Em tempos de diversidade cultural... II

terça-feira, outubro 21, 2008

Olá meus caros, a agência de notícias Baiano Nagô Press traz mais uma aventura (ou talvez, quem sabe, a sua mais nova desventura) de nosso querido missivista provinciano...


Na verdade seria uma série de desventuras...

Bom, a primeira aconteceu há aproximadamente uma semana. Na verdade, para narrar o acontecido, é preciso que eu volte um pouco no tempo (sim, tudo começou há um tempo atrás, na Ilha do Sol), cerca de 5 anos.

Na minha 4ª semana de aula eu comecei a estagiar em uma ONG aqui de Salvador chamada Expogeo, mais conhecida pelos seu curso de inglês e pelos congressos de meio ambiente que realiza (e que eu tive a oportunidade de trabalhar, por sinal), acompanhei uma pessoa de lá para um lançamento de uma coletânea (uma espécie de antologia poética de autores baianos, a maioria iniciante, desconhecido, ou poeta nas horas vagas), coisa que por sinal sempre acontece e, na maioria das vezes, transcorre (dentro do possível) nos limites da normalidade... i

Infelizmente, esse nao era o caso... e o pior dessas situações é que não dá para rir (eu fui na casinha umas duas vezes, abri a torneira e ri um pouco, mas não era o suficiente!!), e essa impossibilidade (acrescida pela incapacidade de se libertar da situação) nos causa uma aflição sem tamanho aumentando ainda mais as proporções do problema e a nossa sensiblidade diante do ridículo, da galhofa e da patifaria. Não sei quanto aos outros livros e seus respectivos lançamentos, mas esse me torturou por quase 2 horas, primeiro porque eu saí da faculdade e fui direto para o estágio (meu almoço? Uma água de coco, uma maçã, uma banana e o coco).

Quando deu meu horário, recebo o convite da atual diretora (ou presidente) para um "evento" com (tcharam!!!) boca livre... com a fome que eu tava, a proximidade do lugar e ainda era um lançamento de livro, estava tudo caminhando muito bem... ah, se eu soubesse... lá eu vi de tudo, desde rasgação de ceda, poetas recitando enquanto múmias dançavam flamenco, um poeta inflamado bradando que "POESIA! POESIA! POESIA! E NÃO MARESIA! MARESIA! MARESIA! QUE SERIA? QUE SERIA? QUE SERIA? EU VOU COMER POESIA! VOU VIVER POESIA"... bom, daí para as palavras de ordem, eu, que quase dormi escutando a rasgação de seda, tive a primeira amostra do quão longa e torturante seria a tal festinha estranha de gente esquisita...

O fato é que, acabado o recital (ou seja lá o que era aquilo), eu estava mais ou menos refeito e viria a minha recompensa: o bufê!!! Que foi uma lástima... paõzinho dÉlicia, refrigerante frevo e uns canapés bem sem graça... e não pense que era em qualquer lugar daqui não, era em um espaço nobre da cidade e os tais poetas pertencem ao segmento mais abastado da nossa pequena província baiana... Sei que saí de lá na revolta, e no dia em particular eu tava duro que tava uma beleza, então fui revoltado pra casa: não podia rir da situação, não curti a situação e nem comi, pronto! Uma total "perca" de tempo, como diz os povo esperto...

O fato é que fiz uma cruz, e lá não mais pisei, bem como passei a ser criterioso com os eventos que eu me meto e nos bufês que vou serrar (não sei se ainda está assim, mas se você está pelo centro da cidade e bateu aquela fome no juízo bem no finalzinho da tarde, dê um pulo na Caixa Cultural porque sempre tem um coquetel bacana, tem o ICBA/Goethe Institut e até mesmo, a reitoria da UFBA).
Passaram os anos e eis que lá vou eu acompanhar dois amigos que iam resolver um pepino lá com um certo editor de livros baianos, esclarecer alguns pontos em um livro que em breve será lançado. Fui sem suspeitar para onde iria (garanto!). Ao chegar lá, me lembrei do que aconteceu.
A coisa ia cair na surrealidade (dessa vez eu pelo menos teria testemunhas!!! Isso já é bom!).

