja etc, etc... estamos cansados de ver isso no carnaval, né? Mas notem que eu me referi a um evento cultural de samba-de-roda, uma manifestação que, supostamente, não é tão grande (resguardem as devidas proporções, por favor!) quanto o sambinha do recôncavo, de caboclo ou da zona rural. Nesse caso específico, trata-se de um evento em um bairro, movimenta-se a economia do bairro. Esquecendo os empregos indiretos (a maioria dos empregos gerados pela cultura, por sinal... sim, e quando eu falo de indiretos eles podem ser formais ou informais...), temos os empregos diretos que compõem a extensa cadeia produtiva da cultura: os técnicos de som e iluminação, eletricistas, produtores, artistas, roadies, assessores de comunicação e imprensa, fotógrafos, operadores de câmera, demais staff members que eu costumo chamar de "pessoas que definitivamente lutam a batalha da cultura: montam e desmontam o palco, carregam os equipamentos de som, os equipamentos de luz (e acreditem, eles não são NEM UM POUCO LEVES!). Isso só para citar um evento pequeno! Então temos uma cadeia pra lá de complexa... como diria Caetano, "o segredo nem eu mesmo sei". Mas porque eu falei tudo isso mesmo? Para ilustrar o segmento da economia cujo principal suporte é lei rouanet (grosso modo, é mecanismo de renúncia fiscal para patrocinadores culturais). A grande queixa se dá sobre a efetiva participação e mediação da lei e do Estado diante das produções e projetos financiados por meio da lei. Outro ponto que sempre polêmico são os critérios adotados pelo ministério para aprovar ou rejeitar um projeto... temos aquelas famosas discussões.... como o "milagre é muito recente", não tenho tempo de organizar as idéia e participar de modo mais consistente da discussão (hoje, pelo menos), coloco os textos que estão no centro das atenções... mas vou me pronunciar depois que eu ler tudo com calma, you don't have to worry about that!

No último dia 27 vimos uma grande manifestação da área teatral, atacando a dita lei. Como conseqüência temos um artigo do queridíssimo Juca Ferreira (o nosso Dalai Lama!!! Sem piadas, tô falando sério!) e de Celso Frateschi publicado com nomes diferentes: o primeiro foi publicado no JB online (já coloquei aqui no blog, inclusive!) e na Folha de São Paulo. Como resposta, ou melhor, como continuação do debate, temos dois artigos publicados na revista eletrônica Cultura e Mercado abaixo.

Discuta, opine, participe, sugira, participe também da ação! Não recrame por recramar, não foi por isso que seus pais te mandaram para os melhores colégios internos da Suíça, conservatórios parisienses e melhores universidades britânicas!


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Boa leitura!
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O Estado contra a Lei Rouanet
31/03/2008 Julinho da Adelaide Sobrinho

Semana passada vimos publicar o mesmo artigo com duas versões, dois títulos e um só conteúdo. O primeiro, no Jornal do Brasil, retumbava: “O teatro não é inviável economicamente”. Seu autor, Celso Frateschi, presidente da Funarte.

O outro traz a assinatura conjunta deste com o secretário-executivo do Ministério da Cultura, Juca Ferreira, e é publicado na Folha de S.Paulo sob o título “Incentivo ao Teatro?”. O motivo é a comemoração do dia do teatro.

Com as mãos abanando diante do caos vivido pela produção teatral, vieram a público colocar a culpa pelos desmandos à Lei Rouanet, da falta de público à diminuição das temporadas. Só faltaram pedir o pescoço dos governantes, diante do descaso do mecanismo governamental em relação às necessidades das artes cênicas brasileiras.

Quase nos fizeram acreditar que o problema da lei é a própria lei, como se tivesse pernas próprias e não dependesse de governo para seguir o caminho correto, ou desejável. Cinco anos de poder foram necessários para descobrir verdadeiros exus: empresas e produtores culturais que lucram com a lei. A pena para a doença, matar o doente. Em português claro: acabar com a lei.