A gente já chega com uma pessoa parada com um quadro nas mãos, por um tempo... já olhei e quis rir. Ouvi um "podem entrar, aqui todos são bem-vindos, a poesia chama...". Pronto e a viagem começou... Lá estava eu entre as múmias, um pesadelo vivo...

O pior aconteceu quando as pessoas foram se apresentar: um mulher que estava sentada próxima a mim foi a primeira: era a primeira reunião que ela participava e ela se dizia "emocionada e grata com a energia de amor que a guiou, que por muito ela resistiu, que mesmo naquele dia ela relutou bastante, mas estava ali para sentir e compartilhar sentimentos". Quando inquerida sobre o nome dela, eis que ela investida de sabedoria e compaixão nos brindou com a pérola de uma vida: "Eu tenho três nomes... o primeiro é Mariza Von Berg (troquei o nome para preservar), mas eu também tenho outros dois nomes... isso porque um dia da minha vida, andando pela rua, eis que eu conheci o Amor, e eu gostei tanto dele, me tocou tanto, que eu resolvi me casar com o amor, e estou casada até hoje, e por isso eu assino 'Mariza Amor'

nota do blogueiro: a essa altura eu já tinha mordido a língua e já estava mordendo os lábios, não dava para rir, saiam alguns "he-he" que eu não conseguia conter, a respiração ficou difícil e até suar eu suei!

Continuando: "Mas eu ainda tenho outro nome, eu também, andando pela vida - e depois de meu casamento com o amor - eu encontrei Felicidade... e gostei tanto que me casei com Felicidade também"

nota do blogueiro 2: tudo bem, a uma altura dessas eu já estava sentindo gosto de sangue na boca porque me feri de tanto me morder para não rir, eu já nem me mexia mais para evitar uma tragédia... meu linxamento, porque ela tava lá amando o amor e sendo feliz com a felicidade, mas ERA SÉRIO... teve gente que achou aquilo lindo, se emocionou, achou criativo até o e-mail "marizamor@gmail.com" como se fosse algo do outro mundo... então, rir, siginificava pedir para apanhar!!


Continuando 2: Assim que a tal figura com sérios transtornos de personalidade terminou sua fala (que durou pouco mais de 5 minutos, mas que me pareceram uma eternidade), quem foi convidado para se apresentar? ESTE QUE VOS ESCREVE!!! Pensei seriamente em colocar um personagem e dizer que meu nome era Cláudio, Clóvis, Alfredo, Miguel, que eu era poeta e artista plástico da aldeia "Yasha Ham", mas não tive coragem... me apresentei... "Lucas Lins... estudante e consultor de projetos culturais"... quem veio conversar comigo depois??? Ela mesmo, Mariza Amor... como é que eu ia rir?? Depois dessas, levantei umas cinco vezes, liguei para pessoas, que, por algum motivo não podiam atender os telefonemas, simulei conversas, simulei escutar piadas... tudo isso para rir e respirar aliviado... Quando eu voltei para a tal reunião (enquanto na minha cabeça a questão "que faço eu aqui neste universo paralelo até agora??") ouvi a gota d'água: "uma pena termos apenas 3 horas de encontro semanal".

Nem quis mais ouvir nada... tratei foi de pegar meus caminhos de aruanda... eu cheguei 15h20 e deveria esperar até dar 18h??? Nunca! Eu morreria até lá, ou no mínimo ia sair com a boa toda ferida... Saí de lá, enfim... depois eutomei uma cervejinha para relaxar, era miuta informação...

Já a segunda... bom, essa é um caso diferente... não é uma história cômica ou tragicômica, mas foi uma coisa que nunca fiz: ir a um show de pagode, mas daqueles roots... A experiência valeu, embora eu não sei se eu repetiria.

Lá fui eu para o Lançamento do DVD da banda FANTASMÃO!!! Lá no Wet'n'Wild - o primeiro parque aquático em ruínas que funciona também como casa de show... o palco fica na piscina e tudo... quem já foi depois que o lugar foi além da decadência sabe do que eu estou falando.

A namorada de um amigo meu (também amiga minha) está na área de assessoria de comunicação e o Fantasmão é um ilustre cliente, e durante o lançamento do DVD do show AO VIVO, recebi um convite para o tal lugar, camarote da imprensa (nossa ilustre agência de notícias estava lá marcando presença), ficava bem ao lado do palco e tudo!!