Mas como pode a Lei Rouanet ter esse poder todo se ela é tão-somente um mecanismo de estímulo ao investimento privado? Convenhamos que qualquer julgo além do seu campo de atuação constitui mera (ir)responsabilidade interpretativa de quem escreve, ou simplesmente assina, o petardo. O que espanta é o próprio poder público incitar uma visão equivocada da lei. Com que objetivo?

Vale lembrar que o teatro, assim como todas as outras artes, está órfão de políticas públicas. O MinC optou, já em 2003, por extinguir as secretarias chamadas finalísticas (música/artes cênicas, patrimônio/museus, livro e leitura), dando prioridade apenas para o audiovisual. No lugar, ampliou o escopo do Ministério e passou a dar prioridade para questões como Tv pública, propriedade intelectual, cultura digital, diversidade cultural. Apostou na transversalidade em detrimento da política setorial.

Amplamente aplaudida e reconhecida no Brasil e no mundo, as políticas propostas por Gilberto Gil carecem ainda de ações programáticas que as sustentem. Sem uma política transversal consistente (e que vá além do discurso) corremos o risco de perder o velho e não ganhar o novo.

Como pode o artigo do MinC vociferar: “não devemos propor o novo sem entender o velho”, se ele próprio não consegue dar conta do maior e mais eficaz sistema de financiamento à cultura que o Brasil já teve?

A Lei Rouanet tem problemas, todos sabemos. Já eram sérios e graves em 2002. Com a inabilidade deste ministério em resolvê-los, a Lei transformou-se numa bomba-relógio, pronta para estourar nas mãos do ministro Gilberto Gil. Como não está disposto a aceitar o fardo, o MinC quer colocar o problema da lei no colo do “mercado”, das empresas que se promovem e lucram com a lei. Como se o MinC não fosse o único órgão responsável por seu destino e gestão.

A Lei Rouanet é acusada de causar distorções no mercado cultural desde aquela campanha presidencial. Artistas carentes foram ao Canecão pedir socorro a Lula, pois a cultura estava sendo privatizada. Desde então o MinC realizou uma série de viagens com todo o seu gabinete para os quatro cantos, prometendo mudanças e ouvindo o que já sabíamos. Três anos depois, decretou mudanças cosméticas, sem efeitos práticos.

O que os fogos de artifício escondem é que a causa de tais distorções não está na lei, mas sim na falta de políticas mais amplas, tanto para as artes quanto para o mercado, que quer e precisa crescer e exige um conjunto de ações mais adequadas ao empreendedorismo e ao lucro (sim, avisa lá que somos capitalistas).

Mas estamos longe de alcançar uma realidade em que o Ministério da Cultura comemore o crescimento e o sucesso econômico de empresas culturais, dando-lhes o suporte necessário para empregar gente, recolher impostos e ajudar a financiar a rica diversidade cultural do Brasil.

Um mecanismo de financiamento privado não pode ter a responsabilidade de compensar a falta do Estado, mais ausente do que nunca. Em termos de financiamento público, a própria Lei já abarca mecanismos de compensação, como o Fundo Nacional de Cultura, que sempre foi acusado de ser uma caixa-preta. Hoje continua na mesma situação, com um volume insuficiente de editais, que continuam sem transparência, geridos e definidos por grupos que sustentam o poder e a ideologia do MinC.

Parece haver um entrave ideológico a ser superado pelo MinC. A Lei foi criada com base num princípio liberal, de que a sociedade (incluindo o mercado) teria condições, por si, de regular a lei. Mas como pode a sociedade saber o que é bom para a sociedade, se existe um grupo de pessoas privilegiadas com esse dom supremo?

Então o Governo faz de tudo para exercer comando sobre os projetos, interferindo diretamente na comissão que os aprova, gerando burocracias para segurar o que não lhe convém e facilitar o que considera alinhado com a “atual política”. E faz de maneira inábil, truculenta. Mostra-se cada vez mais perdido com a situação, chegando a implementar e mudar diretrizes e procedimentos como quem troca de roupa.

O Estado foi incapaz de incorporar a Lei Rouanet como política pública, deixando-o ao prazer do mercado. A primeira reunião que o MinC fez com as empresas patrocinadoras foi em 2007. Ainda assim para cobrar, não para orientar, dar diretrizes, ou declarar uma política clara para o investimento privado. Isso é um contra-senso, já que a aplicabilidade da lei está intimamente ligada à ação das empresas.

Este governo trata a lei como um filho bastardo, fruto das andanças do Estado com o mercado. Não o reconhece como um potente instrumento de financiamento à cultura. E por não o acolher, age contra ele. E por ele é consumido, pois não consegue formular alternativas para o aniquilar, substituir ou complementar.

Por outro lado, a lei foi apropriada pelo mercado. Empresas a utilizam como estratégia de comunicação. Isso não é uma distorção em si, e não é um mal em si. É apenas conseqüência do abandono do mecanismo como ingrediente de política cultural que dialoga com o capitalismo em que está (indesejavelmente) inserido.

Vendo-se incapaz de atuar na lei pela via do diálogo, o MinC passou a criar um arsenal de regras e burocracias, desenvolvidas com o objetivo único de tornar o instrumento moroso e ineficaz. A estratégia é esvaziar a lei, como fez Celso Frateschi em sua gestão municipal em relação à Lei Mendonça. Repete a dose à frente da Funarte, responsável por conceder parecer técnico à Lei.

Como resultado disso, criou-se um mercado paralelo de aprovação de leis dentro do próprio ministério, que atuava (ou atua?) no sentido de quebrar os bloqueios criados por este governo. A ação resultou no final de 2007 na prisão de uma quadrilha pela Polícia Federal. Um tiro no pé.

O mercado agora prepara ofensiva. Vários movimentos estão se formando pelo Brasil afora em defesa dos direitos culturais e liberdade de expressão, consagrados por nossa Carta Magna e pela própria Lei 8.313/91.



Aplacados pela censura e pela perseguição, os autores deste artigos protegem-se sob o codinome Julinho da Adelaida Sobrinho, um parente fictício de Julinho da Adelaide, heterônimo de Chico Buarque de Holanda, criado para fugir da censura dos tempos difíceis da ditadura, que insiste em nos rodear.

fonte: Cultura e Mercado

Incentivo ao debate
31/03/2008 Carlos Minuano

Principal mecanismo de financiamento à cultura no país, a Lei Rouanet, que já acumula desde sua promulgação em 1991, um extenso histórico de polêmicas e debates, volta ao centro de nova discussão – e o estopim desta vez veio do próprio Ministério da Cultura (MinC). Em um controverso artigo "Incentivo ao Teatro" publicado no jornal Folha de S. Paulo, o secretário-executivo do MinC, Juca Ferreira, e o presidente da Funarte, Celso Frateschi, questionam a eficiência da lei e destacam distorções em seu uso.

O texto aponta uma suposta redução da atividade teatral e em paralelo o crescimento nos lucros dos produtores, após quase vinte anos da lei. Outra crítica ataca ainda a suposta concentração das produções na região sudeste. A classe teatral e artística não demorou a reagir contra o artigo, também publicado pelo Jornal do Brasil – curiosamente assinado apenas por Frateschi.

Ao afirmar que o problema está na ganância dos produtores, o artigo coloca no mesmo nível produções milionárias e alternativas, observa Paulo Pélico, diretor-secretário da Apetesp (Associação dos Produtores Teatrais do Estado de S. Paulo). "A crise a que se referem é muito anterior à lei, vem desde a década de 80". Para Pélico, os motivos são vários, mas destaca a falência da educação no país. "Falta repertório para entender Shakespeare, Nelson Rodrigues, e tantos outros".