O show, na verdade era uma festa, o "I Encontro das Tribos", e além de Fantasmão, tínhamos algumas bandas locais, "O Círculo" (pop), "Adão Negro" (reggae), "Diamba" (reggae aussi) e... Racionais MC's, além de, evidentemente os anfitriões da festa: O FANTASMÃO!!!

O legal foi que percebi o quão "apaulistada" está ficando a Bahia... estava um calor considerável, mas havia um sem-número de pessoas com gorros de lã, camisas do coringão e um sotaque de "mano", "firrrmeza"? Coisas que só se vê aqui... porque se o sotaque de paulista(no) já nos soa esquisito, imagine o sotaque baiano apaulistado? Sofrível! Fora que além disso, parecia um clipe de Nelly, 50cent, Snoop Dog ou coisa parecida... bling-bling, camisão de futebol americano, boné de jogador de baseball, sneakers e, claro, uma calça folgadona... por alguns segundos eu pensei que estivesse no Brooklin e não na Avenida Paralela... Até o pagode tá mudando de nome!!!

O Círculo estava meio deslocado no tempo, no espaço e no equipamento/circuito cultural... essas coisas de banda iniciante que ainda não bombou fora do circuito cult rio vermelho (ou seja, a Boomerangue, porque até o Nhô Caldos já não mora mais por lá!)... ganharam um cachê e tocaram para meia dúzia de pessoas (das quais duas estavam na frente do palco e o restante se encontrava no camarote) e foram pra casa. Foi o melhor show da noite.

Antes do começo do show do Adão Negro, inexplicavelmente, os 12 mil pagantes resolveram entrar e entupir o lugar, era um mar de gente, um paraíso para agorofóbicos!

Ao final do show do "Adão..." ficamos sabendo que "Diamba" não cantaria, mas fora substituído por... SINE CALMÓN... que beleza... e um detalhe, a trilha sonora entre os shows era uma maravilhosa vinheta da PIATÃ FM... EMPURRA, EMPURRA, EMPURRA, PIATÃ!!!

O mais legal foi que descobri que o Fantasmão não toca samba ou pagode... faz um som muito parecido com o pagode, o chamado "groove arrastado", além de tocar "kuduro", aquele ritmo de angola que a Nara andou comentando no blog dela. Contamos com a ilustre presença de Regina Casé dançando Kuduro com Eddie... e tudo diante do dono destes olhos...

O show do Fantasmão, no entanto, não é de todo ruim, a percussão é excelente, como é costume hodierno, usam sintetizadores do leste europeu e samplers de música angolana. É bacana. As pessoas deliram, é uma maluquice só... quem guenta? O Big Ghost seria ultra-pop-cool se gravasse com a M.I.A., Mallu Magalhães, Tom Waits ou N.E.R.D...

Acabado o show deles, depois de uma performance de Regina Casé, eis que entra em cena os caras do Racionais MC's, com o alto astral de suas músicas... parecia uma cerimônia religiosa... e das brabas! haha. Ainda no início do show, propus pegarmos todos os caminhos de aruanda enquanto estava tudo calmo... e realmente estava: toda a área que não fosse a do palco estava vazia, parecia que não estava acontecendo nada, o mesmo valeu para os portões, estacionamentos e até a rua.

Saímos de lá e fomos comer alguma coisa... pelo horário avançado, já fomos atendidos como VIP - Very Insuportable People -, uma vez que o restaurante (fast food insiste em se chamar de restaurante, que cara-de-pau!!!) estava fechando...

Depois disso, fui pra casa com meu brinde (um dvd do fantasmão), caí na ducha fria e detchei.

É... agora é esperar o Muquiverão!!!


Abraços.

Lucas Lins, mas pode me chamar de Lucas Canastrice, porque um dia eu conheci a Canastrice e me casei com ela...

Em tempos de diversidade cultural...

sexta-feira, outubro 10, 2008

salvador | baiano nagô press

Clique na imagem abaixo e descubra que nesses tempos de diversidade cultural...
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... tudo é considerado como arte e cultura...























...não acham???


Se você for "arteiro(a)" demais, olha só onde você pode parar...

Não é invenção minha... está no site!!! Confira você mesmo:

http://www.bahia.com.br/localidade_servicos_categoria.asp?idc=11&pag=23&idl=4536




tsc tsc


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