O fato é que já se tornou praxe atacar a Lei Roaunet, seja por parte do governo ou do mercado. Entretanto, apesar dos golpes chegarem dos dois lados, ambos continuam a se valer dela. Durante a campanha de Lula à presidência, em 2002, a lei foi acusada de provocar deficiências no mercado cultural. Apesar das viagens pelo país, dos debates e das promessas reafirmadas por seis anos, as esperadas mudanças no incentivo não aconteceram – com exceção de um decreto em 2006, que não avançou em questões fundamentais.

Pélico defende uma reformulação efetiva que recupere, sobretudo, as três dimensões da lei: o mecenato, para parcerias público-privadas, o Fundo Nacional de Cultural (FNC) para os projetos sem visibilidade comercial e o Fundo de Incentivo Cultural à Arte (Ficarte) para as grandes produções. "Quem sabe acabamos com discrepâncias como o Cirque du Soleil disputando recursos com os grupos independentes da praça Roosevelt".

No momento três projetos de lei sobre o tema encontram-se em trâmite, o PL que cria a Lei Geral do Teatro que pretende estender fomento municipal paulista em âmbito federal; o da Secretaria de Teatro, para criação de agência nacional do setor, equivalente a Ancine – que deve seguir para o senado ainda nesta semana e, por último, o PL da Lei Geral das Artes, de autoria do próprio Frateschi, suposta alternativa à Lei Rouanet.

Gestão problemática

Em 2006, a Policia Federal prendeu um grupo que cobrava propina no MinC para acelerar trâmite de projetos que pleiteavam incentivo da Lei Rouanet. Os problemas, no entanto, não cessaram com a prisão dos acusados. Pélico reclama que o funcionamento, tanto do MinC quanto da Funarte, permanece caótico. "Sei de casos em que projetos desapareceram seguidas vezes, incluindo cópia e cópia da cópia", conta. "É o ambiente perfeito para a corrupção".

Apesar do cinema ter permanecido às margens da polêmica – aliás, outro aspecto criticado no episódio – na opinião do diretor José Joffily ("Quem Matou Pixote?", "Dois Perdidos Numa Noite Suja") o problema não está no incentivo, mas na falta de uma legislação que consiga inibir o lobby dominante do setor. Segundo ele, se o estado tivesse força de legislar sobre emissoras concessionárias não haveria espaço para essas distorções apontadas pelo governo e por produtores.

"Não precisaríamos ser socorridos pelo estado por meio de incentivos se os canais de televisão tivessem que terceirizar conteúdo e produções, pois a demanda seria bem maior". O problema da distribuição dos produtos audiovisuais poderia ser também atendido por parceria com as emissoras, ressalta Joffily

fonte: Cultura e Mercado

Cola na lei rouanet, patuléa!!!

"O teatro não é inviável economicamente"

Celso Frateschi
especial para o jb

O teatro no Brasil celebrou o seu dia internacional (27 de março) unido na insatisfação quanto aos mecanismos de financiamento e dividido quanto às possíveis soluções desses impasses. Entre essas soluções, tramita no Congresso um projeto de lei que cria a Secretaria Nacional de Teatro, para apressar o fluxo dos pedidos de financiamento via renúncia fiscal, que seria ainda mais facilitado por um mecanismo semelhante à Lei do Audiovisual, que permite o abatimento de até 125% sobre o valor financiado.

Seguindo uma máxima de que não devemos propor o novo sem entender o velho, sob o risco de o novo já nascer envelhecido, sugerimos a análise da eficiência e da eficácia dos mecanismos vigentes, uma vez que esta nova proposta se baseia nos mesmos princípios da Lei Rouanet, que todo mundo quer mudar.

O principal objetivo da Lei Rouanet é estimular a economia da cultura, proporcionando aos cidadãos brasileiros maior acesso à cultura produzida em nosso país. No entanto, antes da lei, as temporadas de nossos espetáculos tinham de seis a oito sessões semanais. Hoje são duas a três sessões por semana. Por que percebemos essa radical redução?

Muitos alegam que não há mais público para longas temporadas. Se isso é verdade, como parece, é mais um motivo para questionarmos o mecanismo atual. Ao cabo de quase duas décadas de aplicação da Lei Rouanet, a atividade teatral diminuiu, pelo menos em termos relativos. O número de produções cresceu, mas elas estão cada vez mais concentradas na Região Sudeste. Como explicar o aparente paradoxo?

Cabe registrar que a atividade teatral, segundo dados do IBGE, é desenvolvida em 2.220 municípios brasileiros, quase metade dos municípios do país. No entanto, durante todos os anos de vigência da Lei Rouanet, apenas algumas dezenas deles foram atendidas – 80,3% dos recursos se concentram no Sudeste, principalmente em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Quase todos os recursos da Lei Rouanet para o teatro são aplicados na montagem do espetáculo e na manutenção de uma temporada cada vez mais curta. Por quê? Não seria porque o empresário, que visa ao lucro – e é natural que seja assim – foi induzido a produzir cada vez mais montagens, ao perceber que o seu lucro não vem da bilheteria, o que seria desejável numa economia saudável, mas está embutido no processo de produção? Se a razão de ser do espetáculo não é mais o público, que sentido pode existir nesse teatro?

O teatro movimenta um número cada vez maior de recursos da Lei Rouanet: R$ 44.376.571 em 2000 e R$ 107.967.652 em 2007. O preço do ingresso é cada vez mais caro, chegando a custar um salário mínimo, e aí chegamos ao limite de um espetáculo, financiado com dinheiro do cidadão, ter o ingresso mais caro do que o salário de quem o subsidia.

Pode-se alegar que o teatro não se auto-sustenta economicamente e que sempre precisará de subsídios. Um exemplo de que isso nem sempre é verdade é o caso de um proponente que, em cinco anos, captou mais de R$ 40 milhões. As montagens foram sucessos retumbantes e geraram lucros significativos. Não obstante, a companhia sempre requisitava, a cada montagem, mais recursos. O último pedido, negado pelo Conselho Nacional de Incentivo Cultural, chegava a R$ 27 milhões. Isso sugere que o teatro pode dar lucro e que esse lucro pode estar sendo aplicado em outros setores da economia. O teatro, ao menos para alguns, não é inviável economicamente.

Com a Lei Rouanet, os orçamentos públicos para a área de cultura escassearam, com exceção do federal e de raros casos estaduais e municipais. A distorção chega ao ponto de TVs públicas, orquestras sinfônicas, o Sistema S e até a Funarte precisarem usar a Lei Rouanet. Alguns produtores argumentam que os mecanismos vigentes protegem a produção dos humores do orçamento público, mas os valores aprovados para captação crescem ano a ano e os valores captados, que dependem dos orçamentos das empresas, tiveram uma grande queda no ano de 2007.

O teatro não é apenas uma atividade econômica. É uma forma de expressão e de construção de conhecimento, que engrandece o cidadão na sua humanidade e sociabilidade. É uma arte pública e possui na sua própria essência o ato político da cidadania. É um exercício de liberdade que expõe, pela representação, o homem em suas relações, num ato ao mesmo tempo individual e coletivo.

Comemoramos o Dia Internacional do Teatro com velhas angústias e velhas e novas esperanças, mas com ânimo renovado para o debate e para a busca de soluções , que atendam ao teatro não apenas como atividade econômica, mas também na sua dimensão simbólica e como direito do cidadão.

[ 30/03/2008 ] 02:01

fonte:
JB Online (http://jbonline.terra.com.br/editorias/cultura/papel/2008/03/30/cultura20080330009.html)